16.1.10

La Rose




Com dedicatória ao dr. Vitalino Canas.

Costa, amigo…




















Fica o link mas também a notícia na íntegra (de hoje, Sábado, 14:03), não vá alguém ter preguiça de ir à fonte (o realce é meu).

As Noivas de Santo António são um evento transcendente, interessante, incontornável? Certamente que não. Mas há quem goste e esta é mais uma inacreditável cedência a várias coisas e uma descriminação como outra qualquer.

«Num comunicado acabado de chegar às redacções, o presidente da autarquia, António Costa, declara que, afinal, não é sua intenção “propor à Igreja qualquer alteração ao actual modelo em decorrência da entrada em vigor da legislação que permite o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo”.

Este comunicado surge após um artigo publicado na edição de hoje do "Diário de Notícias" segundo o qual a Igreja iria abandonar a iniciativa destinada a promover o matrimónio na cidade, e que nos últimos anos passou a incluir também uniões civis e de outros credos, e não apenas católicas. O Patriarcado nega uma relação directa entre a intenção de se desvincular dos Casamentos de Santo António e o anúncio feito pela autarquia da sua abertura a uniões gay, preferindo aludir a críticas dos fiéis sobre a forma como têm decorrido as últimas edições – precisamente com casamentos civis e entre pessoas de outras religiões.
“Sendo uma iniciativa municipal, os Casamentos de Santo António resultam de um entendimento com a igreja católica, pelo que nunca houve alteração a este evento que não tivesse sido acertada com a Igreja”, refere o comunicado de António Costa. “Foi neste quadro que se introduziram os casamentos civis e de outras confissões religiosas”.

“É claro para o presidente da Câmara de Lisboa que, sem prejuízo de considerar o respeito a qualquer fórmula de constituir família, é necessário respeitar os sentimentos religiosos associados à figura de Santo António, um santo da Igreja Católica Apostólica Romana”, prossegue. “Para que não haja equívocos, não haverá qualquer alteração ao actual figurino dos Casamentos de Santo António que não seja previamente acertada com a Igreja”.

Quanto à posição da câmara de há dois dias, António Costa refere-se a ela como uma informação errada prestada pelos serviços municipais.»

Cavaco avança















Rezou uma avé-maria a S. Nuno e decidiu assumir o comando para não ver as suas tropas definitivamente dizimadas. Não podia arriscar ter os melhores guerreiros do outro lado da barricada e por isso escolheu o mais forte, embora menino, e vai pendurar-lhe um colar ao peito.

Subirá um pouco nas sondagens, a pátria orgulha-se porque vai ter mais um medalhado da Ordem de Cristo, este agradecerá comovido e nós lemos, embasbacados, que ele se destacou «pelos serviços prestados ao país no exercício das suas funções».

Shame on you, mr. president, shame on us.

15.1.10

Haiti - Não basta olhar para a televisão


Como tem sido veiculado pelos meios de comunicação social, a AMI- Assistência Médica Internacional lançou uma missão de emergência de apoio às vítimas do terramoto de terça-feira no Haiti, estando neste momento uma equipa a caminho e outra a preparar-se para partir.

Importa agora conseguir apoio o financeiro para que as equipas possam prestar o auxílio necessário.

Contribuição através de:
Transferência bancária: NIB 0007 001 500 400 000 00672
Multibanco: Entidade 20 909 Refª 909 909 909 em Pagamento de Serviços

Bestas!


O ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, Pat Robertson, pensa que o Haiti fez um pacto com o diabo.

(Fonte)



P.S. 1 - Ontem, alguém chegou a este blogue numa pesquisa por: «Haiti e anticristo».

P.S. 2 - Só não referi as inacreditáveis declarações do bispo de San Sebastián por elas estarem já largamente difundidas e comentadas na blogosfera. Mas, ao pôr o título deste post no plural, estava a pensar também nele.

E o ridículo não mata…















Rolhas e cabeleireiras



















Se Cuba exporta médicos porque a crise prejudicou a venda de charutos, nós podíamos compensar o desinteresse pelas nossas rolhas de cortiça mandando cabeleireiras para Angola. Já que o nosso governo acha natural o tipo de contrato que faz com o governo cubano em relação a médicos, não vejo porque não nacionaliza duas ou três Lúcia’s Piloto’s (sempre sairia mais barato do que o BPN), fazendo depois um contrato com o governo angolano para ficar com uma parte choruda do que este pagaria por cada profissional.

