18.9.10

O MRPP tem 40 anos


No dia em que o MRPP comemora o seu 40º aniversário, divulgo uma faceta pouco conhecida da actividade de muitos dos seus primeiros dirigentes, desde o fim da década de 60 (mesmo antes da fundação formal daquele partido, portanto) até 1977: a participação na revista «O Tempo e o Modo», primeiro em colaboração com um grupo de católicos, depois autonomamente.

Ela é descrita numa apresentação de Arnaldo Matos, incluída num DVD lançado em 2009 pela Fundação Mário Soares, Centro Nacional de Cultura e Centro de História da Cultura da FCSH-UNL, muito interessante para quem queira conhecer, ou recordar, factos e ambientes do marcelismo e dos primeiros anos da democracia.






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PSOE versus PS? Small differences…


Ainda a propósito da expulsão de ciganos: embora as posições de Sócrates e de Zapatero tenham sido mais ou menos semelhantes em Bruxelas, o mesmo não se deu com as dos deputados dos seus respectivos partidos. Para mais tarde recordar.




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Péssimas notícias


… para o Poceirão.
Mas não era absolutamente óbvio que isto ia acontecer?
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17.9.10

Bom fim-de-semana



(Via Tiago Mota Saraiva no Facebook)

Hoje somos (poucos) ciganos




Sem dúvida.
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Ciganos, Sócrates e seus «muchachos»


Foi esta apresentação do Voto de Condenação proposto hoje, na AR, pelo Bloco de Esquerda «pelas acções levadas a cabo pelo Governo francês que visam a expulsão de cidadãos ciganos». Rejeitado com votos a favor do proponente, do PCP e PEV e votos contra de PS, PSD e CDS. Uma abstenção do PSD, 15 do PS e vários deputados socialistas que saíram da sala antes da votação.



Espanto por a bancada socialista ter alinhado com o PSD e o CDS numa questão destas? Só para quem estiver distraído e não tiver percebido que apenas alinharam com o chefe:



Texto do Voto:
Estima‐se que desde o início do ano a França tenha expulsado do seu território mais de oito mil cidadãos ciganos, em consequência da decisão do Governo francês de promover o desmantelamento dos acampamentos da população cigana no pais e de forçar a sua repatriação.

Desde o final do passado mês de Agosto, o mundo assistiu a um recrudescimento destas acções de expulsão, que surgem na sequência do discurso pronunciado em Julho passado, pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, em que anunciou um novo endurecimento da politica migratória no país.

Considerando:

Que o direito de todos os cidadãos da União e dos membros de suas famílias de circular e residir livremente em toda a UE constitui um pilar da cidadania europeia;

Que as recentes medidas adoptadas pelas autoridades francesas em relação a população cigana estão envoltas em justificações abertamente discriminatórias, que caracterizam o discurso politico do Governo francês ao longo de todo este processo de repatriamentos de ciganos, conferindo credibilidade a declarações racistas e xenófobas e a acções de grupos da extrema-direita;

Que a Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou que as recentes expulsões foram feitas “sem consentimento livre e esclarecido” e pediu as autoridades francesas que “evitem particularmente os repatriamentos colectivos”;

Que o Comité para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU apelou a França para que procure integrar os membros da maior minoria étnica na União Europeia, que agrega cerca de dez milhões de pessoas;

Que o Parlamento Europeu aprovou uma resolução, apresentada conjuntamente pelos grupos Socialista, Liberal, Verdes e Esquerda Unitária (GUE/NGL), que pede ao Governo francês que “suspenda imediatamente todas as expulsões de ciganos” na França;

Que a Comissária europeia da Justiça, Viviane Reding, ameaçou avançar com uma acção judicial contra a França, na sequência da política do Governo de Paris de expulsão dos ciganos romenos e búlgaros. Em declarações feitas no passado dia 14 de Setembro, Viviane Reding, classificou o comportamento do país como uma “desgraça” e “uma vergonha”, e afirmou estar “pessoalmente convencida de que não restara a Comissão Europeia outra alternativa para além de iniciar os procedimentos de infracção contra a França”, relativamente a esta matéria.

A Assembleia da República, reunida em plenário:

1. Associa‐se à condenação expressa pelo Parlamento Europeu, considerando que estas expulsões violam os tratados e a legislação comunitária.

