8.6.10

Cinzento


Como já aqui o disse, de mil outras maneiras, e Rui Herbon hoje escreve, neste belo texto.

«Enquanto que mentalmente podemos recriar uma imagem de Praga ou Berlim e transformá-la, na nossa câmara escura particular, em preto e branco, é bem mais difícil imaginar com os olhos fechados um postal da Índia ou da China que não esteja carregado de cor. A Europa que se apaga do mapa, deixando de ocupar o umbigo do mundo, e não só geopolítico, mas também económico e moral, guarda como uma relíquia o seu variado repertório de cinzentos. Ao contrário do novo centro mundial, localizado no Pacífico, entre a China e os EUA, os nossos telhados abrigam um estilo que vida que não consegue harmonizar o consciente com o inconsciente, e que conserva intactos dezenas de tons da chamada cor sem carácter ou cor do aborrecimento: cinza, fumo, mofo, névoa, pomba, ardósia ou pérola. Pura melancolia.»
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