10.4.10

Um vídeo ao serão (5)



(Via Virgílo Vargas no Facebook)

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PEC? Afinal foi assim


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Um outro ponto de vista


(Roubado no novíssimo Terceiro Estado)

Vem, César das Neves, estás perdoado


Quando a Shyznogud pôs isto ontem no Facebook, perguntei pelo menos três vezes se era a sério se a brincar.

«Por exemplo, qual é a melhor, a verdadeira posição para a relação sexual entre um homem e uma mulher? Quanto ao homem, essa deve ser a posição em que o homem volta as costas a Deus pelo amor a uma mulher e para cair nos braços de uma mulher - a posição correspondente ao pecado original (aqui). Quanto à da mulher, essa há-de ser a posição em que ela olha para o céu (Deus), que é para onde está a ser levada pelo homem (aqui).
Juntando as duas partes, temos a posição clássica, a posição canónica, aquela que vai à Igreja buscar o seu próprio nome - a posição do missionário. Esta é também uma posição sexual distintamente humana, e que não ocorre entre animais, e aquela que é mais favorável à fecundação.»

Não deixem de seguir o link do primeiro «aqui». Não resisto a pôr o texto correspondente ao segundo:
«Mas, então, isto significa que as mulheres não podem chegar ao céu? Claro que podem. Desde que sejam conduzidas por um Homem. Por Cristo em primeiro lugar, por um padre católico em segundo, ou por um homem que seja tão parecido com Cristo, ou com um padre católico, quanto possível.»

Autor ingénuo, desconhecido? Qual quê: bem doutor e até com honras de Wikipedia. Ou o diabo por ele.
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9.4.10

Um vídeo ao serão (4)


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Diálogos cubanos


Através do El País de hoje, cheguei a uma notícia sobre uma troca recente de cartas entre o cantor Silvio Rodriguéz e o escritor Carlos Montaner.

Do primeiro, muito se falou recentemente a propósito da sua demarcação do governo cubano, que logo então me levantou muitas dúvidas. Aparentemente com razão - e de que maneira!

Voltando às cartas: decidi procurá-las e ordená-las e, já que tenho os textos, acabei de os pôr agora online (*). São - até ao momento… - quatro, as ditas cartas, duas de SR e outras duas de CA e julgo que merecem uma leitura de fim-de-semana. Não porque o seu conteúdo traga algo de novo, mas pelos protagonistas que estão em cena.

Presidenciais – sussurros ensurdecedores: Adenda


Embora tenha falado dela há muito tempo, há três dias não considerei esta possibilidade: a de Manuel Alegre desistir, transformando-se então Soares no grande vencedor.

Mas mesmo que as pernas sejam curtas, sabe-se lá se não chegarão para que esta hipótese avance.

P. S. - TSF, 18:45, na íntegra:
«Só um motivo de saúde poderá levá-lo a reconsiderar a sua candidatura a Belém, caso contrário vai até ao fim com ou sem PS, disseram fontes próximas de Manuel Alegre à TSF.
A decisão está tomada e é irreversível. A candidatura é para seguir em frente, Manuel Alegre não vai esperar pela decisão do PS.
Fontes próximas do candidato a Belém disseram à TSF que nesta altura Mário Soares é que está empenhado em fazer com que ele desista, mas só mesmo um motivo de saúde poderia obrigar Alegre a abandonar a corrida.
Do núcleo duro de José Sócrates surge, no entanto, a garantia de que esse não é assunto que esteja a ocupar tempo ao primeiro-ministro, apontando para o próximo mês a decisão de apoiar ou não a candidatura de Manuel Alegre.
Isto porque há socialistas próximos do chefe de Governo que defendem que o PS não deve dar apoio formal a nenhum candidato. Para amanhã, Manuel Alegre tem já marcado um encontro com apoiantes de todo o país.»
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A selecção somos nós


De um belo post da Maria N.:

