12.12.08

Shame on you, stôres

24 comments:

Pisca disse...

Como ainda aprendi a ler fui ver a tal proposta, e está escrito o seguinte antes da pérola que foi cautelosamente pescada:

"Tendo em conta a existência de quotas e as claras injustiças surgidas no ano transacto em virtude da ausência de critérios claros e objectivos que pudessem ser aplicados"

se juntar tudo, parece-me que fica um bocadinho diferente, ou não será ?

Claro que até se pode torcer tudo até que nos convenha

Joana Lopes disse...

Caro «Pisca»,

1- Aconselhei a leitura do texto na íntegra.

2-Quanto ao que a sua citação acrescenta:
-Eu sou absolutamente A FAVOR DA EXISTÊNCIA DE QUOTAS, porque não há avaliação justa e capaz sem que existam - fala quem com elas avaliou e foi avaliada desde 1970, imagine!!!
- Admito que os critérios não fossem claros, mas pretender sunstituí-los por auto-avaliação só pode ser entendido como proposta humorística.

Dito isto, nunca ninguém leu neste blogue uma defesa sem reservas do braço de ferro do governo.

Anónimo disse...

Quais são as vantagens das quotas na avaliação? Para quem? E desvantagens, há algumas?
Mais algumas perguntas em:
Escola Pública: algumas perguntas sobre o problema que estamos com ele.

Pisca disse...

Sobre a questão das quotas, apenas posso dar a minha experiencia.
Um Supervisor batia-se com os outros, para num universo de 20 pessoas poder ter 2 excelentes, não que os merecessem, mas se ele tivesse 2 excelentes, teria mais chances de poder ser num conjunto de 5 supervisores, um dos excelentes, claro que o Director queria ter outros tantos supervisores excelentes, porque assim ele também seria excelente, e por aí fora.
Sem querer baralhar mais as contas, mais que ser ou não ser/ter ou não ter excelentes, quem classificava olhava apenas para o seu umbigo.
12 anos desta trêta, numa das maiores corporações do mundo, quem melhor argumenta-se melhor se colocava.
Se eram ou não excelentes, isso nem conta.
Resta dizer que à partida diziam logo que só podia haver X excelentes, claro

Joana Lopes disse...

Pois o problema está precisamente em reduzir-se tudo a «vantagens» ou «desvantagens».

A existência de quotas, em qualquer sistema de avaliação que se preze, é uma simples regra de bom senso e de justiça. Claro que, como toda e qualquer aplicação de percentagens, tem de ter em conta uma população com uma dimensão adequada e pode haver casos excepcionais que devam ser tratados como tal - aí, só experiência poderá limar arestas.
Mas, ou ainda estamos na idade da pedra em que não damos crédito a estatísticas, ou não é «normal» (tecnicamente falando) que existam muitos Excelentes e poucos Regulares. Ou o universo dos professores é feito sobretudo de génios e santos, o que, manifestamente, não é o caso...

Portanto e voltando à sua pergunta: «vantagens», sim, para os necessariamente poucos Excelentes que assim verão reconhecida a sua quailidade e o seu esforço.

Joana Lopes disse...

Pisca,
Só está a dizer-me, embora não seja provavelmente essa a sua intenção, que esses professores são uns «malandros» dos quais não se pode esperar um mínimo de honestidades e que se impõe uma supervisão férrea e centralizada de todo o processo... É isso?

Pisca disse...

Joana
Está a tentar colocar o que nunca disse, ou o mais certo é não ter sido claro, erro meu então.
Quem acha que os professores são uma "professozecos" é o Sinistério.
Quanto às regras perfeitas baseadas no bom senso, já dei para esse peditório há muito tempo.
Agora não me queiram fazer ainda mais burro do que sou, virem-me dizer que uma qualquer classe é uma chusma de indigentes e incapazes, logo só há uma forma de os tratar, "abaixo de cão" e "porrada em cima deles", por favor.
Tem sido norma desta coisa/dito Governo, iniciar qualquer acção com uma campanha de rebaixamento da classe alvo, para depois aparecer como o moralizador da corte e o salvador da Pátria.
Claro que os Bancos e Banqueiros estão isentos deste imposto

Pisca disse...

