25.2.10

Cartas de uma deputada




Ontem, no Facebook, pedi encarecidamente que alguém me desmentisse ser esta a posição do PS relativamente aos fins-de-semana em família de Inês de Medeiros. Andam por lá muitas pessoas aficionadas ao dito partido, mas ninguém se acusou.

Hoje, Ferreira Fernandes escreve uma bela crónica sobre o assunto.

O que me vale é que, daqui a dois meses, estarei em Darjeeling!

13 comments:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Bom dia, Joana,

Eu hoje não faço a pergunta, porque isto não tem nada a ver com o facto da deputada e de o seu partido serem de esquerda, tem a ver com outro motivo.
O sistema político português elege os deputados através de listas de candidatos em círculos plurinominais.
É o maior "handicap" da Democracia portuguesa, e não há remédio para ele.
Como o parlamento é grande, não há políticos em número suficiente para o preencher, de modo que os partidos complementam as listas com, pelo menos, dois tipos de candidatos adicionais.
Uns, são a "malta" do aparelho do partido, aquelas meninas e meninos que lá aparecem de penteados altos, "tailleurs" e óculos angulosos.
Outros, são a "malta" da televisão, os "Gato Fedorento" da publicidade dos partidos.
Andam todos ao mesmo, andam lá a fazer pela vidinha.
Enquanto os primeiros são relativamente ingénuos e trazem aquilo ao que vêm estampado no rosto, os segundos são muito mais manhosos (já o Vasco Santana avisava o Ribeirinho dos perigos das cinéfilas...), e nem vale a pena gastar linhas a explicar ou sequer exemplificar.
Porque é que isto se passa num partido de esquerda mas não tem a ver com a esquerda?
Porque isto acontece nos partidos que têm listas de candidatos grandes para preencher nos círculos grandes, sejam eles de esquerda ou de direita.
Com círculos uninominas, não se colocaria sequer a circunstãncia de procurar candidatos para encher a lista.

PS: E a "Casa dos Comuns", eleita em círculos uninominais, e onde os parlamentares fizeram a mesma sorte de habilidades? Fizeram, mas não voltarão a fazer, porque agora vão enfrentar os seus eleitores olhos nos olhos, um a um, e não disfarçados, quase clandestinos, no meio de listas partidárias de que os eleitores nem sabem a composição.

PS2: E a pergunta? Bom, ainda não perdi a esperança de a ver respondida por aqui, se bem que já tenha estado mais optimista...

Joana Lopes disse...

Manel,
Eu não penso de todo que a Inês de Medeiros tenha sido escolhida porque «sobravam» lugares e, neste caso, a tua argumentação não colhe. Nem acredito que tenha respondido ao convite para «fazer pela vidinha».

O que acho inacreditável é que, tendo votado em Lisboa e sido eleita por Lisboa, tenha agora o PS a defender que lhe devem ser pagas viagens semanais a Paris porque paga lá impostos ou com outros pretextos muito pouco dignos.

Jorge Conceição disse...

E mesmo que fosse deputada pelo círculo da Europa o objectivo das viagens não seria para ir aos locais da europa onde residem eleitores portugueses? Isto é, Paris (e outras cidades francesas), Luxemburgo, Bruxelas, Amsterdam e as diversas cidades alemãs e suíças com emigrantes nossos? Porque haveria de ser só Paris? E apenas para ver a família?

septuagenário disse...

Quem tem massa vai a Darquê?, QUEM NÃO TEM FICA EM CASA!

Boa viagem.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Joana,

Se pedir um subsídio de 900 contos por mês para ir todas as semanas a Paris (em classe executiva...) não é fazer pela vidinha, eu estou errado.
Se a tentativa de obter o subsídio recorrendo a pretextos indignos foi só obra dos colegas com a qual ela não tem nada a ver, eu estou errado.
Se o PS não a colocou nas listas de candidatos à AR por ser uma cara bonita da televisão, eu estou errado.
Uma habilidade como esta podia acontecer se os deputados fossem eleitos em círculos uninominais?
Poder, podia, mas não era a mesma coisa...
Ou então eu estou errado.

José Meireles Graça disse...

A minha Mulher, benza-a Deus, não passeia pela blogosfera. Mas tem a mania das viagens. Darjeeling vinha mesmo a matar, aposto: É muito longe, no sub-continente do Quinto Reino do Diabo; a gente, a arquitectura, os costumes, a comida, tudo diferente ... ainda bem que não se conhecem. Porque já sou taxado de troglodita misantropo, não se fazia mister um reforço das hostes adversárias.

Joana Lopes disse...

JMG, Eh! Eh! Constato, nas minhas digressões, que há muito mais mulheres viajantes que homens - um tema sobre o qual ainda hei-de meditar!

João Gaspar disse...

a joana já viu o filme the darjeeling limited?

Joana Lopes disse...

Só excertos no Youtube, João

São disse...

Joana,
em relação a esta triste história que aqui relata cito uma frase que li em tempos idos e que aqui fica a matar: "Tamanha sem vergonha nem as meretrizes." O povo é, de facto, muito sereno.
Quanto a Darjeeling, continuo a contagem decrescente, hoje já faltam menos de dois meses e amanhã ainda menos...Eu só espero é que os dias que lá estivermos pareçam mais de dois meses.
Ah!O filme é engraçado mas uma pobreza face ao que iremos viver.
bjs
São

Joana Lopes disse...

Em Countdown também, São. Tenho de começar umas leituras.

São disse...

Por falar em leituras, sabia que o primeiro europeu a estar no Butão foi um jesuíta português? Pra variar...
Que é feito deste povo tão destemido, aventureiro e curioso? (Ah!Ok.Já percebi porque é que inventaram os centros comerciais.)
Bjs
São

Jorge Conceição disse...

Uma achega tardia ao caso da deputada Inês Medeiros: pelo que consegui entretanto ver, Inês Medeiros não foi transformada em deputada pelo círculo da Europa, como escreveu Ferreira Fernandes, mas apenas ocupou (como suplente da deputada do PS Maria Manuela de Melo) um dos lugares a que Portugal tem direito na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.

São 7 deputados efectivos e 7 suplentes ou substitutos que da Assembleia da República representam Portugal na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.

Mme Inês de Medeiros, deputada da APCE desde 25.01.2010 e usando o francês como língua de trabalho, é suplente de Mme Maria Manuela de Melo na "Comissão da cultura, da ciência e da educação" e na "na Sub-comissão do património cultural".

Os deputados do PS e do PSD são suplentes dos efectivos nas respectivas comissões e sub-dcomissões, enquanto que os deputados do CDS (Telmo Correia) e do BE (José Manuel Pureza), únicos membros desses partidos na APCE (ou PACE em inglês), não são suplentes mas substitutos nas respectivas comissões.

Assim, José Manuel Pureza, também membro do APCE desde 25.01.2010 e usando o inglês como língua de trabalho, é substituto na "Comissão dos Assuntos Sociais, da Saúde e da Família" e na "Sub-Comissão da Carta Social Europeia e do Emprego".