Seria um pequeno contributo para a diminuição do nosso défice, as angolanas não teriam de vir de propósito a Lisboa para pôr extensões no cabelo e não haveria tantos despedimentos em Portugal.

A ideia surgiu-me hoje, quando almoçava perto de quem me corta normalmente o cabelo e duas colegas – salões vazios, este mês o dinheiro que sobra é todo para os saldos, o que nos salva são as angolanas. «Olha a D. A: veio ontem fazer madeixas, partiu hoje para os saldos de Nova York e vai depois ao Dubai comprar electrodomésticos. E volta cá daqui a dois meses.»

Quem diz cabeleireiras, diz personal trainers ou engenheiros civis. Angola já não é nossa e...

14.1.10

Da História Virtual














Como o mundo seria hoje diferente se Pitágoras tivesse tido uma calculadora, Carlos Magno uns binóculos para dirigir as batalhas, Cristo um PC para criar um clube de fãs no Facebook e Mao um contrato para anunciar malas da Vuitton.

(Inspirado num mail recebido hoje.)

«O papa quer falar connosco»
















«Tenho sempre a agenda bastante preenchida, mas se ele quiser podemos ir beber umas bijecas. Tenho é muito para lhe dizer, se ele me quiser ouvir com a mesma paciência que eu tenho tido para o ouvir.»

Ricardo Alves

Carreiras na Função Pública - Quotas, sim ou não?




















Um texto de Vítor Trigo

A propósito da seguinte notícia: «Função Pública: Frente Comum exige suspensão de SIADAP e fim das quotas na progressão da carreira»

Aproveito para continuar o debate sobre "Professores, os nossos super-heróis?" (1) e (2). A certa altura, “ameacei” que acrescentaria algo sobre Carreiras, pois aqui vai:

No léxico da Gestão de Recursos Humanos (RH) é comum definir Carreira como uma sequência de conteúdos funcionais. É uma definição muito fria, aparentemente demasiado tecnocrática, mas de conteúdo apreciável: (1) sendo uma sequência, pressupõe continuidade, coerência, e consistência; (2) além disso, sugere algum conjunto de regras que normalizam a passagem de cada estado (nível) ao seguinte; (3) se tem conteúdos funcionais, é porque se relaciona com funções, as enquadra, determina de responsabilidades objectivas.

Como as empresas (organizações estruturadas, dotadas de meios, e perseguindo um conjunto de resultados comum) não existem para o desperdício, mas sim para a geração de valor (valor em sentido lato, claro), as Carreiras dos profissionais que nelas operam devem reflectir estes requisitos e estes propósitos. Em linguagem corrente diz-se que todo os meios de que as organizações dispõem devem ser “affordable”, ou seja, possíveis, suportáveis, justificáveis, adequados, etc.

E é aqui que quero chegar: (1) Só faz sentido manter carreiras que justifiquem as necessidades das organizações; (2) Faz todo o sentido alterar conteúdos funcionais quando as estratégias mudam, ou adequam as tácticas às circunstâncias; (3) A quantidade de meios (nomeadamente efectivos humanos) deve reflectir as necessidades conjunturais, sob pena de fatal desalinhamento da oferta com a procura.

Tenho sérias dificuldades em distinguir esta aproximação do que vulgarmente se designa por quotas. De facto, o número de efectivos por Nível de cada Carreira tem se ser “affordable”. Se assim não for, todo o equilíbrio, e sobrevivência, da organização corre o risco de ser posto em causa, e caminhar para o desastre. Isto interessa aos trabalhadores? É uma questão que só diz respeito ao patronato e aos dirigentes?

Nunca fui sindicalista, mas durante quase quatro décadas fui sindicalizado. Nunca entendi as razões que levam os sindicatos a se mostrarem “mais contra o patronato, do que a favor dos trabalhadores”, e sempre me questionei se esta não será a razão mais importante porque tantos trabalhadores não são sindicalizados, não participam em acções sindicais de esclarecimento, de orientação e formação profissionais, e até escarnecem dos “seus” sindicatos.

O mundo está em grande convulsão. O discurso e as práticas sindicais devem adaptar-se às novas realidades.

Não se trata de capitulação. Trata-se de rever as estratégias e os comportamentos que melhor garantam os interesses de quem trabalha por conta de outrem.