Só uma nota final, qualquer avaliação nunca é justa, se nos classifica menos bem, e é perfeita se nos classifica acima do que esperariamos, é humano.
Por outro lado, avaliar os outros, porque é sempre um acto subjectivo, será sempre condicionado por multiplos factores, muito para além da quantidade pregos pregados ou não.
Não conheço avaliações perfeitas, e muito menos modelos que se apliquem tipo chapa, como este caso.
Agora quando a esmagadora maioria o rejeita, quando o dito modelo perfeito já foi revisto e revisto e aparado, por tudo o que é lado e mesmo assim não o querem só podemos concluir uma de duas coisas.
Ou quem o quer à força é mesmo burro ou é pago para isso e bem, ou o que se apresentam não tem nada a ver com aqueles quem se dirige e o erro é mais que evidente, excluindo os cegos, surdos e mudos

Anónimo disse...

Parece-me que se está confundindo progressão na carreira com a avaliação do desempenho. A progressão, o patrão regula como bem entende e fixa as quotas que quiser para a promoção a cada um dos escalões seguintes, porque é ele que irá pagar os ordenados maiores dos promovidos. A avaliação do desempenho é também ele que a impõe, para saber a qualidade do trabalho de cada empregado e para ter a garantia de que os promovidos são os melhores. Mas querem que os resultados da avaliação fiquem dependentes de quotas previamente fixadas pelo patrão? Essa é novidade. Julguei que os resultados da avaliação derivavam da qualidade do trabalho dos empregados e não da vontade do patrão.

Para que andam a falar em avaliação rigorosa e fiável se os seus resultados, as classificações de Exc., MBom e Bom, por exemplo, têm de ser adaptados a quotas previamente fixadas, de modo que não as ultrapassem? Será que as pessoas que escrevem estas coisas na lei da avaliação, e as que as cometam aqui e noutros sítios, perderam todo o discernimento? Será que não compreendem que a progressão está dependente da avaliação, mas esta não está dependente da progressão?

Estes modos de pensar acabam sendo surrealistas. Quem assim pensa, por um lado, desconfia da probidade e da competência dos avaliadores escolhidos pelo patrão para fazerem avaliações rigorosas e fiáveis; por outro lado, acha que a fixação prévia de quotas é o garante da fiabilidade da avaliação. Não seria melhor substituírem os avaliadores pelos fixadores das quotas prévias? Ao menos, estes, por qualquer dote adivinhatório, já sabem antecipadamente as proporções em que se distribui a qualidade do trabalho dos empregados. Fácil lhes seria também assinalarem quem tem as diferentes qualidades. Assim, o problema ficava resolvido e os pensadores ficariam muito mais descansados…

E ainda se fala da qualidade dos políticos, dos banqueiros e de outros que tais… A pensar assim, este país vai lindo!

CL.

Paulo Topa disse...

Boa noite.
Recebi hoje do meu sindicato a proposta apresentada pela Plataforma e consta o seguinte ponto:
"Procedimento de avaliação centrado na hetero-avaliação, com o indispensável envolvimento do Conselho Pedagógico, através de comissão específica, e, tornando-se necessário, das estruturas intermédias de gestão escolar;".

Em relação às quotas, penso que muitas pessoas se estão a esquecer que a avaliaçaõ/classficação contará para efeitos de concurso; que não serão todas as avaliações, será só a final; que poderá contar três pontos para efeitos de concurso (equivalente a três anos de serviço), tendo em conta que com o mesmo desempenho se poderá ter excelente ou bom em duas escolas distintas (só porque os colegas são diferentes); todos se esquecem que os titulares, neste momento, só lá estão por serem mais antigos (o que por si só não é garantia de competência de avaliação nem de falta dela).

Joana Lopes disse...

