20.12.08

Vaticano e homossexualidade











Ainda a propósito da proposta apresentada pela França à ONU, não há como ir às fontes: o Osservatore Romano publica hoje um texto em que explicita, uma vez mais, a sua posição.

«Le religioni, per esempio, potrebbero vedere limitato il loro diritto di trasmettere il proprio insegnamento, quando ritengono che il libero comportamento omosessuale dei fedeli non sia penalizzabile, tuttavia non lo considerano moralmente accettabile. E verrebbe così intaccato uno dei diritti primari su cui si fonda la Dichiarazione universale dei diritti dell'uomo del 1948: quello alla libertà religiosa.»

Por outras palavras: o Vaticano quer poder continuar a ensinar que o comportamento livre dos homossexuais é moralmente inaceitável. Como já ensinou que a Terra não gira à volta do Sol.

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P.S. - O link para o Osservatore Romamo deixou de funcionar porque já está online a edição de amanhã, 21/12. No entanto, a transcrição está exacta e o seu conteúdo foi largamente comentado, por exemplo no El País de hoje:

«Las religiones, según el Vaticano, pueden ver limitados su derechos de transmitir sus propias enseñanzas, por ejemplo "cuando consideran que el libre comportamiento homosexual de los fieles no es penal, pero lo consideran moralmente inaceptable".»

19.12.08

Os votos da inefável líder



O maior voo cultural desta senhora deve ter sido a Cartilha Maternal de João de Deus.

Mais um texto sobre o padre Felicidade










Excertos de uma entrevista feita por Diana Andringa em 1990.

Para aguçar o apetite:

«Eu cheguei a ser abordado par celebrar missa pelo D. Duarte Nuno e, no dia seguinte, pelo aniversário da República. E depois pela vitória do Belenenses. E comecei a interrogar-me sobre o que era a missa. Um ornamento barato para interesses mesquinhos. É uma profanação, uma blasfémia.»

«A catequese, como está, é uma forma de criar ateus. Vamos facultar às criança fichas conceptuais. Aos 7 anos sabe aquilo. Aos 15, vomita tudo aquilo e torna-se ateu. Provisoriamente. Porque depois tem filhos, vão para a catequese e ele recupera, não a fé, mas o que vomitou. Infantilizou a fé. Não raciocinou. A Fé cristã é para adultos. Tal como existe, a catequese é uma forma de destruição da Fé.»

Ainda?

No Avante! de hoje:
«Que em Portugal existiu uma ditadura fascista é um facto que muitos «historiadores» tentam, hoje, negar. Nas estantes das livrarias, abundam biografias do ditador Salazar e de inspectores da PIDE – sempre «neutras» e observando, sempre, o lado «humano» dos biografados.»

Que eu saiba, pelo menos recentemente, só foi publicada uma biografia de um inspector da PIDE, da autoria de Irene Pimentel. Esteve aliás na origem de grande animação
neste blogue, precisamente por causa de um forte ataque que lhe foi feito, em artigo assinado por José Casanova e publicado naquele jornal (na mesma linha do parágrafo acima citado) . Mas já lá vão quase dois meses - tudo leva a crer que na Soeiro Preira Gomes há coisas difíceis de digerir!

P.S. - Posso andar distraída, mas nunca mais vi, no Avante!, artigos de opinião assinados por José Casanova.

18.12.08

Canções de dor de corno (1)

Há vários dias que penso seguir o repto da D. Ester: depois das canções de amor, venham as de dor de corno.

Aqui vai a primeira - Tony de Matos em «Lado a lado» - com letra e tudo (gentileza de um leitor...).




Lado a Lado

Somos dois caminhos paralelos
Vamos pela vida lado a lado
Doidos que nós fomos
Loucos que nós somos
Não sei qual é de nós mais desgraçado

Lado a lado, meu amor
Mas tão longe
Como é grande a distância entre nós
O que foi que se passou entre nós os dois
Que nos separou
Por que foi que os meus ideais
Morreram assim, dentro de mim

Ombro a ombro, tanta vez
Mas tão longe
Indiferença entre nós quem diria
Custa a crer que tanto amor
Tão profundo amor tenha acabado
E nós ambos, sem amor
Lado a lado

Fomos no passado um só destino
Fomos um amor desencontrado
Doidos que nós fomos
Loucos que nós somos
Não sei qual é de nós, amor, mais desgraçado

Desabafo

«A líder social-democrata garantiu que sozinha não consegue dar a vitória ao partido nas eleições legislativas de 2009.»

E por isso escolhe bem as companhias.

Entusiasmo chinês













Durante o discurso de Hu Jintao, nas comemorações do 30º aniversário do início das reformas de Deng Xiaoping.

«Hu Jintao ha prometido una mayor participación ciudadana en los asuntos políticos para 2020, año que ha fijado para lograr una "sociedad moderadamente acomodada".»
Ler o resto.

Qum sabe...


17.12.08

Evocação do padre Felicidade

José da Felicidade Alves morreu no dia 14 de Dezembro de 1998, com 73 anos. Realizou-se ontem uma sessão, organizada pelo Centro de Reflexão Cristã e pelo Centro Nacional de Cultura, onde amigos de velhas lutas se reencontraram e o recordaram.

Com uma vida atribuladíssima, foi uma das figuras centrais da oposição dos católicos à ditadura, sobretudo a partir de meados da década de 60 e é como tal que aqui será recordado. Não se estranhe que continue a chamar-lhe «padre Felicidade»: faço-o unicamente porque foi como ele sempre desejou ser tratado - até ao fim.

Texto na íntegra aqui.

