15.12.09

Até os egrégios avós ressuscitarão


Leio no DN que, para comemorar o centenário da República, a Câmara de Paredes vai construir um mastro que «terá cem metros de altura, sendo 40 metros mais pequeno que a Torre Vasco da Gama, em Lisboa, mas maior do que a Torre dos Clérigos, no Porto, e quase igual ao Cristo-Rei, em Almada. Estará equipado com um sistema mecânico que manterá "a maior bandeira do País e uma das maiores do mundo" sempre desfraldada».

Pequeno detalhe: custará 1.000.000 de euros, ou seja 10.000 euros = 2.000 contos por metro (até contei duas vezes os zeros…), incluindo o preço do vento, claro.

Aparentemente, a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República também está metida no assunto.

Sou eu que estou doida ou isto não tem pés nem cabeça? Seja quem for a pagar, mecenato parcial ou não, não se trata de um verdadeiro escândalo nos tempos que correm? Se isto é que é uma crise...

P.S. 1 – Houve quem não acreditasse na notícia. Pois então oiçam o presidente da Comissão para o Centenário da República.

P.S. 2 - E a saga continua: primeiro falou o PS que diz que Paredes deve estar a querer competir com a Coreia do Norte, mais tarde o presidente da Câmara, através de quem fiquei agora a saber que a bandeira terá 46 por 26 metros e que será vista a 30 kms de distância. Oiçam que vale a pena.

6 comments:

Ant.º das Neves Castanho disse...

«Pequeno detalhe: custará 1.000.000 de euros, ou seja 10.000 euros = 2.000 contos por metro quadrado (até contei duas vezes os zeros…)»


Nos pequenos detalhes esconde-se às vezes muita coisa importante...


É que, se o mastro vai ter cem metros de altura, mesmo considerando uma ventania de 100km/h o custo continuará a ser de dez mil euros por METRO, não por "metro quadrado"!



É o que faz, talvez, contar os zeros por DUAS vezes...


Quanto ao essencial, crise em Paredes? Qual crise?!

Joana Lopes disse...

Ui, obrigada, sobra o «quadrado», vou tirar...
E, de facto, qual crise?

Marquês disse...

Estou convencido que os homens do 5 de Outubro de 1910 não se meteriam em aventuras se calculassem que as comemorações do centenário das mesmas custasse, numa simples vila do Norte, 2 mil contos por metro linear do pau para a bandeira.
Agora a sério: façamos votos para que amanhã o DN traga uma correcção a dizer que havia (pelo menos)um zero a mais...

Joana Lopes disse...

Olhe que não, António Marquês: no outro artigo para que eu remeto, vem lá bem explícito: «O monumento custa, efectivamente, um milhão de euros...».

José de Sousa disse...

Para que se alevante a nossa República. Que fique bem alta a sua bandeira. E que não venha com pagodes importados daquela China de tão assucatados produtos. Nós queremos um trapo de qualidade. E pagodes, façamo-los nós. Não existe já o Leitão de Barros que fazia aquelas coisas tão bonitas. Pois que se chame o La Feria!
Uma dúvida me aparece. Será que Paredes não quis içar a República, no seu símbolo, mas içar-se, antes, a si própria no meio de todos os nossos burgos. Pois receio que todos então passem a fazer o que puderem pela sua terra. Estamos no centenário da República. Pintarão os prédios de verde e encarnados. Porão castelos de cartão pelas ruas do burgo. Representarão Rotundas em armas. Farão proclamações da República no maior número possível de varandas. Não esquecendo os bigodes e barbas, claro. Farão campeonatos para ver quem corta, a tiro de canhão, os paus de bandeiras reais. Ou corridas representando as tropas monárquicas a fugirem. Farão solenemente o enterro do Reis e do Bombarda. Sem missas. E talvez ofereçam mesmo às crianças chocolatinhos, com figuras das doces criaturas dos Almeidas, dos Costas, dos Relvas, dos Bragas, dos Leões.
Enfim, esperemos que não seja nada e que a República sempre acabe por fazer os seus cem aninhos. Com dignidade!

septuagenário disse...

Quando vier a regionalização é que vamos ver qual a bandeira maior e mais bonita!

Vai ser um gozo.

Parece que tal como o TGV e outras, com este governo vai tudo para a frente.

Há imensos grandes portugueses que vão aparecer!