Os dois últimos comentários tocam em tantos assuntos que não é razoável tentar responder a todos. Mas prometo que vou tentar escrever um post sobre o que penso acerca de quotas, amanhã ou depois.
Escolho portanto:

CL, diz o seguinte:
«Mas querem que os resultados da avaliação fiquem dependentes de quotas previamente fixadas pelo patrão? Essa é novidade.» Para mim não é novidade, exactamente há 38 anos.

Paulo Topa diz:
«tendo em conta que com o mesmo desempenho se poderá ter excelente ou bom em duas escolas distintas (só porque os colegas são diferentes)». Como em tudo na vida, não? Dois árbitros diferentes não podem condicionar o resultado de um desafio de futebol? Qual é a solução - jogar sem árbitro?

Anónimo disse...

Pois o problema está precisamente em reduzir-se tudo a «vantagens» ou «desvantagens». Joana Lopes

Lamento a intromissão, mas não me dei conta que o dogma das Quotas estava acima de qualquer apreciação racional de vantagens e desvantagens. O que, visto bem, também não abona nada quanto ao meu bom senso. Resumindo: 100% desqualificado para a discussão. As minhas desculpas.

Joana Lopes disse...

Caro Eduardo Lapa, ninguém está desclassificado, aqui, seja para que discussão for.

As quotas não são um dogma, são um elo indispensável/inevitável na engrenagem da avaliação, aumentos por mérito, progressão na carreira, etc. - não falo de professores em especial, mas em gestão por objectivos de um modo geral. Outra coisa é saber se o processo é bem ou mal implementado.

hugo besteiro disse...

Compreendendo a necessidade da avaliação estou muito longe de compreender o "A existência de quotas, em qualquer sistema de avaliação que se preze, é uma simples regra de bom senso e de justiça".

F. Penim Redondo disse...

Para o Hugo Besteiro,

as quotas servem para evitar que ao fim de algum tempo esteja toda a gente no nível mais alto (como aliás parece que acontecia em grande parte da função pública).

Num sistema bem concebido as quotas aplicam-se a grupos de uma certa dimensão e têm valor indicativo. Na experiência que vivi pessoalmente um chefe podia tentar exceder a quota que lhe estava atribuída mas sabia à partida que para o conseguir teria que lutar e expôr-se.

Trata-se portanto de um mecanismo para combater o facilitismo nas avaliações.

Claro que ninguém gosta de ser avaliado e os professores estão a usar todos os pretextos para o evitar.

O erro do governo foi criar a ilusão de que os professores tinham direito a autorizar, ou não, a sua própria avaliação.
Isso é contrasenso.

hugo besteiro disse...

Bem me parecia que não há uma justificação válida para a existência de quotas numa avaliação justa. Isso é justificar um erro para impedir outro.

A minha opinião era e continua a ser que o problema principal deriva das chefias que, por uma ou outra razão, não fazem o que lhes compete.

Joana Lopes disse...

100% de acordo com o Fernando Redondo. Muito provavelmente porque vivemos a mesma experiência, na mesma empresa, há coisas que nos aparecem com tal evidência que até é difícil argumentar.

Digo o seguinte ao Hugo Besteiro: as quotas são um mecanismo de controle, como tantos outros que são indispensáveis para
que um detreminado processo global funcione. Num mundo de humanos, com todas as suas tentações, e não de virtuosas ou angélicas criaturas.

JPG disse...

Cara Joana,

Os meus alunos não gostariam de ter notas com base numa avaliação em que apenas uma percentagem pudesse almejar o Muito Bom.

Eu estou de acordo com eles, tento incutir-lhe valores humanistas e não consigo conceber critérios economicistas (quotas) como garante de justiça, forçando em muitos casos à subjectividade.

Já o facto de lidar há décadas com quotas na avaliação (e por isso concordar), apenas mostra que como em muitos casos da história, o bafio instalado dificulta a abertura de horizontes ("se eu tive que passar por isto, também os outros devem passar - dizia-se na tropa").

Nota final: não sou a favor de quotas na avaliação em caso algum, ou profissão alguma.

Joana Lopes disse...

