12.7.10

África perdeu um velho aliado – morreu Basil Davidson


Basil Davidson, «jornalista radical na grande tradição anti-imperial» e historiador britânico, dedicou alguns anos da sua vida à luta pela independência das antigas colónias portuguesas em África. Foi o primeiro repórter a acompanhar a guerrilha contra Portugal, em Angola e na Guiné-Bissau, e a chamar assim a atenção do mundo para uma realidade então praticamente desconhecida.

No jornal Guardian, pode ser lido um longo resumo biográfico. Num blogue de Moçambique, recorda-se a dívida daquele país para com Basil Davidson:

«Era igualmente um revolucionário, usando o seu saber e influência para denunciar e atacar as más concepções que a velha Europa tinha sobre o Continente Africano, bem como a opressão a que alguns sujeitavam os seus povos, dentro do próprio velho continente. Foi dos mais destacados membros de um movimento de solidariedade europeu a favor da liberdade que muitos de nós ainda procuravam nos anos 1960. Particularmente no caso de Moçambique, Davidson foi um apoiante fervoroso e incondicional da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que em 1964 começou com a guerra que dez anos depois iria aniquilar o colonialismo no nosso país.(…)
“Apesar de ter sido conhecido como um historiador dedicado à causa de África, Basil Davidson era solidário com todos os povos que lutavam pela liberdade em todo o mundo. No caso das antigas colónias portuguesas, sobretudo nós e os nossos irmãos de Angola e da Guiné (Bissau), foi um grande amigo e camarada”, comentou Marcelino dos Santos, que conheceu o falecido historiador na casa deste em Londres, antes do início da luta armada que a FRELIMO desencadeou para demover o colonialismo em Moçambique desenvolvia.»

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3 comments:

inês s. disse...

Também só hoje dei conta da notícia, via blogue da LRB (aqui, com link para vários artigos: http://www.lrb.co.uk/blog/2010/07/13/daniel-soar/basil-davidson/).

Nem uma palavra na imprensa portuguesa (a minha explicação para o «sintomático» de João Tunes: ignorância e a distracção da Lusa — assim andamos nós).

Joana Lopes disse...

Que % de jornalistas actuais saberá quem foi B. Davidson? Alguém lhes terá falado dele na Faculdade? Duvido...

Anónimo disse...

Fico contente por haver em Portugal que se lembre de Basil Davidson e queira prestar homenagem à sua memória. Travei conhecimento com os seus escritos, já depois do fim da guerra colonial, na década de 80 (na minha adolescência), numa altura em que descobri também a sua série televisiva que então passava na RTP 2 (que felizmente ainda guardo em VHS e que ontem estive a rever um pouco). Aprendi com ele bastante sobre Africa, e sobretudo abriu-me os horizontes para partir à descoberta de Àfrica (tanto através de outros livros, como pessoalmente). Fica aqui a minha homenagem a este grande africanista. Que descanse em paz!