4.6.08

A esquerda unida? (3)












Tentei assistir à festa de ontem no Trindade. Como muitas dezenas de pessoas, fiquei à porta porque os «bilhetes» já estavam esgotados – comício com bilhetes, portanto. Distribuídos antecipadamente a (muitíssimas) personalidades, que já lá estavam dentro ou iam entrando, e a uns tantos anónimos que, de certo habituados a filas de espera em centros de saúde, terão chegado bem antes da hora. À porta, exaltação mais ou menos moderada: militantes do PS de cartão em punho reivindicavam direitos, Helena Roseta acalmava as hostes e encaminhava-as para um espaço alternativo com transmissão em directo, Alegre dizia que nada tinha a ver com questões logísticas.

Um simples telefonema, entre vários possíveis, teria trazido alguém à porta e eu teria entrado – como aconteceu com tantos outros. Não por princípios (onde é que eles já vão?), mas por tédio, vim para casa e assisti pela net. Ao vivo e a cores, terá sido talvez uma festa, no ecrã foi um enfado. Ou nem por isso: fui trocando mails, atónitos e jocosos, com um amigo a muitos quilómetros de distância, o que me permite ter hoje registo de uma ou outra fase lapidar.

O jovem do Bloco fez o seu papel, by the book.
A senhora do Graal foi inenarrável. Entornou cultura em cada aposto ou continuado e fez síntese de crenças e oposições: «O governo diz-se socialista mas não é praticante, como a maioria dos cristãos em Portugal. Porque o Evangelho vivido a sério podia virar o mundo do avesso. Álvaro Cunhal dixit». Aliás, estava ali porquê? Herança monárquica do pintassilguismo? Haja deus!

Manuel Alegre, igual a si próprio, para o bem e para o mal. Grandes frases: «É preciso tirar o Estado da clandestinidade», «Contra o capitalismo, de novo o socialismo», «os valores da esquerda, a esquerda dos valores...». Contundente em relação ao PS que manda? Certamente – estava ali para isso e fê-lo sem pestanejar.

Quem ganhou? Quem poderá ganhar? O Bloco, na minha opinião, como única força mais ou menos estruturada. Quanto mais e quanto melhor reunir, à sua volta, o descontentamento das esquerdas, mais se fortalecerá. Se souber desbloquear-se, o que não é de modo algum garantido.

Quanto ao resto – o futuro de Manuel Alegre, se está ou não a posicionar-se para as presidenciais, se tem hipóteses de..., se e se... –, não sei e, sinceramente, interessa-me realmente muito pouco.

9 comments:

Anónimo disse...

até que vimos Cristiano Ronaldo, ultrapassado por alguem: Manuel Alegre.
Já estavamos fartos de ser sempre o mesmo...!
As televisões até tiveram dificuldade em introduzir o Mourinho...chissa!!!!!
Desta maneira os portugas teem motivos para não desanimar.
Haja Deus.

Anónimo disse...

Ola Joana, j'attendais tes commentaires.... merci! le peu que j'ai reussi a voir m'a rendu triste peut-etre que j'avais eu trop d'espoir...surtout Monsieur Alegre que de demagogie... que de jolies phrases toutes faites mais pas un petit mot pour assumer ses prises de positions à l'assemblee.... tant pis à suivre
Um abraço
Rosa

Joana Lopes disse...

Anónimo,
O Cristiano Ronaldo já volta - e para ficar muitos dias.

Joana Lopes disse...

Olá Rosa,
Há muito tempo que não dizias nada.

Não sabia que tinhas assim tantas esperanças no Alegre...

Abraço

Anónimo disse...

Ola Joana,

No Alegre não!! mas continuo com esperanças.... quando o ouvi e quando li os teus comentarios as duvidas que tinha ficaram esclarecidas.

Tenho tido muito trabalho mas venho aqui visitar-te regularmente, é-me necessario...

Abraço
Rosa

Anónimo disse...

Olá Joana,
De que estava à espera ?
Aquilo era uma festa para umas figurinhas e uns figurões virem a público dizer que continuam por aí.
E a conversa não passa de um conjunto de fórmulas datadas, saudosismo serôdio que mais parece uma religião secular.
Foi um fogacho que fez bem à alma de quem esteve presente e que permitiu a Alegre dizer :"que são livres para se reunirem quando quiserem".
Já dizia o outro Poeta que "o poeta é um fingidor".
Alternativas credíveis de combate às desigualdades sociais e para resolver os problemas do país - zero. Foi uma forma, com música, de enviar recados para o PS.
Augusto

Joana Lopes disse...

Viva, Augusto.

Não estava à espera de mundos e fundos, mas dei um certo benefício da dúvida.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

A Joana teve mais sorte do que eu. Não entrei, nem sabia que a festa estava ser transmitido pela net. Olhe, em alternativa saiu-me o Miguel Urbano Rodrigues entrevistado pela SIC Notícias.
Quanto aos laivos de esperanças que eu depositava num determinado discurso do Jerónimo como abertura para alianças à esquerda, andei-me a informar e parece que o discurso nunca existiu e o que foi publicado foi uma interpretação abusiva do jornalista. No Google também não encontrei referência a isso. Penso que quem tem razão é a Joana.
Um abraço

Anónimo disse...

Manuel Alegre, que conheço do tempo do antigamente, tornou-se num fala-barato imobilista.É só blá-blá-blá. Sempre foi assim e sempre foi um Narciso político.