Caro J P G,
Só posso responder-lhe que fica na sua e que eu fico na minha...

Quanto ao bafio, sim, haveria muito a dizer, mas prefiro não ir por aí.

CL disse...

Partindo do pressuposto que é permitido o diálogo com outros comentadores, comento também o comentário do F. Penim Redondo, temendo abusar do espaço, pelo que peço desculpa pelo facto.

Primeiro que tudo, em qualquer organização, as quotas não “servem para evitar que ao fim de algum tempo esteja toda a gente ao nível mais alto”. Ao fim de algum tempo (o tempo de toda a carreira, que não é pequeno), apenas estaria toda a gente no topo se entretanto não existissem entradas e saídas da organização. Na organização “sistema de ensino” isso não acontece, devido às flutuações das necessidades, apesar da redução do número de alunos, como é notório com a manutenção de elevado número de contratados precariamente. Nesta organização concreta, servem para limitar a progressão na carreira, para além do tempo de permanência mínimo em cada escalão, e com isso conter a progressão da despesa com os salários.

Por outro lado, em relação à chamada avaliação dos professores, existe alguma confusão, por parte dos leigos, em relação às chamadas “quotas” (que aliás na legislação nunca são chamadas de “quotas”, mas de percentagens máximas). Porque o principal efeito da avaliação (mas não único) é a progressão na carreira (ou a rescisão do contrato), as “quotas” deveriam referir-se a percentagens máximas de transições de escalão, mas nem a isso se deram ao trabalho. Seria aceitável que assim acontecesse, porque o patrão é que paga e tem o direito de definir quanto quer gastar a mais com as progressões. O patrão, contudo, não refere explicitamente “quotas” de progressões; refere “quotas” das diferentes classificações da avaliação. São estas, mesmo depois de verificadas pelas comissões acima dos avaliadores directos, que terão de ser reformuladas por estes se excederem as tais “quotas”. As classificações não terão de ser reformuladas por qualquer erro na aplicação dos critérios da avaliação, que não são poucos, ou por qualquer suspeita, mas por excederem as “quotas” previamente definidas.

Numa população profissional que passa a vida a avaliar desempenhos, este condicionamento dos resultados da avaliação do seu desempenho pelas “quotas” da progressão só pode ser entendida como surrealista e oriunda de mentes que não sabem dos assuntos que estão a tratar. E esta gente, a equipa governamental da educação e os seus assessores, de facto, não sabe do que está tratando. Já não é apenas a insidiosa campanha de desprestígio social dos professores, sem se aperceber dos graves reflexos negativos que isso tem na sociedade e na organização escola, mas da mais gritante incompetência, até em demasia para ser suportável, e não apenas em relação a esta questão da avaliação. Doutro modo não faria confusões tão elementares entre “quotas” de progressões, que é legítimo querer fixar, e “quotas” de classificações, que é absurdo pretender fixar. Ou bem que a avaliação se refere ao desempenho profissional dos docentes, respeita os critérios da apreciação desse desempenho e as classificações devem ser a sua expressão e, por isso, devem ser respeitadas; ou bem que a avaliação se refere a outra coisa, e as classificações não têm de reflectir o desempenho profissional dos avaliados, mas essa outra coisa, no caso, é dar cobertura às tais “quotas” de progressão. Como progressão e avaliação são coisas distintas, o patrão teria sempre a possibilidade de seriar por múltiplos outros critérios, até mais inócuos, para além da avaliação do desempenho profissional, e assim determinar aqueles que progrediriam de conformidade com as “quotas” que tem todo o direito de estabelecer.

Isto é elementar. E é surpreendente como a burrice, a estupidez e o desaforo podem assumir tais dimensões e contaminarem a opinião dos leigos. Mas esta gente fala para os media, para o espectáculo, e sabe estar impune pela cobertura duma maioria parlamentar de mentecaptos de semelhante quilate, por isso manifesta tamanho despudor. Ilustrando com o caso dos alunos: o seu desempenho é avaliado e, em função dele, transitam de nível ou não. Veja-se o que seria transpor as concepções desta equipa governamental para a avaliação dos alunos. Fixavam-se as “quotas” das transições de nível, e as avaliações tinham de ser reformuladas para não colidirem com as “quotas” fixadas. É absurdo, não é? Aliás, com a introdução dos resultados da avaliação dos alunos como factor de avaliação do desempenho dos professores, é a redução administrativa do insucesso que esta equipa também pretende alcançar, para além da contenção da despesa.