«O primeiro e último contacto que as crianças têm com o patriotismo é o futebol. Começa-se por amar a família, mesmo quando ela não presta, depois a rua, depois o bairro e a freguesia a que se segue a vila ou a cidade. Quando chega a vez da província já o coração foi entregue à selecção. O país nunca se chega a amar excepto quando se imigra (…)

Em Valença do Minho troca-se de bandeira e pensamos logo na selecção – e agora, vão de bandeira espanhola para a África do Sul? A selecção é o único sítio onde as nossas diferenças e o muito que nos desune desaparecem, onde até as mulheres são bonitas de bigode. É uma espécie de luta por um nós que nunca somos.»
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8.4.10

Um vídeo ao serão (3)



(Este veio do Facebook, com dedicatória do Virgílio Vargas)
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E o Rio a milhões de quilómetros


A tragédia dura há vários dias, há mais de 150 mortos contabilizados desde que as cheias começaram. As últimas informações dão conta de um grave deslizamento de terras em Niterói, onde se estima que 200 pessoas tenham ficado soterradas.

Claro que os jornais noticiam e as televisões também, mas reservam bem menos tempo ao assunto do que a um desfile no sambómetro ou a um qualquer desaire de um jogador de futebol brasileiro. Na blogosfera, um silêncio sepulcral.

E, no entanto: quando acontecimentos similares atingiram a Madeira há dois meses, a Pátria vibrou, os jornalistas não dormiram, os blogues encheram ecrãs, nasceram imediatamente Causas no Facebook, até Sócrates fez as pazes com Jardim.

Será porque Álvares Cabral chegou ao Brasil uns anos depois de Zarco e amigos terem posto os pés na Madeira? Porque a viagem Lisboa – Rio leva mais umas horas do que para o Funchal? Porque as bananas desde lado do Atlântico são melhores do que os sucos de coco no calçadão? Porque temos mais ou menos primos num sítio ou no outro?

Nada disso: somos paroquianos, o nosso mundo é pequeno, a nossa pátria não é a língua portuguesas coisíssima alguma, mas sim a esquina da nossa rua, quando muito o morro da «nossa ilha». E, no fundo, no fundo, sentimos que o dr. Jardim é mais da nossa família do que Lula da Silva. Essa é que é essa.

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A PIDE na rota dos ventos


Muitos se queixam de silêncios sobre o passado e do esquecimento em que caíram os ex-pides que andam por aí como se nada se tivesse passado há trinta e seis anos. Mas o que os signatários do Manifesto anti-eólicas não esperariam certamente era ver o seu texto ligado à ressurreição dessas memórias.

Mas a notícia aí está, preto no branco: o responsável, em Portugal, pelo projecto da empresa alemã ligada ao núcleo criado em Viana do Castelo, alvo das críticas do texto em questão, não aceita «comentários soezes» do alegado inspirador científico do Manifesto porque… este pertenceu à PIDE-DGS.

Fui acordada esta manhã por uma pessoa habitualmente muito bem informada, e que ria às gargalhadas com este súbito ataque industrio-memorialístico, já que o nome de Pinto de Sá nada lhe dizia e, ainda menos, o do seu (terrível!!!) livro Conquistadores de Almas, publicado há quatro anos.

É verdade: bem antes de saber o que eram eólicas para as combater, Pinto de Sá pertenceu a um grupo ml, foi preso e passou a colaborar com a PIDE - foi ele próprio que o disse no livro em questão.

Quem quiser saber mais, ou recordar o já esquecido, pode ler este texto de Rui Bebiano no velhinho Passado / Presente.
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7.4.10

Um vídeo ao serão (2)

Gauches


Neste número especial de Nouvel Observateur (Abril-Junho 2010), que acaba de chegar (cá) às bancas. Pus online, para além da capa, o Índice e a Apresentação.
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A República Mês a Mês


Por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa e da Fundação Mário Soares, está a decorrer uma série de dezoito colóquios, no âmbito das comemorações do centenário da República.

A brochura com o Programa e Textos de Apoio (com muitas imagens) é magnífica e está online em formato PDF.Vale por si.

