8.2.10

Verde mais verde não há




A Costa Rica elegeu ontem uma mulher para presidente da República e do Governo, num país de regime presidencialista. Com um apelido simpático, representa um partido de centro-esquerda e é considerada grande defensora dos direitos das mulheres. Mas… é contra o aborto e não aprova o casamento gay...

Laura Chinchilla contou com o apoio de Óscar Arias Sánchez, que não pôde recandidatar-se por já ter cumprido dois mandatos - personagem de muito grande prestígio, que no final dos anos 80 se opôs firmemente a que os Estados Unidos utilizassem a Costa Rica como base para atacarem a guerrilha nicaraguense e que recebeu, em 1987, o Prémio Nobel da Paz por ter conseguido que alguns países da América Central (Nicarágua, Guatemala, El Salvador e Honduras) chegassem a acordo sobre um plano de paz que ele próprio elaborou.

Embora atingida pela crise em 2009, a Costa Rica é considerada um caso de sucesso e percebe-se porquê: além do Atlântico e do Pacífico, «entalam-na» o Panamá e a Nicarágua, vizinhos não muito desejáveis. Entre guerrilhas sandinistas de um lado e Noriegas do outro, mantém uma sólida democracia desde 1949, ano em que entrou em vigor uma constituição que atribuiu direito de voto universal aos dezoito anos (inclusive às mulheres e aos negros) e que aboliu as forças armadas. Iniciou-se então um historial de pacifismo, especialmente significativo no contexto geoestratégico em que o país se insere.

Com cerca de quatro milhões de habitantes, 96% de literacia e um terço da sua área protegida ecologicamente, está na moda como destino turístico - a sua principal fonte de receitas – e exporta sobretudo ananases, bananas (*), microships e desenvolvimento de software.

Em 2006, passeei por cinco das suas sete províncias, fiz cerca de 1.300 km por terra e por rio – num país VERDE e absolutamente luxuriante, onde se atinge facilmente 100% de humidade a que só as melhores máquinas fotográficas digitais resistem.

Ir a Tortuguero é uma experiência única. Por razões ecológicas, não é acessível por estrada mas apenas por rio, numa viagem de quase duas horas. Caminha-se por trilhos com vegetação tão cerrada que se ouve chover sem que a água chegue ao chão e é-se acordado a meio da noite por trovões e chuvadas monumentais e, às cinco da manhã, por simpáticos macacos roncadores. Por lá se vêem tartarugas – também verdes, na época do ano em que lá estive — a desovar na praia em noite de lua cheia.

Eu, que nem sou muito dada a excursões ecológicas, fiquei rendida a este país com muitos outros parques, vulcões, termas paradisíacas em cascatas a várias temperaturas, borboletas azuis e rãs vermelhas.

Dito isto, a Costa Rica é um país modesto. As estradas são más (péssimas, por vezes), a arquitectura de luxo não passou por ali, as povoações não são bonitas, as pessoas têm um ar muito simples. Visto a distância, Portugal parece um país de milionários, Lisboa é Paris quando recordada em S. José.

Um toque futebolístico no que seria o paraíso visual para qualquer sportinguista: foi em Tortuguero que vi, na final do campeonato do mundo de 2006, a celebérrima cabeçada de Zidane. Pareceu-me que até os macacos roncaram então com mais força!...

(*) E também plátanos, João! :-)

3 comments:

São disse...

Olá Joana,
também adorei. Pura Vida! (acho esta expressão maravilhosa e que diz tudo deste país).
bjs
São

Joana Lopes disse...

Olá, São. Já em leituras para Abril??? Sikkim espera por nós...
Bjs

São disse...

Olá Joana,
ainda não ando em leituras para Abril, ando mais a arranjar "preocupações" saudáveis (?) para ocupar a mente. Mas depois terei oportunidade de lhe contar em pormenor. Acho que vamos ter algum tempo...
Bjs
São