11.7.09

«Máscaras da Utopia»
















Foi apresentada ontem, em Lisboa, esta História do Teatro Universitário em Portugal (1938-1974), da autoria de José Oliveira Barata, numa excelente edição da Fundação Gulbenkian.

Durante a sessão, o autor leu um belíssimo texto que está publicado nos Caminhos da Memória.

Plus bleu


(Piaf + Aznavour – «Plus bleu que tes yeux«)

Apoios um pouco baralhados













José Saramago, militante do PC, apoia entusiasticamente António Costa, na candidatura à CML. Socialistas alegristas participam na propaganda da recolha de assinaturas para as listas do Movimento «Cidadãos por Lisboa», de Helena Roseta (revista Ops! no Facebook).

E ainda a procissão vai no adro – com e sem sobressaltos.

10.7.09

No deserto dele

Uma grande campanha de marketing pôs nos escaparates 200.000 exemplares do tal «quase romance» de Miguel Sousa Tavares.

Leitura rápida, muito rápida de 128 páginas com tipo de letra relativamente grande. Estive para parar logo à entrada, ao tropeçar numa «fina camada de pó, onde repousa, apenas adormecida, a memória dos dias felizes». Resisti, mas…

É sempre triste quando se vai «desgostando» de um autor, sendo o que me acontece com Miguel Sousa Tavares: li e reli Sul, precipitava-me para as crónicas na Grande Reportagem, gostei de Equador, já não de Rio das Flores, muito menos deste «deserto».

Como romance não chega ao «quase», como livro de viagens nada me disse. Sou talvez pouco sensível ao encanto das peripécias e das proezas de jipes e areias, mas nem as bem caracterizadas aventuras burocráticas em Argel chegaram para terem merecido as (poucas) horas gastas com a leitura.

Ainda um dia hei-de perceber por onde passam certas fronteiras – não físicas, neste caso. Porque se isto não é «literatura llight»…

Miguel Sousa Tavares, No teu deserto, Quase Romance, Oficina do Livro, 128 p.

Parece a brincar? Não é










«Se for dar um passeio pela praia e se for nas minhas conversas com Deus, muitas vezes 'falo' em inglês. Sei que é uma coisa completamente absurda, para a qual não tenho explicação. (...) Deus é multilingue, mas talvez perceba que o inglês é mais incisivo para certas coisas.»
Laurinda Alves, em entrevista ao Sol

(Via Pedro Correia)

Para reflexão















Manuel Villaverde Cabral, em entrevista ao «i»:

O que é que nos torna ingovernáveis?
A saída do PREC. E aqui introduzo uma distinção: enquanto as pessoas de esquerda, como eu, dizem que foi a saída do PREC - isto é, a marginalização da esquerda - as pessoas de direita, dizem que foi o próprio PREC. Neste momento, Portugal tem mais de 20% a votar à esquerda do PS, e as duas organizações principais que representam esses eleitores são mantidas completamente fora do sistema desde 1975. E como tal, irresponsabilizadas: nunca foram chamadas a pronunciar-se, nunca foram chamadas para o governo, nunca se discutiu nada com elas.

Como poderiam ter sido chamadas aos governos se eles são sempre ditados pelos resultados eleitorais?
Mas não teria sido obrigatório ir para o governo! E agora, em Setembro, não vai haver seguramente nenhuma maioria no Parlamento que não inclua, pelo menos, um entendimento do PS à esquerda. A não ser que seja o PSD a fazê-lo. Ah, (risos) estou a ironizar. Portanto, esses prováveis 20% de votos - mesmo que sejam 18% - vão faltar sejam ao PS, ou seja a quem for.

9.7.09

Muito bom!



Via Jakk no Facebook

Iogurtes?

Quando se hesita no conteúdo, tropeça-se na pronúncia.


(Bernard Kouchner confond Ouïgours et yoghourts)

O partido com paredes de ferro












Uma pesquisa por «China», no Avante! de hoje, resulta nisto: «PC da China atinge 76 milhões de militantes, (...) sendo de longe a maior organização política do mundo». Nem uma linha sobre os acontecimentos dos últimos dias em Xinjiang - para condenar, para apoiar ou simplesmente para descrever.

Já nem consigo escandalizar-me. A esquizofrenia aguda é sempre digna de alguma compreensão, talvez mesmo de dó. Mas é uma doença terrível.

8.7.09

Já tinham três manifestos, aí está o quarto

Quando o humor era uma arma












Em Julho de 1972, quando Américo Tomás foi reeleito Presidente da República, as Brigadas Revolucionárias lançaram dois porcos nas ruas de Lisboa, conforme descrito no comunicado que então foi distribuído e que abaixo se transcreve. Os ditos porcos estavam untados, pelo que a polícia não conseguiu agarrá-los e teve de os matar à metralhadora.


Fonte: Fundação Memoriando

A mensagem e os mensageiros












Baixaram as notas de Matemática no 12º ano e a Ministra atribuiu a culpa à comunicação social por esta difundir a «ideia de que os exames eram fáceis».
Mas há quem vá muito mais longe e pareça até regozijar-se: «A realidade está a fazer oposição à direita». Leram bem.