Podíamos ser mais diferentes dos gregos? Podíamos, mas não era a mesma coisa!


Já está praticamente tudo dito sobre os «salários» devidos a António Mexia em 2009: 3,1 milhões de euros, de ordenado fixo, variável e prémios.

O que está em causa não é a gestão e remuneração por objectivos, que considero não só inevitável mas benéfica, no sistema em que vivemos e enquanto não conseguirmos outro melhor. É a falta de vergonha e até de senso, para não empregar expressões priores, que esta ponta do iceberg revela. Porque Mexia não é o único gestor português em circunstâncias semelhantes como, em jeito de queixinhas, não deixou de recordar.

A situação actual do mundo, que nos atinge, não teve nada a ver com isto? Claro que teve e que tem. E, correndo propositadamente o risco da demagogia (por vezes tão salutar…), fica-me um sabor amargo ao lembrar que longe vão os tempos em que ainda se gritava, com pouca ou muita convicção, «os ricos que paguem a crise».

O país vive acima das suas possibilidades, mas há nele alguns, muito poucos, com «possibilidades» desmesuradas que são uma verdadeira bofetada para os outros. Talvez só percebamos isso se o FMI nos entrar pela casa dentro, o que esperemos que não venha a acontecer.

É bom não esquecer que o Estado, com 20% do capital da EDP, é o seu maior accionista. E leio com espanto que, para a semana, vai ser discutida em assembleia-geral «a redução dos prémios anuais dos gestores executivos de 100 para 80% do vencimento fixo».

Devagar, devagarinho, talvez o engenheiro Sócrates chegue um dia ao socialismo, provavelmente ajudado pela sua ala esquerda. Vejo que António José Seguro considera «obsceno» o caso Mexia e que Ana Gomes fala da «estarrecedora insensibilidade» de Sócrates. Serão masoquistas? Ainda estão no PS, porquê? Alguém os obriga? Acreditam mesmo que vão «reformá-lo»?


P.S. - Contributo de Manuel Vilarinho Pires (ver Caixa de Comentários):

6.4.10

Um vídeo ao serão (1)



A ucraniana Kseniya Simonova recorda, com desenhos em areia, a invasão do seu país pela Alemanha, durante a II Guerra Mundial.

Presidenciais – sussurros ensurdecedores

Passam-se as semanas e os meses, o Orçamento já foi aprovado e nem Manuel Alegre anuncia formalmente a candidatura a Belém, nem o PS diz que o apoiará quando isso acontecer - uma corda esticada que romperá ou não, é o que se verá mais dia menos noite.

Só quem não ler nas linhas e entrelinhas do que alguns pesos pesados do PS vão dizendo é que não entende que há um rolo compressor dentro do PS para que Sócrates ceda e apoie Alegre, algum tempo passado sobre o discurso deste em Bragança, certamente muito difícil de digerir.

Mas, ainda ontem, Silva Pereira, certamente o clone mais perfeito do primeiro-ministro, disse à TVI24, no fim de uma entrevista sobre as casinhas da Guarda, que os portugueses não podem ter dúvidas sobre a prioridade do PS - que é a governação -, e que «não há calendário» para a decisão sobre as presidenciais.

Pelo meio, João Soares vai aconselhando Manuel Alegre a «não fazer muitas asneiras» e este responde que não tem de «fazer o discurso do governo nem o discurso da oposição».

Se o PS não tem calendário, tem-no Alegre e algo me diz que não esperará muito mais tempo.

Prognósticos só no fim da novela, ou pelo menos do folhetim em curso, mas temo que isto acabe bem para Sócrates, ou seja que Cavaco fique em Belém por mais cinco anos. Se levar o PS a apoiar Alegre, fá-lo-á frouxamente, diminuindo assim as já não muito grandes hipóteses de vitória. Caso contrário, é mais complicado: ou o maior partido português prima pela originalidade de não escolher nenhum dos candidatos, ou consegue inventar uma outra vítima para a primeira volta ou… escolhe o médico e tenta trazer Olivença de volta.