2. Apela ao Governo francês para que suspenda imediatamente todas as acções que visam a expulsão e repatriamento da população cigana residente em França.

3. Associa‐se as iniciativas que visam travar as acções promovidas pelo Governo Francês, incluindo os procedimentos de infracção que venham a ser tomados no âmbito da União Europeia.
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Papa, Rainha, ateus e nazis



A polémica disparou com o primeiro discurso que dirigiu precisamente à rainha, no Palácio de Holyroodhouse, em que misturou ateus e nazismo. O principal parágrafo da polémica, directamente da fonte (Osservatore Romano):

«Even in our own lifetime, we can recall how Britain and her leaders stood against a Nazi tyranny that wished to eradicate God from society and denied our common humanity to many, especially the Jews, who were thought unfit to live. I also recall the regime’s attitude to Christian pastors and religious who spoke the truth in love, opposed the Nazis and paid for that opposition with their lives. As we reflect on the sobering lessons of the atheist extremism of the twentieth century, let us never forget how the exclusion of God, religion and virtue from public life leads ultimately to a truncated vision of man and of society and thus to a “reductive vision of the person and his destiny”.»

A ler: este texto da Palmira Silva que, com a sua infinda paciência, analisou detalhadamente o que está em causa.
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16.9.10

Adrenalina qb

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Onde é que se assina?


Se Ribeiro e Castro avalia candidatura, eu apoio já, recolho assinatura e até vou de autocarro, se necessário for, a um daqueles jantares de carne assada em Alguidares de Baixo!!!

Uma decisão pela positiva dava muito jeito pela razão óbvia de quase ficar garantida, desde já, uma segunda volta nas presidenciais - e eu sei que o dr. Cavaco, trabalhador incansável, não se importaria de continuar por mais uns tempos a campanha que já começou.

Além disso, gosto de ver muitos dos meus amigos «de esquerda» de consciência tranquila. Nem falo dos que dizem ser-lhes indiferente que o próximo PR seja Cavaco ou Alegre (esses não me interessam), mas dos pensam manter-se de cabeça enfiada na areia, sem mexer uma palha nem escrever uma linha para que Alegre seja eleito, na esperança de que um milagre da irmã Lúcia ou de S. Nuno encha as urnas de votos sem uma maioria de cruzinhas em Cavaco, logo à primeira volta.

Inxalá!...
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Assim, não


Escrevi ontem um post sobre Cuba, a propósito da anunciada transferência de 500.000 funcionários públicos para o sector privado. 24 horas depois e alguns mails nocturnos trocados desde então, regresso ao assunto por ter entretanto tomado consciência de que fui ontem demasiado meiga para a indignação que tudo isto me provoca.

Alguns números. Cuba tem cerca de 11 milhões de habitantes, dos quais 5 constituem a população activa. O governo paga hoje o salário a 50% desta população (2,5 milhões de pessoas) e vai deixar de o fazer a 500.000, daqui até Março de 2011 (e a outro tanto nos meses que se seguem).

Há quem bata palmas - finamente a iniciativa privada, a liberdade virá a seguir, etc., etc., etc. – ou quem pense o mesmo mas se cale porque é politicamente incorrecto apoiar Cuba, em qualquer circunstância. Não vou por aí: o regime cubano há-de ruir e tudo isto pode ser um empurrão para que tal aconteça, mas, nem admitindo que haja males que possam vir por bens, consigo deixar de considerar uma perfeita infâmia o que agora vai ser posto em prática unicamente por razões de tesouraria. Muitos dos 500.000 cubanos, empreendedores à força, poderão passar de uma relativa pobreza a uma inevitável indigência, até porque se sabe perfeitamente que uma percentagem significativa é constituída por supranumerários, pagos sem produzirem nada de concreto (realidade mais do que conhecida em sistemas como o cubano…) e o curto regime de compensação provisória que está previsto parece-me absolutamente insuficiente.

Mais: a ser verdade o que leio hoje, os novos «empreendedores» pagarão 25% para a Segurança Social e impostos que irão de 10 a 40%!...

Não será portanto de estranhar saber-se que «en las calles de La Habana es palpable la inquietud de los que temen perder pronto su actual empleo, aunque también son patentes las expectativas de muchos cubanos que ya hablan de sus proyectos para abrir un restaurante, un taller u otro negocio», quando «las propias autoridades admiten que muchos de los nuevos negocios "pueden quebrar antes de un año", sobre todo por inexperiência».

Lamento dizê-lo mas esta «transição» de um regime socialista não existente para uma versão rasca e miserabilista de capitalismo não me causa qualquer tipo de regozijo.

P.S. – (17/9) Vale a pena ler parte de uma entrevista feita a um cubano na Festa do Avante, transcrita pela Fernanda Câncio em hasta la victoria, mas agora vais para a rua.
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A iminência da ministra contra os seus eminentes colegas


«Passos Coelho e o PSD não têm, de facto, qualquer necessidade de acabar com o Estado Social, já que um passarinho anunciou ontem à ministra Canavilhas (e ela, alvoroçadamente, foi logo contar tudo a jornais e televisões) "o colapso iminente do Estado social".

Seria para Passos Coelho trabalho inútil tentar empurrar o Estado Social para fora da Constituição. Bastar-lhe-á esperar que ele "colapse iminentemente" e, depois, apanhar os salvados e vendê-los a quem der mais.»
M. A. Pina, JN
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15.9.10

Manuel Bidarra


Para os poucos leitores desde blogue que o terão conhecido, deixo aqui a notícia da sua morte e algumas linhas em jeito de homenagem a um duro lutador, primeiro ferroviário e depois operário na Lisnave, que começou a militância nas fileiras da Juventude Operária Católica e que esteve depois nas principais arenas da resistência dos católicos contra o fascismo. Foi aí um dos primeiros e principais elos de ligação entre os meios operários e os universitários, nomeadamente como um dos inspiradores e fundadores da Cooperativa PRAGMA, na década de 60. Mais tarde, no início dos anos 70, esteve também envolvido na fundação da SEDES.

P.S. – Agradeço ao Rui Almeida a foto e, também, algumas notas trocadas por e-mail.

P.S. (21/9) - Recebi de Regina Bidarra, filha de Manuel Bidarra, o seguinte esclarecimento: «Em nome da veracidade dos factos peço-lhe que seja feita uma correcção ao texto. O meu Pai nunca foi ferroviário (o meu avô paterno sim, fez parte dos quadros da CP), nem tão pouco operário. Do seu percurso profissional constam as funções de chefe do serviço de pessoal da Lisnave e, posteriormente, director administrativo da Gaslimpo, donde se reformou.
Como homem ligado à cultura, foi também um dos fundadores e administrador da editora Multinova até à data da sua morte.»
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Ciganos e portugueses


Com a problemática relacionada com a etnia cigana na ordem do dia, devido a Mr. Sarkozy e não só, José Gabriel Pereira Bastos, antropólogo e professor na Universidade Nova de Lisboa, especialista na matéria e acérrimo defensor dos direitos da etnia em questão, não tem tido mãos a medir.

Conhecemo-nos há muitos anos, não nos vemos há dois ou três, mas, graças ao Facebbok, reencontrámo-nos recentemente, o que me tem permitido seguir de perto a sua actividade.

Foi organizador científico da Conferência Internacional «Ciganos no Século XXI», que teve lugar, em Lisboa, de 8 a 10 de Setembro, altura em que foi ouvido pelo Público e afirmou «que a nível nacional “o índice de ciganofobia será maior [que 80 por cento] e mais violento”».

Presente em várias rádios nos últimos dias, foi ontem entrevistado por Fernanda Câncio, no Canal Q. Um excerto:


(Via Jugular, onde está também um outro excerto, mais polémico...)

Entretanto, José Gabriel Pereira Bastos disponibilizou no Scribd, também ontem, um longo documento, datado de 2007, «Que futuro tem Portugal para os portugueses ciganos?», cuja leitura recomendo vivamente.

Informação não falta…

P.S. - Este post está hoje, 16/9, em destaque no Sapo / Radar.
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Morreram a limpar cuba


Estremeci quando vi hoje este título no «Correio da Manhã» online, porque me pareceu poder indicar uma terrível premonição do que aí vem, em terras dos irmãos Castro.

A notícia é conhecida há dois dias: Raul Castro anunciou que 500.000 cubanos, hoje ao serviço do governo e pagos por este, terão de encontrar uma alternativa profissional no sector dito privado, durante os próximos seis meses – o que, num país de 11 milhões de habitantes, parece no mínimo uma decisão de uma violência extrema.

Nem entro na discussão de saber se se trata de uma desistência do «socialismo» e cedência aos encantos do inimigo, se Fidel disse há alguns dias o que queria dizer ou exactamente o contrário. Porque a verdade, nua e crua, é que a razão de ser da decisão agora conhecida é a falência do Estado cubano, dependente como está de toda a sua História, das importações em tempos de crise mundial, da corrupção, do bloqueio americano e até dos furacões. Não tem dinheiro para continuar a pagar os seus funcionários e passa-lhes a bola. Ponto.

Mas o que é mais do que preocupante, e a seguir com a maior das atenções, é o que virá a seguir, ou seja como se fará a assimilação desta vertiginosa mudança e as respectivas consequências no plano económico e social. Com uma certeza adicional: nada será como dantes e o edifício «ideológico» não resistirá incólume.

Passo a palavra a Yoani Sánchez:
«Ese dueño avaro advierte ahora que no puede seguir dándole trabajo a más de un millón de personas en los sectores presupuestado y empresarial. “Para avanzar en el desarrollo y la actualización del modelo económico”, nos dice que deben reducirse drásticamente las plantillas, mientras apenas abre pequeños y controlados espacios a las tareas por cuenta propia. Hasta la Central de Trabajadores de Cuba –único sindicato permitido en el país– informa que los despidos llegarán pronto y que debemos aceptarlos con disciplina. Triste papel para quienes les toca representar los derechos de sus afiliados frente al poder y no a la inversa.

¿Qué hará el anticuado patrón que ha poseído esta Isla durante cinco décadas cuando sus desempleados de hoy se conviertan en los inconformes de mañana? ¿Cómo reaccionará cuando la autonomía laboral y económica de los cuentapropistas se convierta en autonomía ideológica? Ya lo veremos blasfemar, estigmatizar a los prósperos, porque la plusvalía –como la silla presidencial– sólo puede ser suya.»
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Perguntar não ofende

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Ali ao lado, no topo da Barra Lateral, está agora um pequeno inquérito destinado aos leitores deste blogue.

Dava-me jeito que respondessem… Na Caixa de Comentários deste post podem ser deixados complementos «qualitativos» ou sugestões.

Antecipadamente, obrigada pela colaboração.



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14.9.10

Este continente não é para nómadas


É raro falar-se dos Irish Travellers, uma população nómada de origem histórica e dimensão incertas, espalhada sobretudo pela Irlanda, mas presente um pouco por toda a parte na Grã-Bretanha e até nos Estados Unidos, que recusa ser considerada um grupo étnico distinto e, muito menos, identificada como cigana.

Os Irish Travellers não podem ser expulsos para paragens longínquas porque não lhes tiram a nacionalidade, mas ninguém os quer por muito perto: compram terrenos, pedem licenças de construção que são recusadas, continuam a viver em roulottes e propõem-lhes alojamento espalhados por vários prédios, o que eles recusam porque a solução não se adapta ao seu modo de vida em comunidade.

As crianças vão às escolas do bairro e as pessoas têm acesso aos centros de saúde, mas os seus acampamentos estão sempre sob a ameaça de serem arrasados com bulldozers, como agora em Hovefields, no Sudeste de Inglaterra. Trata-se apenas de sete famílias, mas sabe-se que Hovefields é uma espécie de ensaio geral para a maior expulsão da história do Reino Unido, a ser concretizada durante as próximas três semanas: mil Irish Travellers de Dale Farm, uma localidade relativamente próxima.

A Europa liofilizada que não suporta aqueles que não utilizam os seus locais de habitação «selon lens bons principes de la bourgeoisie», como estabelecia o manual de condóminos do prédio em que morei três anos, em Bruxelas, em finais da década de 80…

O vídeo: «Não nos tratem como cães!»



(Fonte)
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Maldita memória!



Guardadas todas as devidas proporções e desfechos (obviamente, obviamente…), impossível não recordar Coimbra 1969. Mas o que daria mesmo vertigens seria se, por um acaso do destino, nem sequer impossível, o actual Ministro do Ensino Superior fosse… Alberto Martins.

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No Portugal dos Pequeninos

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Ou quando se confunde um Ministério com a colecção «Aventura» - leitura adequada para professores, pais e alunos do 1º ao 12º ano.

P.S. - Via Manuel Vilarinho Pires na C. de Comentários:
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Alô, Bruxelas?


Alguém tem dado pela Presidência belga do Conselho da União Europeia, durante este semestre, iniciado há dois meses e meio?

Entretanto, na Bélgica, e em relação ao que escrevi há alguns dias, ler:
Ver:
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13.9.10

Se apenas fôssemos 100

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«Vamos a narrar esta isla en trozos de 140 caracteres»


Yoani Sánchez, hoje no Twitter:
  • A falta de internet, estamos aprendiendo a usar el movil como canal de publicacion en la Web
  • A esta hora deberia estar en Viena en la ceremonia del Instituto de Prensa Internacional pero no recibi permiso para viajar (*)
  • Un saludo y un fuerte abrazo a los otros 59 heroes de la libertad de expresion que ahora mismo deben estar en Viena
  • Vamos a narrar esta isla en trozos de 140 caracteres... en toda su pluralidad y diversidad

(*) Ler
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Mr. Ratzinger on the road


A propósito da viagem de Bento16 ao Reino Unido, que se inicia dentro de dias, o DN publica hoje resultados de uma sondagem feita a católicos, mas omite um pequeno detalhe: é que estes representam apenas 7% da população «visitada». Será portanto para eles que serão gastos 27,4 milhões de euros, provavelmente na esperança de converter uma parte dos outros 93%.


Mas a contestação está preparada desde há muito, já se fez sentir em várias manifestações de rua e será concretizada agora em acções nas várias cidades que o papa visitará, incluindo uma iniciativa em Hyde Park, que vai reunir partidários do aborto, adeptos da laicidade, militantes feministas, defensores da ordenação das mulheres, do casamento dos padres, grupos anti-católicos e vítimas de abusos sexuais.

A campanha «Protest de Pope» já vem de longe, não brinca em serviço e resume assim os seus objectivos:

Why “Protest the Pope”?

The diverse groups who support this campaign have many different reasons for not approving of the State Visit to the UK by the Pope in September 2010. They all however share the following view:

• That the Pope, as a citizen of Europe and the leader of a religion with many adherents in the UK, is of course free to enter and tour our country.

• However, as well as a religious leader, the Pope is a head of state and the state and organisation of which he is head has been responsible for:
1. opposing the distribution of condoms and so increasing large families in poor countries and the spread of AIDS
2. promoting segregated education
3. denying abortion to even the most vulnerable women
4. opposing equal rights for lesbians, gay, bisexual and transgender people
5. failing to address the many cases of abuse of children within its own organisation.
6. rehabilitating the holocaust denier bishop Richard Williamson and the appeaser of Hitler, the war-time Pope, Pius XII.

• The state of which the Pope is the head has also resisted signing many major human rights treaties and has formed its own treaties (‘concordats’) with many states which negatively affect the human rights of citizens of those states.

• As a head of state, the Pope is an unsuitable guest of the UK government and should not be accorded the honour and recognition of a state visit to our country.

If you believe, as we do, that the Pope should not come to the UK without hearing from the millions of people who reject his harsh, intolerant views and the practices and policies of the Vatican State please get involved.
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12.9.10

Terra de juristas?


Quem teve filhos que passaram pela saga do acesso ao ensino superior público, nas últimas décadas,  dá sempre pelo menos uma vista de olhos às listas de colocações, à oferta e à procura, às notas mínimas para entrada nuns tantos cursos – é uma espécie de trauma que imprime carácter…

Deixando de lado o que se sabe imediatamente quanto a percentagens de sucesso, felizmente muito mais elevadas nos últimos anos, e quanto às tendências que se mantêm ao longo do tempo – os números relativos a Medicina e aparentados e a potenciais arquitectos e outros artistas – , há algumas outras realidades que não deixam de me impressionar.

Uma delas tem a ver com a diminuição crescente da procura de cursos na área das chamadas Humanidades, onde a oferta não é especialmente generosa e, mesmo assim, se entra com médias baixíssimas. Para dar apenas um exemplo que me é próximo, refira-se o curso de Filosofia, que foi tradicionalmente reputado por atrair gente especialmente interessada e com altas classificações no Secundário. Este ano a Clássica de Lisboa abriu 65 vagas, só preencheu 40 e o último aluno a entrar teve média de 10,65… Imagino o pesadelo que seria (será certamente para alguém…) ensinar hoje Lógica ou Teoria do Conhecimento a uma turma destas!

No extremo oposto, Direito intriga-me e, por mais que tente, não consigo interpretar o fenómeno do número de vocações para juristas neste país. Sabendo-se à partida que a maioria esmagadora dos que chegam a entrar não arranjará ocupação adequada à saída, que nem sequer tem a hipótese de emigrar usando o canudo que eventualmente possa levar debaixo do braço porque não há diploma menos «internacionalista», e que o destino mais provável é um Call Center ou uma caixa num hipermercado, por que mágica razão se esgotam as mais de 1.000 vagas abertas em Lisboa, Coimbra e Porto, sendo exigidas médias que vão de 14 a quase 17, o que significa que muitos candidatos ficaram à porta e irão amanhã matricular-se na Católica ou em privadas? Um verdadeiro enigma que não sei se deva ser interpretado como uma vertente masoquista dos nossos jovens ou se é, bem pelo contrário, uma nova forma de espírito missionário de quem nasceu e cresceu a ouvir dizer que é preciso salvar a Justiça…

P. S. – A propósito da média muito baixa que referi para o último colocado em Filosofia, surgiu na Caixa de Comentários a mais do que legítima hipótese de o 40º ser uma excepção e os outros poderem ter excelentes notas, precisamente por se tratar de uma licenciatura com um público especial.
É o tipo de desafio a que não resisto e analisei-os um a um. Conclusão sumária:
- Não há médias excepcionais: um 16, dois 15, seis 14.
- Sobretudo: só para 16 candidatos, Filosofia é a primeira opção. Para 15 deles, é 4ª, 5ª ou 6ª, o que significa que alguns nem virão a inscrever-se naquele curso, optando por universidades privadas (curiosamente, para vários, Direito era a 1ª opção…)

Aproveito para mais uma informação: na primeira metade da década de 60, quando no país havia menos de 25.000 estudantes universitários (ao todo, sim, em Lisboa, Porto e Coimbra), Filosofia tinha, em valor absoluto, mais alunos do que actualmente.

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Chabrol


Não terá sido o maior, mas foi um deles: com Jean-Luc Godard, Jacques Rivette, François Truffautr e Éric Rohmer, Claude Chabrol marcou presença – e de que maneira – na geração dos Cahiers du Cinéma e na chamada Nouvelle Vague do cinema francês. Sobreviveu alguns meses a Rohmer, morreu hoje, com 80 anos.

Crítico terrível, tantas vezes mais do que mordaz, deixa dezenas de filmes, mais de vinte protagonizados pela bela Stéphane Audran, com quem foi casado. Deste, por exemplo, nunca me esquecerei.





Menos um.
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Veneranda e obrigada


Recebi ontem por mail o seguinte convite:

International Services Trade (Chongqing) Summit
And Service Outsourcing Conference
Invitation Letter
Dear President,


Hosts: Ministry of Commerce of P.R.C
Chongqing Municipal People’s Government

Event Coordinator: Asia-Pacific CEO Association, Worldwide
Time: October 19th-20th, 2010
City: Chongqing City, China
Venue: Chongqing International Convention and Exhibition Center
Chongqing Municipal Government and the people of Chongqing warmly welcome you with noble courtesy!

Huang Qifan
Mayor
Chongqing Municipal People’s Government
Zheng Xiongwei
Global Executive Chairman
Asia-Pacific CEO Association, Worldwide

Não é spam, a Cimeira existe mesmo e os participantes serão, fundamentalmente:

- Political Figures Worldwide;
- Leaders from Fortune 500 companies, Forbes 2000, Global Outsourcing 100 companies and other outstanding listed companies from all over the world;
- Leaders from industry-leading companies within world emerging industries;
- Ministers, congressmen, governors, mayors and etc. from relevant countries;
- Renowned economists, experts and scholars;
- Chiefs from famous international organizations and industry associations.

Por mais que leia e releia, com modéstia ou sem ela, não consigo encaixar-me em nenhuma categoria, nem com a maior das boas vontades…

É verdade que estive em Chongqing, há meia dúzia de anos, e que uma simples pesquisa poderá ter trazido alguém da organização a este blogue. Mas o que escrevi foi isto:

Acção de charme para que mude de opinião?...
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