12.4.10

Tomás Vasques e os meus «posts» sobre o General Spínola

Detesto blogues sem comentários (já o disse 1.500 vezes, eu sei…) por muitas e variadas razões, uma das quais é a de não permitirem que se esclareça em duas linhas o que não justifica um post.

No Hoje há conquilhas, Tomás Vasques refere este post que publiquei ontem e diz já não o encontrar, sugerindo que eu possa tê-lo apagado. Enganou-se de blogue, até já mo disse no Facebook, mas, inexplicavelmente, não corrigiu na origem.

Abro aqui um parêntesis para sublinhar que tudo isto se tornou agora muito mais complicado e trabalhoso porque bloggers com Caixa de Comentários fechadas «em casa» a têm aberta, para os mesmos textos, no Facebook (que remédio se querem usar, publicitariamente, aquela plataforma…). Acontece que nem todos os leitores de blogues estão no Facebook, nem eu lá tenho a mesma lista de pessoas que o T. Vasques.

Fica aqui portanto o esclarecimento: o primeiro post existe (não é meu hábito apagar o que publico…) e escrevi já hoje um segundo em que explico e reforço a minha posição quanto à avenida ontem inaugurada com o nome de António de Spínola.

Já agora, aproveito para registar que T. Vasques preferiria que a ponte sobre o Tejo continuasse a chamar-se Ponte Salazar, o que não é o meu caso. Porque, guardadas as devidas proporções, percebo e aplaudo que os alemães tenham arrancado as estátuas de Hitler e que a Memoria Histórica em Espanha se esforce para que não se esbarre, a cada esquina, com recuerdos de Franco e dos vitoriosos da Guerra Civil. E isso não tem mesmo nada a ver com apagamentos de fotografias em tempos de estalinismos.
...

4 comments:

jpt disse...

Concordo nisso sobre os blogs sem comentários... E também um pouco no derrubar das estátuas. Mas isso de chamar 25 de Abril à ponte é um pouco como manter a estátua do Estaline e chamar-lhe ... Putin. Não acha? O nome de 25 de Abril - data que justifica os maiores encómios - é totalmente desadeaquada (na prática é um anacronismo). Seria, isso sim, adequada à "Vasco da Gama".

Já agora, e sobre a Avenida (nem sabia) Spínola - interessante seu resmungo. A acima referida "Vasco da Gama", conhecido navegador que chegado à India começou a sua acção por deitar borda-fora os tripulantes de um barco (sim, forma de reclamar soberania sobre as águas; mas, sim, também contemporâneo de Damião de Góis ou Duarte Pacheco Pereira, coisas de sinal contrário), seguindo-se o bombardeamento das cidades avistadas, não causa problemas toponímicos similares? Ou o passado não tem "historiadores" que desvendam a "verdade"?

Joana Lopes disse...

Põe um problema muito interessante, jpt, e para o qual. honestamente, não tenho resposta.
De Vasco da Gama retenho a principal descoberta, ignoro ou esqueço as «malvadezes». Dos meus contemporâneos, lembro tudo e faço um juízo global (V. da Gama vs Spínola, no caso vertente). A sensibilidade é diferente.

Dito isto, não vejo sinceramente que, dentro de uns séculos, alguém ache que Spínola ficou na História e dê o seu nome a um satélite português...

Quanto à sua primeira observação, há-de convir que há uma diferença: ninguém chamou 25 de Abril à estátua do D. José no T. do Paço - a ponte não tem propriamente a cara de Salazar..

jpt disse...

Eu não nego a relevância (até "toponomizável") de Vasco da Gama - e nem me passa pela cabeça levar-lhe a memória ao Tribunal de Haia. Nem mesmo me ocorre agora vir resmungar contra as fanfarras (pós)imperialistas da Expo'98 amais a sua ponte Vasco da Gama (e feijoada popular na abertura). Mas se nos aprestamos a fazer a crítica aos nomes então ... Lisboa e não só estão cheios de nomes de personalidades muito criticáveis (analisáveis), e muitos da história contemporânea - para a qual a "sensibilidade" poderia estar mais desperta. Ou então aceitar alguma placidez no mapear da história através de ruas, ruelas, pracetas e avenidas. Spínola, como o texto que cita, foi complexo, muitas facetas desagradáveis, mas evoluíu no seu entendimento do real (ainda que nunca tivesse sido um must, mas enfim...) mas teve um papel na implementação da democracia - e foi o seu primeiro presidente. É o meu modelo? Não, mas o imperialista (e tão similar, se bem se pensar)De Gaulle não é e papo com o "Casablanca" todos os anos.

Quanto às acusações de ser um bombista (e um nazi, no texto que V. liga). Não lhe fica nada bem na biografia os ferreiras torres e os valentins loureiros, ok. Mas também se poderá contextualizar um pouco essa deriva. É um resquício do tempo de então, "nós" os democratas contra "eles" os fascistas (ou "nazis"). Esquecendo que era a era dos Ceausescus e Kadares, ou para lembrar o pobre padre Max, dos Hoxas. E que não era em absoluto contra a democracia ("A Europa connosco") mas fundamentalmente contra isso que os "fascistas" de então se mobilizavam (à bomba). Erradamente? Sim, mas para defender um regime que deixa o António Costa ser, apesar de tudo, presidente de algo.

Quanto à ponte! Não estou a defender o salazarento nome. Apenas a - óbvia - parvoíce de lhe por o nome de data bem posterior. Que, como disse acima, bem poderia ter sido evocada/invocada na ponte seguinte, fruto e produto de um regime, por males que tenha, exposicionável. Quanto à velha ponte continua na minha, chamo-lhe (inapropriadamente) "sobre o Tejo". Mas defendo a proposta teórica da minha filha (aos seus cinco anos): a "ponte vermelha" (está a ver, sem pruridos ideológicos ... nem clubísticos).

Joana Lopes disse...

Nada a opor a tido o que diz, jpt.

E gosto dessa do «ponte vermelha». Para mim é simplesmente «a Ponte», nunca entranhei a outra. Mas percebi melhor agora o que diz sobre o facto de lhe ter sido dado um nome cronologicamente bem posterior.