E a adequação do discurso é uma peça crucial.

Parece-me.

13.1.10

Port-au-Prince - até ontem









E não se arranja umas cunhas para o Tribunal Constitucional?

















Do essencial





















Isto é que é a colaboração estratégica em todo o esplendor de Portugal! Tudo o resto é uma ninharia sem qualquer espécie de importância.

«O que há de comum entre Cavaco Silva e Jorge Sampaio, Vasco Graça Moura e Vasco Lourenço, Alberto João Jardim e Edite Estrela, Ilda Figueiredo e Diogo Feio, Lobo Antunes e Saramago, Joana Amaral Dias e Jorge Jesus, Manuel Alegre e Manuel Cajuda, Paula Teixeira da Cruz e Paulinho Cascavel, Ana Gomes e Szabolcs Fazakas (seja lá ele quem for), o apocalíptico Medina Carreira e o integrado Mesquita Machado?
A resposta é que todos eles, independentemente do que os separa, estão unidos no essencial: que é preciso, imperioso e urgente introduzir novas tecnologias no futebol "para melhorar o desempenho das equipas de arbitragem". Para isso, puseram de parte agravos e diferenças, queixas e desavenças, desemprego e dívida pública, e subscreveram uma petição à AR para que legisle nesse sentido. De seguida, tudo o indica, marcharão sobre Zurique de "Diário da República" na mão, pondo cerco ao International Board e defenestrando Joseph Blatter caso a FIFA não dê cumprimento à decisão da AR. Era provavelmente a isso que Cavaco se referia quando, na recente mensagem de Ano Novo, falava em "situação explosiva".»

Manuel António Pina, no JN de hoje (na íntegra, porque o link deixará de funcionar amanhã).

12.1.10

Charutos e médicos
















Há cerca de dois meses, um sindicato denunciou que os 44 médicos cubanos que, em Agosto do ano passado, chegaram ao Alentejo ao abrigo de um contrato entre o governo português e o governo cubano, eram objecto de descriminações em termos de horários de trabalho e de remunerações.

O assunto foi agora retomado. Aparentemente, ninguém quer dizer quanto é que Portugal paga (entrevistas sobre o assunto estarão mesmo proibidas), mas supõe-se que cada médico receba 500 euros por mês (com instalação e transportes garantidos). Segundo várias fontes, o Estado português desembolsa 2.500 euros, dos quais a família do médico recebe 15 - o resto vai para os cofres cubanos.

Mas, pelo menos tão surpreendente como o facto em si, é o que diz o embaixador de Cuba em Portugal e sobretudo os termos em que o faz: a vinda de «médicos de um país socialista», pobre e sujeito ao bloqueio que é conhecido, insere-se num contexto de «exportação de serviços médicos», já que a crise mundial diminui as receitas «da exportação do rum, do açúcar e dos charutos».

Serei demasiado sensível, mas acho esta verdade, nua e crua, uma brutalidade. Admitindo até que para os cubanos se sintam mais felizes em Vila Nova de Milfontes do que em Cienfuegos, exporta-se trabalho de pessoas (com «lucro» considerável), porque o mundo tem menos dinheiro para comprar charutos e rum? O que pensará um destes médicos cubanos que sabe quanto ganha um colega espanhol, imigrante como ele e exactamente com a mesma função? Revolta? Aceitação com fatalismo?

E qual é o papel do governo português no meio de tudo isto? Utiliza o governo dos irmãos Castro como uma Manpower que paga salários mais ou menos miseráveis e fica com uma percentagem choruda?

Não entendo nem o «socialismo» do lado de lá, nem o da banda de cá…

Em breve, num café perto de si











«An innovative British company called Light Blue Optics has created the Light Touch, which transforms any surface into a 10.1in touch screen, reminiscent of the film Minority Report.»

Mais informação

(Via José Manuel Sanchez Gonzalez no Facebook)

Acho bem porque o papa pode ter direito de veto















«Esquerda quer casamento gay resolvido antes da visita do papa»

No discurso anual que fez ontem, em francês, ao Corpo Diplomático acreditado junto do Vaticano, Bento16 abordou detalhadamente a problemática da defesa do ambiente e foi nesse contexto que disse o seguinte (o realce é meu):

«Il est nécessaire de relever que la problématique de l’environnement est complexe ; on pourrait dire qu’il s’agit d’un prisme aux facettes multiples. Les créatures sont différentes les unes des autres et peuvent être protégées, ou au contraire mises en danger de diverses manières, comme nous le montre l’expérience quotidienne. Une de ces attaques provient des lois ou des projets qui, au nom de la lutte contre la discrimination, attentent au fondement biologique de la différence entre les sexes. Je me réfère, par exemple, à des pays européens ou du continent américain

(Discurso na íntegra aqui.)