Isto é totalmente diferente do que o citado comentador exprime quando refere que “um chefe podia tentar exceder a quota que lhe estava atribuída mas sabia à partida que para o conseguir teria que lutar e expor-se”. Para o que o chefe do exemplo tinha de lutar e expor-se era para ultrapassar as “quotas” de progressões previamente fixadas, e fazia-o, certamente, para promover mais alguém que ele achava merecedor pelo resultado da avaliação. No caso dos professores, é o inverso. Neste caso, o patrão obriga a que os resultados da avaliação sejam reformulados para não ter de promover mais alguém além das “quotas” previamente fixadas, mesmo que tenha mérito, descredibilizando assim a própria avaliação. É claro, se os avaliadores forem pessoas íntegras e recusarem alterar as classificações que atribuíram, poderão ocorrer situações de conflito, mas com o medo de afrontar o patrão que por aí vai, não faltará quem mande a ética às urtigas. Basta ver como decorreram os concursos para professor titular e a falta de solidariedade (e de ética) que já voltou a manifestar-se entre alguns professores para imaginar como irão ser resolvidas essas previsíveis situações de conflito. As “quotas” não combatem “o facilitismo nas avaliações”; antes pelo contrário, as “quotas descredibilizam a avaliação, quando era suposto a institucionalização de um novo modelo vir credibilizá-la. Em caso de suspeita, o patrão que trate de arranjar avaliadores competentes.

Muita gente está descontente com a actuação dos sindicatos nesta questão, incluindo muitos professores. Os sindicatos têm deixado transparecer que apenas pretendem a suspensão do modelo, sem que tenham apresentado qualquer alternativa credível, contribuindo objectivamente para que o comum das pessoas pense que os professores estão contra a avaliação do seu desempenho. Os sindicatos dos professores são uma vergonha, que espelha o sindicalismo que temos. Eles procuram simplesmente a agitação política, e não a resolução dos problemas concretos dos professores. E os sindicatos maioritários, federados na Fenprof, procuram esforçadamente cumprir um calendário partidário de agitação de massas. Ficou patente quando assinaram o célebre “memorando de entendimento”, traindo descaradamente os professores, porque ao PCP interessava deslocar a agitação para o ano eleitoral, e ficou novamente evidenciado com esta fuga para a frente, desrespeitando despudoradamente o acordo que haviam celebrado, quando se viram na iminência de serem uma vez mais ultrapassados pela mobilização independente dos professores. E o seu sindicalismo, com greves de um dia, não passa de folclore para enganar papalvos, contribuindo para a derrota dos professores, seja pela inércia, seja pela saturação e pela falta de resultados. Só quem não conhece a obediência cega desta gente ao partido pode deixar-se enganar pelo cinismo de tais personagens.

F. Penim Redondo disse...

Caro CL,

desculpe que lhe diga mas o seu poder de síntese é quase nulo. Imagino que os seus alunos terão alguma dificuldade em se manter acordados até ao fim dos seus raciocínios.

Vou então tentar responder-lhe em poucas palavras.

Parece-me que a distinção entre as "quotas na avaliação" e as "quotas na progressão" é de certa forma bizantina.

Se só houvesse quotas na progressão e dois professores com a mesma avaliação progredissem de forma diferente cairia, por causa disso, o Carmo e a Trindade.

As quotas na avaliação dos professores têm que ser vistas como uma espécie de lista "TOP 10".
Quando se faz uma lista desse tipo mesmo que haja 13 concorrentes muito bons, muito idênticos, temos forçosamente que escolher apenas 10. É tudo uma questão de levar a análise um pouco mais fundo.