Quem «ganharia» em qualquer destas últimas três hipóteses? O Bloco, sem dúvida, a parte do PS que não seguiria o chefe (não esquecer que o voto é secreto...) e, para uma certa esquerda, certamente a campanha e talvez o futuro. Digo eu...
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Aos 95


O jornal El País de hoje publica um conjunto de respostas de Santiago Carillo a internautas que o interrogaram sobre uma série de questões relativas ao passado e ao presente. Vale a pena dar uma vista de olhos.

Será velho mas não é parvo: veja-se este diálogo sobre Cuba:
¿No cree usted que IU debió haber condenado la muerte del preso político Orlando Zapata, los atropellos contra las damas de blanco y los disidentes en Cuba, en vez de mirar a otro lado? ¿Qué opina usted de la situación en este país?
De la situación actual en España, pienso que es una situación muy confusa, muy compleja, por la crisis económica, y por los procesos de corrupción de miembros del Partido Popular, generalmente, que están desacreditando la política y los políticos, lo que me parece muy grave. En cuanto a lo de Cuba, hoy no toca hablar de eso.

Ficção e realidade


Ali ao lado, «Quando o Duarte esteve quase a disparar a bazuca de classe» - ou o 25 de Novembro de 75, em mais uma história do João Tunes. A não perder.
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5.4.10

Numa belíssima versão


Images of partisans from different countries (italians, Jews, Spaniards, Soviets, Yugoslavs...) music:name song "Along the valleys, along the hills", ("По долинам и по взгорьям"). Red Army Choir.

(Via Paz Carvalho no Facebook)

Na China, num 5 de Abril


A memória é uma realidade bem estranha porque acordei a associar a data de hoje a Tiananmen e, sobretudo, a «Cisnes Selvagens», sem identificar minimamente a razão.

Mas ela existia afinal: em 5 de Abril de 1976, deu-se naquela praça uma forte repressão policial – bem antes daquela que nunca esqueceremos, em 1989 – para impedir comemorações em honra de Zhou Enlai que morrera poucos meses antes. E eu devo ter guardado, sei lá onde e por que razão, a descrição que Jung Chang faz dos acontecimentos.

«A 8 de Janeiro de 1976, faleceu o primeiro-ministro Zhou Enlai. Para mim e para muitos outros chineses, Zhou representara um governo relativamente liberal e são de espírito que se esforçava por fazer o país funcionar. Nos anos negros da revolução Cultural, Zhou tinha sido a nossa única e débil esperança. (…)
[Na Primavera]Em Beijing, centenas de milhares de cidadãos reuniram-se na Praça de Tiananmen durante dias seguidos, para honrar Zhou com coroas de flores especialmente preparadas, leitura de versos apaixonados e discursos. Através de simbolismos e numa linguagem que, apesar de codificada, toda a gente compreendia, deram largas ao seu ódio contra o Bando dos Quatro, e até contra Mao. Os protestos foram esmagados na noite de 5 de Abril, quando a polícia atacou a multidão, prendendo centenas de pessoas. Mao e o Bando dos quatro chamaram a este movimento “um levantamento contra-revolucionário do tipo húngaro”».

P.S. - Estava a acabar de escrever este texto quando se fez luz quanto ao motivo da minha misteriosa recordação: há seis anos, eu estava em Pequim nesta data e, antes de ir, anotara no meu guia de viagem, à margem da descrição destes protestos: 5 de Abril de 1976. Lonely Planet forever, afinal!

Difamação, diz ele


Era fatal como o destino: César das Neves viria a terreno defender a igreja e atacar o resto do mundo. E de que maneira!

«O contexto é a guerra cultural. Parecendo combater a pedofilia, visa-se a promoção do aborto, eutanásia, divórcio, promiscuidade.» Leia-se e releia-se.

