20.3.10

E o ridículo não mata

Não que seja novidade já que, em 2007, em Zaventem, onde se situa o aeroporto internacional de Bruxelas, foi aprovado que só se vendam terrenos para construção a quem saiba falar neerlandês - «para garantir o carácter flamengo do município e para favorecer a coabitação entre os habitantes do bairro».

Mas, pelos vistos, o fenómeno teve sucesso e expandiu-se: agora é em Dilbeek, nos arredores de Bruxelas, que só se podem instalar francófonos puros no caso de serem estrangeiros. Mais: os funcionários precisam de autorização do chefe para responderem ao telefone em francês, como se pode ouvir neste vídeo em que um humorista belga se fez passar por cônsul da Costa do Marfim.



A Europa? Unidíssima, claro.

4 comments:

José Meireles Graça disse...

Tenho a melhor impressão dos Belgas Francófonos. Aqui há uns 20 anos, parei num bar no meio de nada aí pela meia-noite. O dono do estabelecimento estava a um extremo do balcão a cavaquear com um grupo e ignorou-me. Passados uns poucos minutos, chamei-o no meu melhor francês. Como me continuasse a ignorar repeti o chamado um pouco mais alto. O homem veio de lá numa fúria e desferiu um violento murro no balcão, inquirindo o que pretendia eu. Respondi precipitadamente, em inglês, esclarecendo com grande sentido de oportunidade que não era belga. O tom mudou de imediato para o cordial. E a minha consideração pelos Valões vem daí: o homem julgou-me pelo aspecto, que, incidentalmente, é extraordinàriamente distinto e bem-parecido; o que me leva a inferir que estas tão raras características estão bastante difundidas no seio daquela comunidade linguística.

Fernando Frazão disse...

Até o Brel teve problemas com os flamengos apenas porque quando(raramente)cantava em flamengo o fazia com sotaque holandês.
Não se trata de união.Trata-se de estupidez constatada por vinte anos de contacto com tal gente.
Para além do gozo extremo que os Belgas são alvo por parte dos vizinhos, conseguiram parir o sistema eleitoral mais patético do mundo.
Já tentei junto de vários amigos meus belgas (valões e flamengos) que me explicassem o sistema.
Debalde. Nem eles o percebem.
Salva-se a cerveja mas essa não tem lingua.

Manuel Vilarinho Pires disse...

...os Balcãs aqui tão perto...

(Isto é o "post" mais apreensivo que já fiz desde que ando nas redes sociais)

Joana Lopes disse...

Enfim, talvez não haja razão para tanto, Manel:os belgas vivem assim há décadas, já não sabem fazer outra coisa.