8.4.10

E o Rio a milhões de quilómetros


A tragédia dura há vários dias, há mais de 150 mortos contabilizados desde que as cheias começaram. As últimas informações dão conta de um grave deslizamento de terras em Niterói, onde se estima que 200 pessoas tenham ficado soterradas.

Claro que os jornais noticiam e as televisões também, mas reservam bem menos tempo ao assunto do que a um desfile no sambómetro ou a um qualquer desaire de um jogador de futebol brasileiro. Na blogosfera, um silêncio sepulcral.

E, no entanto: quando acontecimentos similares atingiram a Madeira há dois meses, a Pátria vibrou, os jornalistas não dormiram, os blogues encheram ecrãs, nasceram imediatamente Causas no Facebook, até Sócrates fez as pazes com Jardim.

Será porque Álvares Cabral chegou ao Brasil uns anos depois de Zarco e amigos terem posto os pés na Madeira? Porque a viagem Lisboa – Rio leva mais umas horas do que para o Funchal? Porque as bananas desde lado do Atlântico são melhores do que os sucos de coco no calçadão? Porque temos mais ou menos primos num sítio ou no outro?

Nada disso: somos paroquianos, o nosso mundo é pequeno, a nossa pátria não é a língua portuguesas coisíssima alguma, mas sim a esquina da nossa rua, quando muito o morro da «nossa ilha». E, no fundo, no fundo, sentimos que o dr. Jardim é mais da nossa família do que Lula da Silva. Essa é que é essa.

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