2.12.09

Este país não existe



















«O espírito empreendedor e "prà-frentex" dos portugueses nunca deixará de me surpreender.
Anuncia o jornal "i" que uma tal Agência Piaget para o Desenvolvimento tem em curso um "Projecto Check-!n" que se propõe evitar que os "junkies" lusos consumam drogas degeneradas.
Assim, se você, leitor consumidor de drogas, tiver dúvidas sobre a honestidade do seu "dealer" e desconfiar que o ecstasy que ele lhe vendeu está marado, só tem que mandar uma amostra para a Agência Piaget (gosto da ideia de meter Piaget no negócio epistemológico da transparência no mundo da droga) que, de imediato, submeterá o produto a Cromatografia de Camada Fina e o esclarecerá se a coisa vem com o princípio activo recomendado (o MDMA) ou, pelo contrário, com m-ccp, "que provoca mal-estar generalizado e dores de cabeça".
Eu que, quanto a drogas, me fico pelo Telejornal da RTP, que habitualmente me provoca "mal-estar generalizado e dores de cabeça", estou a pensar enviar à Agência Piaget amostras de umas notícias de abertura para apurar até que ponto ando a consumir informação ou algum princípio activo (ou fim activo) suspeito.»

Manuel António Pina, no JN de hoje (na íntegra porque o link só funciona durante 24 horas).

5 comments:

Anónimo disse...

A desinformação é algo que se combate com a informação...Aconselho uma bela DOSE de informação e depois sim...opina-se!
Sofia

drmaybe disse...

sabias que o Centro das Taipas teve a certa altura uma carrinha com este tipo de serviços? e que é prática corrente na Holanda o teste da qualidade das drogas?
Na ilegalidade os dealers fazem fortunas a cortar as drogas com o que lhes der na real gana e os consumidores estão à sua mercê. Eu detestaria por exemplo comprar uma garrafa de bushmills 12 anos que tivesse lá dentro VAT 69...

Joana Lopes disse...

Não sabia de todo e percebo as vantagens. Mas, na Holanda, suponho que é para as drogas «legais» e, provavelmente, uma iniciativa oficial.Aqui, parece-me uma negociata privada, mas posso estar enganada.

virgili o vargas disse...

Por acaso até acho que,um dia destes, a Deco devia dedicar um número expecial da Proteste a este tema: qualidade/preço das drogas no mercado e indicação da escolha acertada, melhores fornecedores, etc. Assim se protegia a saúde do consumidor, evitando que este ande aí a consumir coisas absolutamente indescritíveis que só causam mal estar e dores de cabeça.

Anónimo disse...

na Holanda é para as drogas ditas recreativas (do que soube era para ecstasy - que não é legal). para cannabis depreendo que a qualidade é controlada dado haver licenças para a sua comercialização.
eu reparei na notícia mas não tive tempo de a ler, mas acredito que seja uma oportunidade de negócio para o instituto Piaget ou uma forma de marketing. acho no entanto que, mesmo assim, pode ser mais um passo para se acabar com a absoluta hipocrisia de se considerar umas drogas legítimas e outras não.