«Vendilhões do templo»









Manuel António Pina, hoje no JN:

«Se a coisa, congeminada no Ministério das Finanças, for avante, depois do Forte de Peniche transformado em pousada, veremos um dia destes uma loja Ikea na Torre de Belém e um hotel de charme no Mosteiro de Alcobaça (e porque não no da Batalha?); Rui Rio poderá, finalmente, vender a Torre dos Clérigos em "time-sharing"; e António Costa, em Lisboa, fazer dos Jerónimos um centro comercial. Governados por mercadores sem memória e sem outra cultura que não a do dinheiro, faltava-nos ver a nossa própria História à venda. Em breve, nem Cristo (quanto mais nós) terá poderes para expulsar os vendilhões do Templo porque eles já terão comprado o Templo e já lhe terão dado ordem de expulsão a Ele.»

Isolacionismo e vitimização

29 de Novembro, J. de Sousa, na abertura do Congresso do PC:
«Será com o reforço do PCP e o desenvolvimento da acção e da luta de massas que se rasgam os caminhos de uma política alternativa e uma alternativa política. Com quem? (...) Nunca será um acto, nem surgirá por geração espontânea ou de entendimentos artificiais pensando mais no poder do que na política. Será um processo tanto mais realizável e mais próximo quanto mais força tiver o PCP.»

14 de Dezembro, Comunicado do Comité Central do PC:
«O CC do PCP alerta para manobras que, a exemplo das protagonizadas pelo BE e Manuel Alegre, se assumem com um carácter sectário e divisionista, determinadas pela obsessiva intenção de disputar influência ao PCP e conter o seu reforço e crescimento, contribuem para branquear o Governo do PS, a sua política, quem a pratica e sustenta, e são na prática comprometedoras da necessária convergência de forças democráticas e de esquerda para uma ruptura com a política de direita e a aplicação de uma política alternativa de esquerda.»

Alegrem-se, lisboetas

Natal é tempo de circo.

16.12.08

Je sais

Ele há coisa extraordinárias

Uma delas é que Manuel Alegre (ainda) seja militante do PS, a outra que Vital Moreira (ainda) não o seja.

Agora os bichos












Barney, o cão de Bush, tem uma secção especial na página da Casa Branca, os americanos discutiram acesamente se Obama devia comprar um cão de luxo ou adoptar um rafeiro, Putin pôs um GPS na cadela para melhorar a controlar (atavismos...).

Vem isto a propósito de uma petição destinada à AR, que corre por aí e já tem mais de 7000 assinaturas, exigindo que as despesas com veterinários sejam dedutíveis no IRS.

Declaração de interesses: adoro cães e já gastei somas avultadas com os respectivos clínicos. Mas não vejo por que razão os meus compatriotas deveriam amenizá-las. Ninguém é obrigado a ter cão, gato, cobra ou periquito. São bons para o ego dos donos? Certamente, tal como ir aos saldos ou, pelo que oiço, usar baton no caso das mulheres.

Não sei a taxa de natalidade destes bichos está ou não a diminuir, não me parece que ninguém esteja a importar gatos ucranianos (agora me lembro que há um cão polaco no meu prédio!...), mas deles não depende certamente nem o futuro deste país, nem a solução para a Crise. Haja deus!

14.12.08

Dia histórico









...foi o que Marcelo Rebelo Sousa concluiu das afirmações de Manuel Alegre, no encerramento do Fórum «Democracia e serviços públicos» que um conjunto de organizações de Esquerda organizou hoje, na Cidade Universitária em Lisboa.

É talvez demasiado cedo para saber se foi ou não um dia histórico, mas é verdade que Manuel Alegre foi mais claro do que nunca: «A reconfiguração da esquerda implica a capacidade e a vontade de construir uma perspectiva alternativa de poder.»

Eu estava lá e ouvi. Como ouvi tudo o resto que foi dito nos três discursos da última sessão que quase encheu a Aula Magna. Não concordei nem com 50% do que foi dito. E, no entanto, saí convencida de que por ali estava a passar a esperança de um futuro um pouco melhor para Portugal. Não só, e talvez nem tanto, pelos oradores e pelos seus discursos, mas pela assistência. É que não se viam apenas bloquistas, alegristas e renovadores, mas dezenas ou mesmo centenas de «tresmalhados» como eu, que têm em comum algumas utopias, mas que sabem também que é urgente que algo aconteça a curto prazo.. E que nada, mas absolutamente nada têm a ver com congressos no Campo Pequeno ou com a maioria absoluta daquele senhor que nem sei quem considera como o 6º mais elegante do mundo.


P.S. - De acordo com Daniel de Oliveira.
E já agora: são os blogues de direita que, aparentemente, estão a dar maior importância ao evento. Curioso...

«O PPD pode correr com o Sócrates»












«Eu faço, daqui, em nome do PSD/Madeira, um apelo às bases do partido para que se livre dessa gente toda, para que afastem as personagens dos últimos anos e meses e que faça um ressurgimento do partido: o velho PPD/PSD de Sá Carneiro e de Cavaco Silva. (...) O PPD pode ganhar as eleições, o PPD pode correr com o Sócrates».
Jornal da Madeira

«E se quem pode o mais pode o menos, o Presidente, que ainda tem meios e poderes para intervir na vida das regiões e que, com os olhos postos nos Açores, já se dirigiu ao país inteiro, teria as oportunidades que quisesse para varrer a testada da instabilização, provocatória e permanente. Que o PSD não o faça, que nenhum líder nacional tenha coragem (que hoje é já força) para o fazer, é problema dele e dos seus filiados. Mas o respeito pelo património político nacional cabe a quem os portugueses votaram para o efeito. E não há improviso doutrinário que nesta matéria os engane».
Nuno Brederode Santos, no DN

Mas Cavaco Silva mantém-se num silêncio sepulcral. Talvez com uma difusa esperança no tal PPD ressurgido.