Quando se critica um padre por ter abusado de uma adolescente, está-se a dizer que ela deve abortar. Quando se suspeita que Ratzinger possa ter contribuído para o encobrimento de casos de pedofilia, sugere-se que ele vá a uma clínica suíça pedir que o matem. Quando não se entende que um pregador franciscano seja tonto, é porque se insinua que isso se deve ao facto de ter uma tia divorciada. Quando se condena que, ao logo de décadas, padres reconhecidamente pedófilos tenham sido apenas deslocados para outros locais, continuando a ter contacto com crianças, ah pois com certeza: o objectivo é promover a promiscuidade!

(P.S. – A propósito deste último ponto, leia-se isto.)
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A guerra das calças




Um recorte de um velho Diário Popular fez-me recuar mais de quarenta anos, até 1969. Nele se lê que, nesse ano, as lojas passaram a vender um número absolutamente inusitado de calças a mulheres de todas as idades (Para ler, clicar na imagem.) Nesse fim de década, os costumes não eram o que até aí sempre tinham sido, Salazar já tinha caído da cadeira e, apesar das notícias filtradas, Paris e as barricadas do Maio de 68 não tinham estado tão longe como a Nova Zelândia.

Mas o que é mesmo curioso é a fotografia e respectiva legenda: «As alunas da Faculdade de Letras já ganharam a sua batalha». Não é dito qual era a batalha nem qual foi a vitória, talvez porque um lápis azul da censura tenha cortado a explicação ou porque esta foi evitada para escapar ao dito lápis. Mas eu explico.

Dava então aulas em Filosofia e a prática corrente quanto a indumentária feminina era a seguinte: só às estrangeiras, que frequentavam cursos de língua portuguesa, era permitido usar calças e a triagem era feita pela Sr.ª Clotilde. Várias gerações se lembrarão desta zelosa empregada, sempre presente pelos corredores, movendo-se lentamente dentro de uma bata preta acetinada. Quando avistava pernas femininas revestidas, aproximava- se e perguntava em voz muito baixa: «A menina é estrangeira?». Ausência de compreensão, e portanto de resposta, era interpretada como afirmativa e a autorização era tácita, mas tinha ordens para pedir às portuguesas que abandonassem as instalações da Faculdade.

Uma parte desse ano de 69 foi animadíssima na Cidade Universitária - como o foi (e de que maneira…) em Coimbra e nalgumas outras faculdades de Lisboa. Uma lista encabeçada por Arnaldo Matos ganhou a presidência da Associação de Direito (contra Alberto Costa, o ex-ministro da Justiça, então do PCP) e aqueles que viriam a fundar pouco depois o MRPP mantinham em agitação permanente, directa ou indirectamente, o conjunto das três faculdades vizinhas: Direito, Letras e Medicina. Multiplicavam-se os plenários e recordo-me especialmente de um que teve lugar no Hospital de Santa Maria, com milhares de estudantes e alguns (poucos) professores – tão poucos que, de Letras, apenas Lindley Cintra e eu nos pusemos a caminho, debaixo de um mesmo chapéu-de-chuva, insuficiente para impedir que chegássemos ao destino encharcados dos pés à cabeça. Aí foi decretada uma greve e, enquanto ela durou, é óbvio que a Srª Clotilde se recolheu atrás de uma secretária, num corredor longe do átrio, e que toda a gente fez assembleias por todos os cantos, com calças, saias e mini-saias. Não sei se os objectivos pela qual a greve foi convocada terão sido minimamente atingidos (para ser sincera, nem me lembro exactamente o que poderão ter sido…), mas ela teve, garantidamente, um benefício colateral: as calças entraram em Letras para sempre e ficaram como direito feminino adquirido. Ou seja, foi ganha a tal batalha que a fotografia refere sem explicar.

4.4.10

Sempre vai uma missa


... que hoje é dia delas - esta, dos velhos tempos.

Dakar ou Pyongyang


Como marco para a comemoração do seu 50º aniversário, o Senegal inaugurou ontem m uma estátua gigantesca, maior que a da Liberdade em Nova Iorque e colocada no topo de uma escadaria com 250 degraus.

