15.8.09

Entusiastas do iPhone


Sempre são 40 anos

Isso por aí anda confuso, não?

Barbara

14.8.09

Paris, 14/8 (3)













Raramente venho a Paris sem voltar ao Museu d’Orsay. É sobretudo o espaço da antiga Gare d’Orsay, magnificamente recuperado, que me fascina.


Pode-se ver neste momento, entre outras, uma extraordinária exposição de Max Ernst - «Une semaine de bonté» -, de que já tinha ouvido falar mas estava longe de esperar ver. (Até 13 de Setembro, para quem por aqui passar.)

Paris, 14/8 (2)













«On trouve tout à la Samaritaine»?

Já não. Este slogan, que marcou uma célebre campanha publcitária que ficou na memória colectiva dos parisienses, já não se aplica. O grande armazém, fundado em 1869, está fechado já há alguns anos – oficialmente para obras, provavelmente para ser convertido em hotel.

Paris, 14/8 (1)

São ruas e ruas cheias de esplanadas. E (ainda?) sem cadeiras de plástico.


13.8.09

Um outro Paris













La Défense: gosta-se ou detesta-se. Sempre gostei: durante alguns anos, fui lá, por motivos profissionais, mais ou menos uma vez por semana - quando o comboio Bruxelas-Paris e o RER não tinham segredos para mim -, e habituei-me à sua funcionalidade, à calma, a um certo tipo de harmonia.

Todas aquelas torres de escritórios, que hoje parecem quase banais, estavam longe de o ser quando se iniciou a construção, no início dos anos 70. O trânsito é subterrâneo em relação ao nível das ditas torres que ladeiam uma placa para peões, de trinta e um hectares, com estátuas, lagos e jardins – um carrossel até, que ainda hoje revi. Única no seu género, é ela que dá um certo ar artificial ao conjunto de que muitos não gostam. A parte habitacional, «enterrada» em relação à placa é, segundo me diziam, extremamente operacional e uma quase aldeia à noite e durante os fins-de-semana.

A polémica aumentou com a construção do Arco de La Défense no eixo histórico de Paris, que começa no Museu do Louvre e passa pelo Obelisco da Concórdia e pelo Arco do Triunfo. Para mim, ele é simplesmente magnífico.

Aparentemente, a construção continua, com crise ou sem ela. E o movimento também – agora mais colorido porque a globalização levou até lá africanos, asiáticos e muitos mais magrebinos.

O Cavaco criou algum blogue?

Só pode.

Burqini?
















Nova polémica porque uma francesa, recentemente convertida ao Islão, foi impedida de nadar numa piscina pública em burqini (tal como a foto acima mostra). O director recorre aos regulamentos nacionais que regem o acesso a este tipo de recintos e que proíbem, por razões de higiene, que se nade vestido.

Tudo tem limites, não? Além de que não considero que o uso de uma piscina esteja entre os direitos fundamentais e mais inalienáveis de um ser humano…

Aung San Suu Kyi










O mundo inteiro protesta e exige a sua libertação. Inteiro? Não: alguns pedem respeito para com o governo birmanês, outros noticiam friamente a nova decisão condenatória do tribunal, sem a mínima indignação. Há coisas que não mudam.

12.8.09

Está-se muito bem por aqui













Não é nada fácil comprar tabaco em Paris. Tentei, distraidamente, um quiosque de jornais e ia sendo fulminada. Acabei por encontrar uma loja especializada, a tempo de fumar um primeiro cigarro (gauloise, claro...) no «Café de Flore». Lá está, mas tão barbaramente assassinado no interior que nem os fantasmas de Sartre e de Simone de Beauvoir se arriscariam a lá entrar. Muito melhor, «Les Deus Magots» até manteve as duas estátuas que lhe deram o nome e tem agora mais esplanadas, magníficas e sempre cheias de gente.

Saint-Germain, portanto, em dia de Verão esplendoroso! Tudo me parece mais ou menos no mesmo sítio. As dezenas de livrarias (verdadeiras, a cheirar a papel) não fecharam e parecem saudáveis.

A cidade está invadida por turistas (Paris, au mois d’août…) e, a ajuizar pelo comprimento das filas de espera, há mais pessoas interessadas em entrar em Notre Dame do que no mausoléu de Ho Chi Minh em Hanói.

Quanto à minha mala, um atendedor automático da TAP respondeu-me, também automaticamente, que tinha ido ver o meu processo e ainda não tinha notícias para me dar. Agradeci, quand même.

Será ainda um dos centros do mundo?












Pois, como previsto, cheguei hoje a Paris – eu mas não a mala. Essa terá ficado em Lisboa ou estará agora a rodar, num distribuidor de bagagens, em Kinshasa ou em Kuala Lumpur. Talvez chegue amanhã – ou talvez não. Seja como for, a probabilidade de tal me acontecer era grande e antes em Paris do que no Cambodja. E não será isto que me estragará a semana e até já estou a achar graça à perspectiva de uma estadia minimalista. A horas tardias, ainda comprei por aqui uma T-shirt numa loja para turistas – e, embora com dificuldade, consegui evitar a Torre Eiffel em lantejoulas prateadas.

O Quartier Latin está absolutamente magnífico, gente e música por todo o lado - uma festa! E eu estou no mesmo hotel de quase sempre, a um passo do Boulevard Saint-Michel, a poucos mais do Sena. Fiquei aqui pela primeira vez há mais de quarenta anos. Éramos sete ou oito, viemos de Lisboa em dois carros velhíssimos e gélidos. Juntaram-se a nós amigos expatriados vindos de Lovaina e de Roma e assim passámos a noite de fim de ano (julgo que de 1965), num quarto deste hotel – hoje totalmente renovado ou já teria ruído. Com champagne e com passas, mas pondo em dia conversas, fazendo listas dos filmes a não perder, dos livros a comprar – como sempre. Foi também aqui que vivi o rescaldo do Maio de 68 e mais umas tantas coisas.

