17.9.09

Reformismo e espírito positivo













Já aqui escrevi mais de uma vez que Zé Neves tem vindo a publicar, no 5 Dias, algumas das melhores reflexões sobre os tempos que correm – no meu entender, como é óbvio.

Um novo texto põe em causa o argumento das benfeitorias do reformismo, tal como ele tem vindo a ser defendido, até à exaustão, por Sócrates e seus seguidores. Em nome de uma sacrossanta estabilidade que exclui o imprevisível.

«Sócrates procuraria passo a passo, grão a grão, ir melhorando o actual estado de coisas, gerindo o possível – e isto seria uma esquerda moderna e democrática. O problema em tudo isto está naquilo que se entende por possível. É que a política não é a simples gestão do possível mas sim uma luta pelo que é e deixa de ser possível e pelo que se entende como possível, impossível, necessário, inevitável. Isto mesmo deveria ficar à vista de toda e qualquer esquerda, mais não fosse por obra e graça da actual crise, que interrompe o que era inevitável e introduz o aleatório na ordem do previsível. Quem diria, há um ano atrás, que um dos pontos fundamentais da actual campanha seriam as nacionalizações ou o reforço dos serviços públicos?»

Aceita-se como ponto de partida indiscutível que o objectivo é ir aperfeiçoando o sistema em que vivemos, sem se admitir que algo de diferente venha a estar um dia no horizonte. É curto e é empobrecedor.

«O PS desvaloriza a utopia e a resistência e limita-se ao que se vê, nunca percebendo que há sempre mais do que uma forma de ver a realidade e que o que é impossível para uns chega a ser necessário para outros. Para muitos apoiantes de Sócrates é impossível acabar com a exploração laboral, para outras pessoas isso é simplesmente necessário. A realidade não é um dado mas é um problema – para o bem e para o mal – e só uma esquerda que tenha problemas com a realidade é que merece o nosso voto. Se é para cultivar a paz social e a harmonia entre os seres humanos, rejeitar o conflito social e fazer apelos à unidade nacional e ao avanço de Portugal e acabarmos todos a regar as florzinhas do jardim e dar milho aos pombos no reino do contentamento, então mais vale votar no partido da Laurinda Alves do que no partido de José Sócrates.»

É uma bela imagem…

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