Para bom entendedor: leis que permitam o casamento de homossexuais são contra natura. É uma afirmação demasiado grave para que nos limitemos a encolher os ombros.


P.S. Via Helena Velho no Facebook:


11.1.10

Sem Eric Rohmer















Morreu hoje, com 89 anos, um dos grandes realizadores franceses da chamada Nouvelle Vague, juntamente com Godard, Truffaut, Renais, Rivette, Chabrol e alguns outros. Também editor dos Cahiers du Cinéma, deixa uma longa lista de filmes que vai de 1950 a 2007 - com um estilo subtil muito próprio, obcecado por análises formais detalhadas e que ousou dizer um dia que «as palavras são mais importantes do que as ideias». Cinema demasiado francês, disseram muitos, certamente datado em termos de Nouvelle Vague. Mas magnífico.

Entre muitos filmes possíveis, dois excertos dos meus preferidos: «Ma nuit chez Maud» (1969) e «Le genou de Claire» (1970).





Uma estátua em 18.000 homens



(Clicar na foto)

Já conhecia esta extraordinária fotografia, mas revi-a hoje porque a recebi por mail.
Foi tirada em 1918, num campo de treinos em Camp Dodge, no Iowa: 18.000 homens preparando-se para a guerra.

(Ler mais)

Só faltavam as Conservatórias, ó céus…














Punham as mangas-de-alpaca, moviam-se como num aquário, abriam lentamente uns belíssimos móveis com uma espécie de persianas de tabuinhas e retiravam uns grandes livros onde iriam registar nascimentos, mortes, casamentos, divórcios e não sei se mais alguma coisa. Havia filhos normais, outros ilegítimos e muitos de pais incógnitos. Cada cidadão esperava calmamente pela sua vez, sentado numa cadeira de pau, depois de ter fixado a cor da gravata de quem seria atendido imediatamente antes. Não existiam máquinas com senhas nem painéis electrónicos e ninguém sonhava com a hipótese de fazer paciências num PC nas horas de menor movimento. As conservatórias eram uma boa montra do cinzentismo, em tempos de ditadura.

Tudo é hoje diferente e ainda bem: o atendimento é muito melhor, mais rápido e mais eficaz. Por causa do Simplex e / ou pelo progresso da humanidade.

O que não estava previsto é que, em 2010, os conservadores de registo civil assumissem a repulsa que levou no passado muitos portugueses a desertarem por não quererem matar pessoas, pretendendo invocar o estatuto de objectores de consciência por não aceitarem casar quem tem o mesmo sexo. Consciências curtas, certamente, prepotentes e ainda totalmente cinzentas.

E o mais extraordinário é que haja quem diga que sim, que os funcionários podem, eles próprios, considerar a lei inconstitucional, enquanto outros desejam que esta inclua uma cláusula que preveja a possibilidade de objecção.

Este país ensandeceu?

(A propósito desta notícia)

10.1.10

Para ir ficando no ouvido



Do reino dos cornópios




Ainda nem cheguei ao fim do livro, mas não resisto a referi-lo de novo, porque A volta ao dia em 80 mundos, de Julio Cortázar (*) é de leitura imprescindível.

Irei pondo aqui alguns excertos.

«Que sorte excepcional ser sul-americano, e ainda por cima argentino, e não sentir-me obrigado a escrever a sério, a sentar-me diante da máquina com os sapatos engraxados e uma noção sepulcral de gravidade do instante. (…) Nada mais cómico do que a seriedade entendida como valor prévio a toda a literatura importante (outra noção infinitamente cómica quando postulada), essa seriedade do indivíduo que escreve como quem vai a um velório por obrigação ou dá uma massagem a um padre.»

(*) Cavalo de Ferro, 2009, 336 p. Leia-se a recensão de Ana Cristina Leonardo na sua Pastelaria.

Jobs for the girls















Já está.

Fala quem sabe e o explica muuuuito discretamente