7.7.09

Aos 4





«Está ali um caracol morrido.
Ó avó, mas afinal o que é morrer?»


Sua Majestade dixit…

Isabel II, como chefe suprema da Igreja de Inglaterra, «compreende» e escreve cartas de apoio a um movimento de dissidentes anglicanos acusados de homofobia, que, entre outras tomadas de posição, pedem aos homossexuais que «se arrependam».

Se isto nem sempre é fácil com chefes provisórios e eleitos, em Repúbicas mais ou menos laicas, fia certamente muito mais fino quando a rainha é a chefe máxima da igreja lá do sítio!

(Fonte)

A China, ainda

















Como sempre, os nossos jornais relatam os factos mas não ajudam a compreender uma questão que está longe de nos ser próxima e familiar.

Mais informação sobre Xinjiang, entre muita outra que vai estando disponível:
* Miles de chinos claman venganza contra los uigures
* Au Xinjiang, les Ouïgours résistent à la «colonisation»
* ¿Quiénes son los uigures?

E também:
Amnistia Internacional:
* China: Fair and impartial investigation must be launched in Urumqi

Repórteres sem Fronteiras:
* Independent reports about Xinjiang rioting censored in China

6.7.09

Entretanto, na China


156 mortos e 800 feridos em Xinjiang – o maior número de vítimas desde Tiananmen, em 1989.

(Informação detalhada aqui.)

Apocalipse now

















Muito estranhamente, o Prós & Contras de hoje não é sobre Cristiano Ronaldo. Imperdoável na noite em que ele «desata la loucura en Madrid» e em que Portugal ficaria vazio se já existisse TGV.

Mas não: apocalipticamente, Fátima Campos Ferreira estará rodeada de juízes e sentar-se-á no trono branco para o «Julgamento Final». Pela uma da manhã, os julgados já terão sido todos «lançados ao lago de fogo», como poderia ter acontecido duas horas e meia antes. Morais Sarmento, Carlos Carvalhas, Nuno Melo e Luís Fazenda contra o governo? Não está tudo dito, escrito e filmado para a posteridade?

«E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiram a terra e o céu; e não foi achado lugar para eles.
E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e abriram-se uns livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos
foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.»
Apocalipse 20: 11-12


P.S. (22:30) - Anunciado como «Julgamento Final», mas chama-se agora «Exame Final». Mais prudente.

E há uma masoquista porque uma outra quer ser brasileira

Um «quase escritor» lança um «quase romance»

















... e quer ir para o Brasil. Passaria mais despercebido em Tuol Sleng ou mesmo em Guayaquil .

5.7.09

Sem apelo nem agravo

















Ferreira Fernandes pergunta hoje, no DN, qual poderá ser a razão para a actual crise nos jornais, já que notícias é o que menos falta neste país. Respondo pelo quiosque onde me abasteço, já nem sei há quantos anos. Localização ideal, num bairro habitadíssimo de Lisboa, mais nenhum ponto de venda à vista. Ainda não há muito tempo, esperava-se em fila para se ser atendido. O dono está agora a arrumar as sobras para fechar definitivamente as portadas, na esperança de um trespasse que dê para pagar as dívidas aos fornecedores – talvez para comes e bebes de gente fina, quem sabe...

Aparentemente, a «crise» chegou há cerca de um ano e veio para ficar. Até lá, tudo ia muito bem. («Pois se até lhe comprei a carrinha, doutora».) Hoje já nem os semanários do fim-de-semana, que deram para aguentar o barco durante uns meses, chegam para compensar tudo o resto. E o que é o resto? «Vende-se cada vez menos tabaco, os mais velhos não compram revistas e os mais novos não lêem jornais.»

Em breve, será mais um quiosque de Lisboa entaipado, a não ser que passe a vender torresmos e ginjinhas. E eu deixarei de ver todos os dias a tal carrinha que foi minha durante dez anos e que vendi bem a tempo – quando os jovens ainda compravam A Bola e os mais velhos levavam para casa a Executive Digest e a Home Interiors.

Firmeza de posições


















5ª feira, 2/7:
«A Igreja católica condenou o golpe de Estado contra o governo das Honduras. O secretário-executivo da Caritas deste país, o Pe. Germán Calíx, deu conta da rejeição ao mesmo tempo que pediu que o Presidente Manuel Zelaya que respeite os requisitos das eleições e do referendo, necessários para uma reforma constitucional.»
(O cardeal-arcebispo de Tegucigalpa, D. Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga é presidente da Caritas Internacional,)

Sábado, 4/7:
«La Iglesia Católica de Honduras ha expresado este sábado su apoyo al Gobierno de Roberto Micheletti, que asumió tras el derrocamiento a manos de los militares del presidente Manuel Zelaya, y ha pedido a éste reconsidere su regreso porque "podría desatar un baño de sangre".»

Afirmações do mesmo cardeal de Tegucigalpa (e o seu significado), em vídeo transmitido ontem, 4/7: