17.7.10

The same old story


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Alarmismo repressivo - A voz certeira da PSP


No seguimento do que aqui referi, e de um debate que entretanto teve lugar, pede-se a atenção para este importante comunicado do Sindicato da PSP. Há que travar a vaga de intimidação reinante neste momento, que, entre outras coisas, fomenta claramente o racismo: para além de declarações como as de António Capucho, registe-se que não me lembro de ver UMA única imagem em telejornais recentes, sobre incidentes em praias ou em comboios, que não seja ilustrada com imagens de negros. Matéria para reflexão...


Comunicado - Incidentes na praia do Tamariz

O Sindicato Nacional dos Oficias de Polícia (SNOP) vem manifestar o seu repúdio pelas declarações do senhor Presidente da Câmara Municipal de Cascais e outros comentadores na sequência dos incidentes na Praia do Tamariz no Estoril no dia 04 de Julho de 2010.

Com efeito, a postura adoptada por diversos intervenientes nesta polémica revelou-se alarmista e pouco rigorosa, demonstrando um total desconhecimento dos factos em si e apelando à concentração de recursos policiais num local que beneficia sistematicamente de reforço da segurança na época balnear. Em concreto, o Sr. Presidente da C.M. de Cascais com as suas declarações ajudou igualmente a aumentar o sentimento de insegurança dos cidadãos, acabando por prejudicar os interesses turísticos no respectivo concelho. Para além disso, foi possível assistir a declarações que mexeram sub-repticiamente em sentimentos de desconfiança e de discriminação para com os portugueses de origem africana, descendentes de segunda e terceira gerações, estigmatizando essas mesmas comunidades, como se se desejasse que as praias do Concelho de Cascais não fossem frequentadas por indivíduos de determinada etnia.

Em toda esta questão passou à margem da opinião pública o facto da segurança das praias e da costa marítima ser da jurisdição da Autoridade Marítima e em concreto da Polícia Marítima (sob tutela do Ministério da Defesa) e não da PSP. Parece-nos estranho que em nenhum momento o senhor Ministro da Administração Interna tenha esclarecido este facto, levando a
que, uma vez mais, a PSP assumisse o ónus de uma situação que em termos objectivos não é da sua responsabilidade. Não obstante, a PSP voltou a assumir as suas competências no quadro de segurança interna contribuindo para a garantia da segurança e ordem pública com profissionalismo e espírito de missão.

Sorrir ou morrer



Mais um excelente vídeo RSAnimate.

Realism, not Optimism. Optimism worked well in the Soviet Union, it works well in American too.
We have collective power. We could use it to end a great deal of unnecessary suffering in the world.
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16.7.10

A Marcha


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Rui Rio (quem)?


De como o humor, mesmo que negro, pode ser mais eficaz do que mil acaloradas indignações:

«Noticia o JN que Rui Rio mais os seis vereadores da coligação PSD/CDS que manda na Câmara do Porto chumbaram uma proposta do vereador Rui Sá, da CDU, no sentido de ser atribuído o nome de José Saramago a uma rua da cidade.

Não custa a crer que Rio e os "seus" vereadores estejam a ser injustamente acusados de mesquinhez e que a responsabilidade do sucedido caiba, sim, ao vereador Rui Sá.

Com efeito, este terá dado por assente que Rio e o PSD/CDS soubessem quem foi José Saramago, não tendo tido o cuidado de lhes explicar tratar-se de um escritor português recentemente falecido, Prémio Nobel da Literatura (o único Nobel da língua portuguesa).

Se o tivesse feito, decerto Rio exclamaria "Ah, sim? Não me diga!", logo votando favoravelmente a proposta, seguido em ordem unida por todo o pelotão PSD/CDS.

Quando, daqui a uns anos, Rui Rio (quem?) for recordado como um camarário do tempo de Saramago que tentou impedir que o seu nome fosse dado a uma rua do Porto (assim como um tal Sousa Lara ficou conhecido por ter censurado "O Evangelho segundo Jesus Cristo"), era bom que se contasse a história toda.»

Manuel António Pina, no JN.
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Privatize-se então o Banco de Portugal


… e guardem-se umas golden shares, a serem usadas se e quando o Banco de Espanha fizer uma oferta.

Em alternativa, decidam se a dita instituição é mais Estado ou é mais Banca. Até ver, tem certamente «sol na eira e chuva no nabal», como diria o camarada Jerónimo.
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Primavera Raulista?


Bem gostaria de estar optimista quanto ao futuro de Cuba a curto prazo, mas, por mais que tente, não estou a conseguir. Claro que até o presente já é muito melhor do que seria imaginável, há alguns dias apenas, para os dissidentes que aceitaram a oferta católico-espanholo-cubana de apanharem um avião para Madrid. Alguns seguirão em breve para Miami onde têm parentes (curioso desvio quando estavam ali tão perto, mas enfim…), outros seguirão novos rumos ainda desconhecidos.

Entretanto, já começaram a contar histórias de prisão, evidentemente que se sentem exilados e não emigrantes como o governo espanhol afirma, ninguém lhes «oficializou» a situação de liberdade, receberam apenas um passaporte, 395 euros, um fato, uma camisa e uma gravata.

Sobretudo, não «acreditam em nenhuma mudança fundamental», dizem «que o sistema não vai mudar», não têm «esperança de liberdade política», estão «certos que os dissidentes continuarão a ser reprimidos». E parece óbvio que sim e vem daí uma das razões para a minha descrença no processo. Alguém acredita que não só os 52 «elegíveis» como todos os outros presos políticos vão ser libertados, como afirma o ministro espanhol Moratinos? E que ninguém mais será detido? Parece impossível sem uma mudança radical até por um motivo óbvio: seria humanamente inevitável, e politicamente correctíssimo, que os milhares de dissidentes que vivem em Cuba «esticassem a corda» para testar o sistema e forçassem, de certo modo, novas prisões. Eu faria o mesmo.

Num outro plano, e este terá um desfecho a curto prazo, o que vai acontecer aos «libertáveis» que recusarem sair de Cuba – pelo menos dez, segundo se lê, até ao momento? Yoani Sánchez entrevistou Pedro Argüelles que continua detido sem saber o que lhe acontecerá (som aqui).

Custa-me muito crer que esteja em perspectiva uma «evolução na continuidade» e não utilizo esta expressão por mero acaso. Por mais disparatada que a comparação possa parecer, as expectativas tão positivas de muitos, neste momento, fazem-me lembrar o marcelismo e as esperanças depositadas nas aberturas de Caetano, quando este substituiu Salazar em 1968 – porque essas aberturas existiram, ao contrário do que muitos hoje crêem. Bem sei que as circunstâncias e os tempos são totalmente diferentes, mas o que há de comum entre as duas afastadíssimas situações é o facto de se tratar de sistemas ditatoriais e que estes, de um modo geral, não evoluem nem «se reformam»: são derrubados ou implodem (a Espanha é uma excepção, eu sei, bem complexa).Talvez regresse a este tema.

Tudo o que se está a passar me parece muito inconsistente e relativamente estranho. Leio que, antes de concluído o acordo com Castro, o arcebispo de Havana foi aos Estados Unidos numa visita que «formó parte de los acuerdos que la Iglesia alcanzó con el régimen y estuvo destinada, "tanto a garantizar que EE UU no se oponía a la negociación, como a presionar a los responsables políticos de este país para que respondieran con otros gestos de buena voluntad hacia Cuba"». (O realce é meu.)

Estaremos perante um processo de democratização historicamente inovador e único ou…?

(Fonte, entre outras)

E não me sai isto da cabeça:


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15.7.10

O (meu) estado quanto à Nação


Mentira: nem assisto.
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O capitalismo, esse maníaco-depressivo


Um texto delicioso para os psi’s e não só:

«La PMD [Psicose Maníaco-Depressiva] est une maladie dont on ne se débarrasse jamais vraiment... Elle reste ancrée au fond du cerveau du malade. De même, cet état est consubstantiel au capitalisme. Ensuite, l'évolution de la maladie chez l'homme est assez imprévisible. On peut la mettre sous le boisseau par des traitements médicamenteux, mais paradoxalement, ce qu'on observe est soit une évolution naturelle vers moins de crises et de plus faibles intensités ou... l'exact inverse. Le capitalisme semble avoir choisi son camp...»
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Avante?


Passam-se umas coisas ali para os lados das Caraíbas, ouve-se dizer que um camarada vosso está a libertar uns presos e a deixá-los sair do país, o mundo está atento. Não sabiam? É irrelevante?

Acabei de ler a vossa edição online, com data de hoje, e não encontrei nem uma linha sobre o assunto. Tentei tudo, vasculhei todas as secções, fiz várias pesquisas. Claro que o problema pode ser meu – ou do Google.
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14.7.10

Dias azarentos


Algumas horas numa «Loja do Cidadão» são fonte inesgotável de experiência e de informação. De quando em vez, os altifalantes lançam uma mensagem para o ar e, logo ao primeiro «Atenção!», trocam-se olhares apreensivos.

«Devido a problemas informáticos no Ministério da Justiça, não é possível emitir certificados de Registo Criminal pela simples apresentação do BI: é necessário o passaporte.»

Primeiro foi o espanto e o desalento, depois o protesto, logo a seguir a debandada de quase todos os «utentes» (*). É que mesmo os portugueses que são portadores da preciosa caderneta bordeaux, agora com um moderníssimo ship que armazena todos os dados identificativos, guardam-na normalmente numa gaveta, para voos futuros, não andam com ela no bolso dos jeans para virem de santo António dos Cavaleiros à Estrada da Luz e dali para o Rossio. Com o aviso sonoro de hoje, ter-se-ão arrependido de não trazerem sempre o boletim de vacinas do cão e a certidão de óbito do avozinho.

(*) Ficaram alguns, poucos, obviamente imigrantes. Deviam precisar do Registo Criminal precisamente para tirarem o BI que não têm e que hoje não servia para nada aos outros. Confuso? Nem por isso.
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Lema de vida


Nem mais:
«Fugir: trocar os perigos e inconveniências de uma residência fixa pela segurança e o conforto da viagem.»
Ambrose Bierce («Escrito na pedra», Público de hoje)
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Simplexes, crises ou nem por isso


«Loja do Cidadão» das Laranjeiras, Lisboa. As senhas para pedidos de emissão de passaportes esgotaram ontem às 12h, num horário que vai das 8h30 às 19h30. Hoje, às 8h40, consegui o nº68. Acabei de ser atendida 3,5 mais tarde e quem chegou quando eu saí ficou com o nº260 – nem faço contas…

Os meios técnicos são excelentes, o atendimento individual até é relativamente rápido, mas… só existem três balcões e não há nem há espaço nem equipamento para mais. (E, by the way, apenas meia dúzia de cadeiras para muitas dezenas de pessoas e várias horas de espera.)

A sensação de que se morre sempre na praia: faz-se o mais difícil (já se concebe mal a vida sem Lojas do Cidadão), mas não se prevê nem se planifica consistentemente o futuro. Always.

Processos à parte, pela amostra, verifiquei que, por esse país fora, deve haver milhares de pessoas por dia a pedir ou a renovar passaportes. O que significa que há muitos, mas mesmo muitos portugueses que estão a emigrar ou que não ouvem os conselhos do dr. Cavaco e passam férias bem longe da Caparica, da Figueira da Foz ou de Vila Moura. E que nem sequer se limitam a visitar a senhora Merkel ou monsieur Sarkozy, já que, para tal, só seria necessário o velhinho BI ou o novel cartão de cidadão.

A crise? Parece que em 2011 é que é.
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Debate sobre jornalismo, polícia e "bairros problemáticos"


Hoje, 14 de Julho, 22h
Chapitô
R. da Costa do Castelo 1
Lisboa

(Organizado pelo Sindicato dos Jornalistas com o apoio do Chapitô.)


«Todos os dias são noticiados um corrupio de acontecimentos: Jovens abatidos por polícias, assaltos em praias e crimes nas cidades e revoltas de jovens em bairros “guetizados” dos arredores da grande Lisboa.

Como tratam os jornalistas aquilo que acontece nos bairros sociais? Conseguem ter uma visão jornalística dos acontecimentos ou tendem a agravar a discriminação que muitos dos habitantes dos bairros pobres são sujeitos? Existe um jornalismo sobre assuntos policiais ou apenas existe um jornalismo que divulga os dados filtrados por fontes policiais? Como tratar jornalisticamente os problemas da criminalidade sem tropeçar na justificação social dos crimes ou na aceitação acrítica das acções policiais?

A conversa contará com a presença do rapper e activista LBC, do comissário Paulo Flor da PSP e do jornalista da SIC Pedro Coelho.»
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13.7.10

A próxima!




De hoje a um mês, a caminho da Praça Vermelha e depois… Transiberiano até Pequim.
Alguma vez teria de ser – será!
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Espanhol, esse dialecto do Português…


Já referi a hipótese, cada vez mais provável, de a Guiné Equatorial ser admitida como membro de pleno direito na CPLP, dentro de uma semana. Entretanto, sucedem-se as notícias sobre novos pedidos de adesão, ainda que apenas como associados, tão diversificados como esotéricos quando se está a falar de «uma organização de países lusófonos»: Austrália, Indonésia, Luxemburgo, Suazilândia e Ucrânia…

No Facebook, vai longa a conversa, desde ontem, por vezes a sério, outras mais ou menos a brincar. Mas retomo aqui o tema para recomendar a leitura de um excelente post de Henrique Sousa: CPLP, Guiné Equatorial & Cª: petróleo ou amor platónico?

E, também, para deixar  esta pérola de Ramos Horta, a propósito da admissão da Guiné Equatorial:

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O Outro


«Implicados na luta entre o Leste e o Ocidente, entre a democracia e o totalitarismo, nem todos nos demos conta de imediato de que, em simultâneo, se alterava o mapa do mundo. Na primeira metade do século XX o mapa era organizado segundo a regra da pirâmide. No topo, protagonistas históricos: grandes potências coloniais, Estados do homem branco. Mais em baixo, as suas colónias, domínios, territórios de alguma forma dependentes, ou seja, o resto do mundo. Este esquema quebrou-se já no nosso tempo, e mais cem novos estados, pelo menos formalmente independentes e habitados por três quartos da humanidade, apareceram na história. (…)

Estima-se que, na segunda metade do século, as pessoas provenientes da Ásia e da América Latina constituam metade da população dos Estados Unidos. Cada vez menos pessoas da Irlanda ou da Noruega, e cada vez mais do Equador e da Tailândia, vão circular pelo mundo com passaportes americanos no bolso.

Como é que nós, Europeus, estamos preparados para esta mudança? Parece-me que muito mal.»
Este texto de Ryszard Kapuscinski, em O Outro, tem vinte anos. Só perde pela actualidade.

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Treslendo



O que «eles» dizem:

«O objectivo do centro e da direita da esquerda deve ser neste momento combater a "aliança de esquerda direita" que sustenta a candidatura de Manuel Alegre Cavaco Silva. Esse combate, por mais que custe a uma parte da direita esquerda portuguesa, só poderá ser vencedor se Cavaco Silva Manuel Alegre for reeleito. Esta deve ser a prioridade do espaço que não é de esquerda direita: vencer as presidenciais, a primeira das batalhas eleitorais.»
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A «rainha do bolero»


Cuba está definitivamente na ordem do dia, pelas mais variadas razões. Agora também porque morreu ontem, com 87 anos, a cantora Olga Guillot. Não vivia no país desde 1961, por oposição ao governo de Fidel Castro.


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12.7.10

Regresso





E também:
* Quand reviendras-tu?

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Quantos somos? Onde estamos?


Entre os benefícios colaterais do Mundial, para as crianças, com as dezenas de horas de emissões televisivas e a ajuda da sacrossanta caderneta de cromos, há que contabilizar o efeito imediato de lhes incutir o vício da bola antes de qualquer outro e o abrir os horizontes da curiosidade para outros fins. O meu neto quis saber em que países do mundo há «mais gente».

Dadas as respostas adequadas para o fim em vista, o meu filho ficou «agarrado» a exercícios fascinantes - e eu por tabela. Não indo para além da Wikipedia como fonte, e com um simples telemóvel com máquina de calcular, descobrem-se ou confirmam-se realidades que explicam algumas coisas e ajudam a prever outras.

Com dados de 2007, dos 196 países considerados, os vinte com «mais gente» (em cima, por ordem decrescente, na imagem) cobrem 71% da população do planeta.

Na lista, só há um europeu: a Alemanha (da Rússia, não sei quantos estão aquém ou para além dos Montes Urais…) A senhora Merkel tem certamente presente esta realidade todos os dias, enquanto come as torradas do pequeno-almoço.

Se se tiver em conta que onze são asiáticos (deixando de novo a Rússia em no man’s land, ou terra sem amos, como preferirem), não é difícil imaginar que uma percentagem razoável dos milhares de milhões, que por lá andam e nascem todos os dias, virá andando, em massa, para Ocidente, mais tarde ou mais cedo. Um simples facto? A população da Índia cresce em três pessoas por minuto: nascem cinco, morrem duas.

Não entro em considerações de ordem económica, mas apenas esta, muito, muito genérica: os mais do que prometedores BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia e China) representam 43% dos humanos, enquanto os pobres PIIG’s (Portugal, Irlanda, Itália e Grécia) somos pouco mais de 1%. Bastavam-nos umas migalhitas…
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Na mesma jangada, mas…


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África perdeu um velho aliado – morreu Basil Davidson


Basil Davidson, «jornalista radical na grande tradição anti-imperial» e historiador britânico, dedicou alguns anos da sua vida à luta pela independência das antigas colónias portuguesas em África. Foi o primeiro repórter a acompanhar a guerrilha contra Portugal, em Angola e na Guiné-Bissau, e a chamar assim a atenção do mundo para uma realidade então praticamente desconhecida.

No jornal Guardian, pode ser lido um longo resumo biográfico. Num blogue de Moçambique, recorda-se a dívida daquele país para com Basil Davidson:

«Era igualmente um revolucionário, usando o seu saber e influência para denunciar e atacar as más concepções que a velha Europa tinha sobre o Continente Africano, bem como a opressão a que alguns sujeitavam os seus povos, dentro do próprio velho continente. Foi dos mais destacados membros de um movimento de solidariedade europeu a favor da liberdade que muitos de nós ainda procuravam nos anos 1960. Particularmente no caso de Moçambique, Davidson foi um apoiante fervoroso e incondicional da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que em 1964 começou com a guerra que dez anos depois iria aniquilar o colonialismo no nosso país.(…)
“Apesar de ter sido conhecido como um historiador dedicado à causa de África, Basil Davidson era solidário com todos os povos que lutavam pela liberdade em todo o mundo. No caso das antigas colónias portuguesas, sobretudo nós e os nossos irmãos de Angola e da Guiné (Bissau), foi um grande amigo e camarada”, comentou Marcelino dos Santos, que conheceu o falecido historiador na casa deste em Londres, antes do início da luta armada que a FRELIMO desencadeou para demover o colonialismo em Moçambique desenvolvia.»

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11.7.10

Contra a repressão de alguns


Recebi há algum tempo o texto que abaixo transcrevo e não o publiquei por já estar então divulgado nalguma blogosfera.

Mas, por motivos que não vêm agora ao caso, conheci há três dias um dos protagonistas dos factos relatados – Jakilson Pereira (Hezbollah) – e ouvi várias outras histórias semelhantes a esta.

Quando alguns políticos e muitos jornalistas parecem estar interessados em criar novas versões do Arrastão que nunca existiu, é tempo de olhar para a repressão discriminatória de que são vítimas grupos específicos da nossa população.

Este tema passará a ser objecto de uma atenção especial neste blogue.


Hezbollah e LBC agredidos pela PSP 

Às 4:55 horas da madrugada de domingo 14 de Junho, no Parque Central da Amadora, um grupo de jovens, entre os quais Jakilson Pereira, 26 anos, licenciado em Educação Social, desempregado e candidato a bolsa de investigação, dirigiam-se para a Mina, Amadora.

Jakilson, que também é rapper e é mais conhecido como Hezbollah, agachou-se para apertar os atacadores dos ténis. De repente sentiu um automóvel aproximar-se dele. Levantou a cabeça e viu um homem com uma arma apontada na sua direcção que gritou “Caralho!” Assustado, Hezbollah correu na direcção do seu amigo Flávio Almada, 27 anos, estudante finalista do curso de Tradução da Universidade Lusófona, também rapper e mais conhecido como LBC, mediador sociocultural na Escola Intercultural das Profissões e do Desporto da Reboleira e formador musical de jovens inseridos no Projecto Escolhas do Moinho da Juventude e da Comissão de Moradores da Cova da Moura. LBC disse ao agressor: “Ele está desarmado!”, referindo-se ao seu amigo Hezbollah. Nesse momento, o homem disparou um tiro na direcção de Hezbollah. O homem estava fardado, era da PSP e tinha sido transportado para o local por um automóvel da PSP.

Hezbollah continuou a fugir e foi esconder-se por trás de um automóvel junto à Estação dos Correios, observando a progressão do agente da PSP que o procura de arma na mão. O agente detecta-o e corre na sua direcção. Sai outro agente do automóvel e ambos cercam Hezbollah. Agarrando-o sob ameaça da arma, começaram a pontapeá-lo. Chega um automóvel Volkswagen Golf preto, com dois polícias à paisana. Enquanto um dos agentes fardados algema Hezbollah, obrigando-o a deitar-se de barriga no chão, o outro polícia fardado volta a dar-lhe pontapés. Um dos agentes à paisana exclama: “Deixa o rapaz!”

Hoje sou holandesa - Keukenhof


Esta noite sonhei com Keukenhof, certamente por razões futebolísticas.

Keukenhof é uma recordação que estará para sempre na minha arca de tesouros - esse jardim absolutamente espectacular, de 32 hectares, onde reaparecem todos os anos milhões de túlipas (e de muitas outras flores). Um festival de cores que as fotos não conseguem mostrar e uma mistura de cheiros, impossível de reproduzir – a não perder, tal como Meca, pelo menos uma vez na vida.

Um país que tem Keukenhof merece ganhar um mundial da bola - obviamente!




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Hoje sou holandesa

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Na rampa descendente?


Há três dias, culpou o Bloco de Esquerda pelos distúrbios na área da Cultura - uma honra para aquele partido que terá conseguido levar 600 artistas normalmente rebeldes a uma reunião contestatária, e Manoel de Oliveira a escrever um importante artigo no Público.

Agora congratula-se efusivamente com um novo facto: «O Ministério da Cultura aceitou “com grande satisfação” o pedido de demissão do director-geral das Artes.» Trata-se de um dos seus directores-gerais, não propriamente de um precário a recibo verde…

A precisar de férias, talvez, ou voltará em breve ao seu piano. Julgo que Deus não existe, mas, caso contrário, nem ele teria certamente grande fé nesta ministra.
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