O problema é que os professores estão habituados a um igualitarismo absurdo que não existe em qualquer outra profissão.

Quem é que é colocado com base numa ordenação nacional de candidaturas ? Só os professores.

Por isso recusam vários graus, ou categorias, na sua profissão e por isso nunca estarão satisfeitos com a competência dos avaliadores.

A classe dos professores vive numa espécie de socialismo, que é só deles mas que todos nós pagamos.

CL disse...

F. Penim Redondo.

Provavelmente terá razão quanto ao poder de síntese. Quanto ao resto, faz conjecturas desnecessárias, que não passam de falácias de diversão. Erradas, ainda por cima, quanto errados são os seus raciocínios.

Tentarei ser sintético. Onde reside a “bizantinice” da distinção? Acha que avaliação do desempenho e progressão na carreira são a mesma coisa? Não sendo, como presumo que aceite, acha que as classificações resultantes da avaliação devem ser condicionadas por “quotas” ou devem apenas resultar da aplicação dos critérios de avaliação? Sabe, ao menos, o que é avaliar, suponho.

A progressão na carreira é um poder discricionário do patrão, que até pode escolher a “olho” quem progride ou deixa de progredir, porque o dinheiro é seu. Por esse facto, ele pode fixar-lhe as “quotas” que entender. Acha que o desempenho de um profissional qualquer está dependente da vontade do patrão ou da qualidade desse desempenho? E que as classificações do desempenho devem resultar de “quotas” fixadas pelo patrão? Como verifico que a sua opinião, neste último caso é afirmativa, só posso dizer-lhe que a sua cabecinha é tonta, porque não sabe distinguir alhos de bugalhos.

Sim, é sempre possível distinguir. Tudo depende da escala usada para a medição e da resolução do instrumento de medida. Se for usada uma escala milesimal é mais fácil do que se for usada uma decimal. Se soubesse do que fala veria que a escala que o patrão pretende que seja usada na classificação do desempenho dos professores é decimal e que os intervalos a que correspondem cada uma das classificações não permitem grande resolução. E, além do mais, que o critério imposto é o da designação da classificação (Excelente, MBom, Bom, etc.) e não o da pontuação que originou a designação.

Se tivesse pensado um pouco veria que a discriminação pela pontuação da classificação, em caso de necessidade complementada por outros factores exteriores à avaliação do desempenho, seria suficiente para seriar os candidatos à progressão respeitando as quotas previamente fixadas pelo patrão, sem necessidade de cair no absurdo de pretender alterar a designação da classificação atribuída. Veria também que a equipa governamental da educação e os seus assessores não sabem patavina do assunto que pretenderam tratar. Tal como você não percebe e, por isso, perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado.

Tudo o resto do que diz ser “o problema” é irrelevante para o assunto “avaliação do desempenho”. E, tal como em relação a este, são meras opiniões infundamentadas que não valem um caracol, porque não sabe do que fala.

Anónimo disse...

F.Penim Redondo e o top 10.

Sintéticamente: a avalição do desempenho não devia ser assim uma espécie de concurso de misses.

Paulo Topa disse...

Boa noite.

Quando a lei foi lançada estava previsto que os avaliadores seriam avaliados por um inspector da sua área científica (decreto 2/2008, artigo 29º). Se assim fosse - não foi possível porque a inspecção não tinha inspectores suficientes (lei bem feita!) -, poder-se-ia colocar um ponto em que o referido inspector verificasse se os critérios de Muito Bom e Excelente haviam sido bem aferidos. Aliás, os professores avaliadores têm um item na sua avaliação a isso dedicado. Se a avaliação proposta pelo Ministério é tão boa e objectiva, porque não servir também para garantir que as classificações mais altas são bem atribuídas? Quem não fizesse bem a avaliação seria alertado e isso reflectir-se-ia na sua avaliação.
O Ministério não optou por essa possibilidade porque tem interesse (financeiro) em impedir, à partida (porque também poderia acontecer que tal sucedesse "naturalmente") que muitos professores não possam subir acima do 7º escalão.