17.3.10

Humanos como nós


Se abrir uma torneira é para nós um gesto elementar e automatizado, há cerca de 900 milhões de humanos – quase 90 «Portugais» - para quem continua a tratar-se de uma simples miragem. Como desconhecido é, para 2.600 milhões, o que significa ter acesso a um mínimo de saneamento básico.

As regiões-vítima são, como se sabe, a África Subsariana e o Sudoeste Asiático - apesar de muitos esforços, os progressos acabam por ser muitas vezes neutralizados pelo elevado crescimento demográfico.


Quando leio notícias deste tipo, «regresso» imediatamente ao Cambodja e a imagens que nunca esquecerei e que descrevi então neste blogue há quase um ano:

«À beira de uma estrada e de um canal, e sobretudo num extensíssimo lago, muitos milhares de pessoas vivem numa situação absolutamente inimaginável. Em barracas sobre estacas ou flutuantes, acumulam-se famílias cheias de filhos e até de animais, sem quaisquer condições de higiene, com esperança de vida abaixo dos 50 anos e onde as crianças que morrem todos os dias são pura e simplesmente atiradas ao lago.
A percepção da pobreza extrema continua em Phnom Penh que viu a sua população aumentar para dois milhões de habitantes desde que duzentas fábricas de têxteis aqui se instalaram, muitas como resultado de deslocalizações dos nossos países. Maná caído do céu, mesmo quando se trabalha 364 dias por ano, com condições e salários que não é difícil imaginar.»

Nós, por cá, todos mais ou menos bem apesar das crises e o resto são lamúrias: hoje, 4ªf, às 3:00 da tarde, fazia-se fila para pagar numa loja do Colombo. E no Domingo passado não se conseguia uma mesa vaga em restaurantes, nada baratos, nas praias da Caparica.

Soa a canto do cisne.

2 comments:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Não é caso para desanimar!
No Sábado e no Domingo também havia filas para entrar no Museu Berardo, que até é gratuito.
Com tanta fila, tanto em locais a pagar, como gratuitos, se calhar somos nós que estamos com sobrepopulação...
Afinal a procriação da Drª Isilda e do Doutor Adelino resultou!

Joana Lopes disse...

Ou uma outra possibilidade «Só eu sei porque não fico em casa!»