22.5.07

«Quando os meninos são bonzinhos...»


De vez em quando, folheio este exemplar comprado há algum tempo na Feira do Livro.

Não conheço os actuais livros escolares - os do meu filho já lá vão e o meu neto ainda anda pelo Ruca e pelo Noddy. Mas os leitores que forem, como eu, bastante «crescidos» aprenderam a ler por este (ou por uma versão anterior, com a capa exibindo uns meninos fardados da Mocidade Portuguesa e em jeito de saudação nazi). Até quando durou o reinado deste livro único? Terá chegado ao 25 de Abril? Não faço a menor ideia.

Quem teve a cabeça moldada desta maneira aos seis anos de idade, está parcialmente perdoado para o resto da vida!





«Quando os meninos são bonzinhos
e se portam sempre bem,
se estudam nos seus livrinhos,
hão-de ver os seus paizinhos
alegres, como ninguém.»



«Sabeis, meus meninos, como podeis agradar ao vosso professor?
Ouvi:
Não façais barulho na aula.
Não deiteis papéis para o chão.
Não risqueis as carteiras, nem sujeis as paredes.
Tende os livros e cadernos sempre limpos e em ordem.
Estai com atenção. Sede amigos uns dos outros. Os alunos de uma escola devem ser como irmãos.»



«- Gostei tanto de ir hoje à escola, minha mãe! A senhora professora estava muito contente, porque inaugurou uma cantina, onde os meninos pobres podem almoçar de graça. Se visse, Mãezinha! As mesas muito asseadas, os pratos branquinhos, jarras floridas e tudo tão alegre!
A sopa cheirava que era um regalo; e todos nós estávamos satisfeitos, ao ver os pobrezinhos matar a fome(...).
Perguntei à senhora professora quem tinha feito tanto bem à nossa escola e ela responde-me: - Foi o Estado Novo, que gosta muito das crianças e para elas tem mandado fazer escolas e cantinas, creches e parques.»



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