26.10.07

A Europa e o pessimismo de George Steiner

Numa sessão de perguntas e respostas que se seguiu a uma conferência proferida ontem na Fundação Gulbenkian, George Steiner mostrou-se especialmente pessimista quanto ao futuro da Europa.

Declarou que esta «está muito, muito cansada», que «tivemos uns óptimos dois mil anos, agora devemos dar a vez a outro».

Esse outro é o Oriente, nomeadamente a Índia – de lá virão, segundo Steiner, os novos «Platões, Mozarts ou Bachs».

Não posso estar mais de acordo. Sempre que me acontece sair da Europa e pensá-la de «fora», tenho a sensação de que ainda se considera o centro do mundo, que já não é.

Há três anos, «vi», literalmente esta realidade. Depois de alguns dias em Pequim (que nunca dorme e onde circulam sempre milhões de pessoas), aterrei em Frankurt e passeei-me pela cidade, num Sábado à tarde de Novembro. Não havia rigorosamente ninguém nas ruas – uma cidade fantasma, impecavelmente engalanada para o Natal, mas rigorosamente morta. O futuro não passava por ali.

1 comments:

João Soares disse...

Lamento estar em desacordo.
"Outros locais do planeta como a China e a Índia?" Mas já têm o seu espaço, as suas incongruências, com piores atentados ecológicos de sempre enquanto hoje há uma Europa que tem feito da sustentabilidade um exemplo a este planeta...exigir mais é possível, concerteza mas George Steiner (G.S.) proferiu uma barbaridade "uma civilização que mata os seus judeus não recupera"...Não visitou o memorial em Berlim, concerteza...G.S. fique pela América e ataque outros holocaustos que não criticou: Guantanamo, o muro internacional no México, ataque a administração Bush que ainda não assinou o Protocolo de Quioto,ataque um país que mantem a pena de morte, ataque um páis oned é constitucional o uso de armas...e há muitos holocaustos no mundo... G.S.,enquanto aufere uns bons milhões de dólares e está num gabinete nada ecológico, com ar condicionado, podia sair um pouco da sua aura de eterna vítima de anti-semistimeo e demonstar mais solidairedade com estas irracionalidades tão ou mais graves que Kosovo: Darfur, Birmânia, Congo, Ruanda, Singapura, Indonésia, Tibete, povos da Amazónia, Curdos, etc....
Cumprimentos