Neo-realista mais do que q.b., obra de coreanos que trouxeram arte e engenho e facilmente substituíram Kim Jong pela representação de uma família que mostra ter-se libertado da escravatura e do obscurantismo. Enfim, a globalização no pior dos seus esplendores.

Mil protestos não se fizeram esperar, pela exorbitância da despesa e não só: uns identificam símbolos maçónicos, os muçulmanos (mais de 90% da população), não gostam dos trajes ligeiros da mulher, as feministas reprovam que esta apareça atrás do homem…

E Lépold Senghor, sem qualquer espécie de dúvida, a dar meia dúzia de voltas no túmulo.


Cuba, ainda. E para não dizerem que não vou às fontes


Há poucas horas, começaram a surgir, em tudo quanto é fonte noticiosa, excertos de declarações do Presidente do Parlamento Cubano, Ricardo Alarcón, relacionados com a morte de Orjando Zapata e com a «campanha mediática» em curso contra Cuba. Já li por aí que estão a ser tirados do contexto. Aqui ficam então – com o dito contexto – e falam por si.

O que está em causa é uma longa entrevista dada ontem a Cubadebate que pode ser lida aqui na íntegra.

Transcrevo a parte que interessa, com realces meus (a azul).

«Esa disciplina [dos media]es evidente por estos días, cuando se publica tanto sobre las Damas de Blanco y los supuestos presos políticos. ¿El objetivo en este caso será darle a estos grupos la legitimidad que no encuentran en la población cubana?

Puede tener varios objetivos. Uno de ellos encaminado a dañar las relaciones de Cuba con el mundo exterior, tratar de debilitarnos en ese terreno donde han tenido grandes derrotas.

Hay un tema que quiero resaltar. Esos medios que se desbocan hablando contra Cuba y a favor de los supuestos presos, mantienen un silencio sepulcral ante el caso de nuestros cinco compañeros presos en Estados Unidos. Mientras eso sucede, todos los medios de prensa norteamericanos hablan ahora sobre la situación de estos mercenarios pagados durante cincuenta años con el dinero de los trabajadores y los empresarios estadounidenses ¿Tienes una idea de cuanto habrán gastado en cincuenta años, sin control y sin auditoría? Recordemos que a la CIA nadie la audita.

Yo creo que busca ante todo dañar la imagen de Cuba, tratar de falsificar lo que realmente significa la Revolución Cubana, y no nos engañemos, no es porque ellos estén viviendo en un jardín de rosas, sino porque el sistema y la filosofía política que prevalece en Estados Unidos están en crisis.

Es una indecencia hablar de la desgraciada muerte de Zapata como si fuera una responsabilidad de Cuba. A ese señor nadie lo obligó a declararse en huelga de hambre. No era un preso político, no estaba en la famosa lista que todos los medios tienen y explotan constantemente. Lo incorporan como disidente cuando descubren que podían convertirlo en un instrumento para su campaña. Desgraciadamente perdió la vida.

¿Cuántas vidas ha salvado la Revolución? ¿Cuántas vidas ha ayudado a salvar aquí y fuera del mundo? Posiblemente sea Cuba el país que más dignifique a la vida, que más respete la vida, que más ayude a la gente a vivir.

Yo diría que aquellos que alientan y ensalzan a los que se han prestado a esta operación mediática contra Cuba, son responsables por las vidas de esas personas, por la del señor Zapata y por cualquier otra que se produzca.

Sorprendió ver el silencio de la prensa internacional, cuando la Televisión cubana trasmitió un reportaje desmontando las mentiras en torno a la muerte de Zapata.

Por eso te digo que tienen responsabilidad con la muerte. Creo que es lamentable que ese señor haya muerto, me parece absurdo.

Comprendo qué puede haber funcionado en su mente. Por sus antecedentes penales no le pueden dar una visa a Estados Unidos, sin embargo, en cuanto asume la condición de disidente pasa a ser un héroe y se limpiaba su expediente delictivo. Quizás eso, acompañado por la propaganda que recibía, lo alentaba a persistir.
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Happy Days