9.11.10

Raiva


13:00, hoje, parque de estacionamento da Loja do Cidadão das Laranjeiras, em Lisboa. Uma mulher portuguesa, de cerca de 40 anos, vestida normalmente sem sinais exteriores de pobreza, nem qualquer sintoma aparente de adicção, pediu-me esmola. Dei-lha, desajeitadamente, e percebi que ela não queria falar. Limitou-se a agradecer e foi-se embora com o sorriso mais triste deste mundo. Um enorme murro no estômago: não estava à espera desta realidade tão depressa.


Dois milhões de contos. Espero que ninguém venha defender que é normal, porque aviso já que nem estou com paciência para argumentar.
...
...

11 comments:

Jonas disse...

http://ami.blogs.sapo.pt/43574.html

:/

Joana Lopes disse...

Exacto, Jonas, tido lido isso ontem. Mas VER um caso concreto é pior.
Abraço

Anónimo disse...

Em que país tem vivido?

Joana Lopes disse...

Em Portugal, Vasco, mas há um salto quantitativo e qualitativo, galopante, em termos de pobreza. Concordará certamente.

Anónimo disse...

Não tenho dados objectivos que o demonstrem. O que sei é que desde há muito tempo que somos o país mais desigual da Europa ocidental. E que há muito fome no nosso país, desde há muito tempo. Que mesmo nos períodos de aparente prosperidade houve sempre quem pagasse com fome e miséria (miséria mesmo) o luxo alheio.

Não entenda como provocação da minha primeira pergunta. Mas também lhe digo, sinceramente, que me parece que o seu texto revela um desligamento face à realidade da pobreza, a que certamente - e felizmente - não se encontra sujeita.

Joana Lopes disse...

Peço desculpa por insistir, Vasco, mas eu não disse que neste país não havia enormes desigualdades até agora, fome e pobreza.
Mas há uma realidade pior neste momento, como este link, que a Jonas deixou no primeiro comentário, o noticiou ainda ontem.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Não muda uma vírgula às conclusões, mas as contas estão mal feitas.
Pecam por excesso, porque consideram como custo da cimeira investimentos na aquisição de equipamentos que, uma vez adquiridos, estão disponíveis para ser usados noutras ocasiões.
Pecam por defeito, porque não contabilizam as horas perdidas pela economia (por todos nós) para essa gente poder circular à vontade e à velocidade de míssil sem "portugas" a atravancar as ruas.
Seja como for, o parque automóvel permitirá fazeruma boa aferição das "medidas de crise" do Governo em causa própria. É só esperar para ver...

São disse...

Joana, em plena Rua Barata Salgueiro, como sabe é perpendicular à Av. da Liberdade,a Wall Street cá do burgo, moram dois sem abrigo num recanto de um prédio onde colocaram uns papelões a fazer de parede contra o frio.Todos os dias pedem que alguém lhes pague um prato de sopa na pastelaria da frente. Palavras para quê?

Manuel Vilarinho Pires disse...

Aí está a coisa de que eu avisei.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=452987

A suspensão do Espaço Schengen e o fecho de fronteiras.
No alto Minho, a 500km da cimeira, só será permitido passar em Valença. Isto significa que as pontes de Monção (a 18 km de distância), Peso (38), e S. Gregório (50) estarão fechadas. Que as pessoas que moram do lado de cá e trabalham do lado de lá (há muitas) vão ter de fazer entre mais 40km e mais 100km por dia para ir trabalhar. Ou para ir ao hospital.
Quanto às que passam diariamente na raia, por caminhos ou terrenos, obviamente que vão continuar a passar, porque não há polícia que consiga controlar a passagem na raia. Nem por populações locais, nem por terroristas.
O que significa que a medida que vai paralisar uma parte da economia do alto Minho durante 5 dias é apenas para inglês ver!
Ficaste com mais paciência?

Joana Lopes disse...

Não, Manel porque: no dia 20, terei de sair da Portela, rumo a Buenos Aires!!

Manuel Vilarinho Pires disse...

:-)