Ao virar da esquina, já não existe na Rue Saint-Séverin a mítica livraria «La Joie de Lire», de François Maspero, que acabou por falir, tantas foram as gerações que de lá foram «retirando» alimento intelectual sem pagar. Nem percebi o que ocupa o seu lugar, mas estas pequenas ruas, entre o Saint-Michel e o Saint-Germain, estão agora cheias de restaurantes e de esplanadas – porta sim, porta sim.

Vim sem programa, vou andar por aí e passarei certamente por aqui.

11.8.09

É avante



Ainda nem tinha acabado a discussão sobre o hipotético fim de uma era na blogosfera e já alguns demonstravam que aí está uma outra: um blogue procurou derrubar um regime e, se não o conseguiu, pôs pelo menos à prova os distraidíssimos funcionários da CML, polícias e eventuais noctívagos.

Agitação nas redes sociais durante a tarde, espanto à hora dos telejornais, reacções para todos os gostos, e muitos paladares, no serão da blogosfera.

Tivessem sido outros os protagonistas e as consequências seriam diferentes? Claro, mas enfim: alguém dirá que não se comem bandeiras nem se hasteiam maçarocas.

Foi apresentada queixa? Parece que sim, o que terá consequências gravíssimas: os Rodrigos Moita de Deus lá terão de ir ouvir a sentença, de bengala, ajudados pelos netos que já nem saberão o que é um blogue

Entretanto, em Myanmar


Aung San Suu Kyi ficará mais dezoito meses na prisão, segundo a sentença hoje lida pelo tribunal birmanês. A pena não terá sido mais severa por receio das reacções internacionais, concretizadas, recentemente, em mais uma declaração do Conselho de Segurança.

Nos últimos dezanove anos, esteve detida mais de treze. E a vida continua.

(Fonte)

10.8.09

Se ainda não tinham descoberto a solução para a crise, aí a têm
















Os tais pensamentos de João César das Neves, que não dispenso à 2ª feira:

«Para isso a economia de mercado tem apenas de regressar ao seu espírito original. Os críticos esquecem que nos primórdios do capitalismo, na Itália do século XII, as empresas tinham na contabilidade uma rubrica destinada aos pobres intitulada "do nosso bom Senhor Deus". Esquecem que a primeira multinacional, com enorme impacto no progresso económico, foi a rede de mosteiros que cobriu a Europa e depois o mundo. O Papa não é só o chefe da Igreja. É também o porta-voz da cultura que criou o desenvolvimento.»

Esta querida blogosfera















O post do Bruno Sena Martins, em avatares de um desejo, ganha mais actualidade a cada dia que passa, merece leitura na íntegra e muuuuuita reflexão.

«Assim se forjou uma era em que o debate político ia sendo fortemente alimentado pelas franjas do espectro político e em que a discussão vivia de questões marcadamente ideológicas. Pois bem, essa era acabou. Hoje a blogosfera é um reflexo fiel da esfera pública portuguesa: o debate ideológico foi largamente substituído pelas questões pragmáticas do governo da república e a crítica tendencialmente indiscriminada deu lugar aos rigores da lealdade partidária. De facto, não haveria forma de olharmos para o Jamais ou para o Simplex senão como sintomas cintilantes de uma nova era, uma era em que os partidos do centro político reclamam na blogosfera o protagonismo que lhes é devido no mundo real. Enumerando as causas desta transformação, poderíamos dizer que resulta de uma crescente densificação de transações entre a blogosfera e o mundo exterior, que resulta da institucionalização de algumas vozes sob a morna respeitabilidade dos media tradicionais, que resulta de uma conjuntura em que a política internacional não fomenta fracturas ideológicas de maior, que resulta de um clima pré-eleitoral que favorece um calibrar das relações de poder, que resulta, enfim, do magnetismo de um centro político que assim revela a extensão da sua hegemonia

Sobre a mesma problemática – ou quase -, ler também este texto.

Pensando já em César das Neves, a ler no DN daqui a umas horas

9.8.09

«Aquilo que se me oferece dizer»

Um partido de que não se fala













Poucos se terão apercebido de que nasceu oficialmente, no passado dia 30 de Julho, uma nova formação partidária. Chama-se PPV – Partido Pro Vida -, concorrerá às eleições e acaba de se associar a um comunicado (emitido em nome da Federação Portuguesa pela Vida e da Associação Juntos pela vida) sobre a lei da educação sexual, aprovada há três dias pelo presidente da República.

Segundo a Lusa, Cavaco é considerado responsável pelas «leis mais criminosas da História» (liberalização do aborto, procriação medicamente assistida e divórcio), «a doutrinação compulsiva anti-família é, a partir de agora, um facto protegido pela Lei», «um erro tanto mais trágico quanto evitável pois ao fazer-se a educação sexual facultativa tê-la-ia quem a quer e não a teria quem a não quer». É extraordinário que pessoas, para quem tudo é sempre mais ou menos obrigatório ou proibido, armem agora em defensores do «facultativo». Mas adiante.

Fidelidade, portanto, a todas as lógicas de todos os princípios e outra coisa não seria de esperar. Mas vão andar por aí, farão barulho nos próximos tempos e terão muitos aliados naturais, entre os que se movem por grandes «esperanças» para Portugal e não só. Será bom não menosprezar nada disto, distraídos que andamos com velhas guerras de alecrim e manjerona.

Nagasaki, 9 de Agosto de 1945