16.3.11

Chorar os mortos se os vivos os não merecerem

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Chego tarde, porque estou longe, mas não quero deixar de registar os elogios de Cavaco à coragem, ao desprendimento e à determinação «com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar»».

Não vale a pena disfarçar: Salazar não diria melhor, se fosse vivo em Março de 2011. Milhares de mortos em várias frentes de Guerra Colonial, cinco décadas de História, com uma revolução e quase trinta e sete anos de democracia pelo meio, tê-lo-iam, provavelmente, «transformado» mais do que afectaram o nosso actual presidente da República – traído pelo fundo e pela forma das suas afirmações.

Alguma dúvida? Exagero? Oiça-se este excerto do célebre discurso de Salazar sobre os vivos e os mortos. Não vem a propósito?



«Nós havemos de chorar os mortos se os vivos os não merecerem».
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7 comments:

Rogério G.V. Pereira disse...

Nem todos pensam salazarentoMas terá havido quem tenha saudosaamente ouvido falar... do Ultramar

Jorge Conceição disse...

O jornal Público hoje traz dois artigos sobre a intervenção de Cavaco e a sua evocação da Guerra Colonial. Uma, execrável, de um tal Pedro Lomba que, embora dizendo-se mais jovem que tal acontecimento, se permite tecer considerações patrioteiras onde está ausente toda a "entourage" política de então, embora não se iniba de de nomear em seu socorro o "não apaguem a memória".
O segundo artigo, procura repescar opiniões (parciais) emitidas por vários comentadores, jornalistas e agentes políticos, de diversos cambiantes. Destas, entre as que apoiam a declaração de Cavaco, fica-se com a ideia que ele participou alegremente na Guerra Colonial, manifestando o seu patriotismo como miliciano na "defesa do solo pátrio". Ora, mesmo aqui e se assim foi, convém lembrar o seguinte: fez a comissão militar em Moçambique, na antiga Lourenço Marques, entre Novembro de 1963 e o final de 1965. A guerra em Moçambique iniciou-se no dia 25 de Setembro de 1964, com o ataque ao quartel do Chai, em Cabo Delgado e nunca passou a sul do Rio Save. Quer dizer, quando Cavaco foi para Moçambique não se havia ali ainda iniciado a guerra, o que viria a acontecer quase um ano depois de ter chegado à capital moçambicana. Veio-se embora um ano depois do seu início, quando ela ainda se cingia aos distritos de Cabo Delgado e do Niassa. Nas suas memórias sobre Moçambique o território mais a norte que diz ter visitado foi a Ilha de Santa Carolina, perto de Vilanculos, aonde a guerra nunca chegou até 1974. Que exemplo de brioso e valente guerreiro se pode então atribuir então a Sua Excelência? A única coisa que se retém é a sua colagem aos famigerados "altos valores pátrios", a sua eterna e amorfa maneira de existir sem pôr a pele em risco, muito menos afrontando a Ditadura destituída em 25 de Abril de 1974.

Joana Lopes disse...

Rogério, obrigada pelo link

Joana Lopes disse...

Jorge,
Aqui não tenho acesso aos artigos de opinião do P. O Lomba fala o NAM como?

Jorge Conceição disse...

Joana, o que o Lomba escreve é "Pois, como outros dizem, não apaguem a memória. Os antigos combatente são mesmo um exemplo."

Vou enviar-te para o mail cópia dos dois artigos.

Maria Paulo Rebelo, disse...

Jorge Conceição:
"Uma, execrável, de um tal Pedro Lomba(...)"

???

"Execrável"??? "Execrável"??? Com que fundamento?(!)

Anónimo disse...

Parece que agora o Fisco resolveu embirrar com o Exército, ora eu lembro-me de receber o pré quando era Cadete em Mafra, não havia descontos para a Segurança Social, nem para o IRS, o Exército devia ser tratado como Independente e começar a passar recibos electrónicos, para haver um completo controlo da parte do Fisco, não vá aparecer outro “saco azul” e não se saber onde foi aplicada essa quantia fabulosa. Esta ideia do Santos Silva e do Teixeira dos Santos é referida mais abaixo, nas danças de São João; Sugeria que o Fisco colocasse as prostitutas a descontar para a Segurança Social e para o IRS, enfim a tudo o que sejam transacções ilícitas como offshores, etc.. aplicarem a taxa respectiva e não se esqueçam do Joe Berardo & Ca.:
DANÇAS DE S. JOÃO
É a festa de São João
e folguedos tenho visto
a quem lá no rio Jordão
Baptizou Jesus Cristo
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Com a pele de carneiro
e sandálias de cabedal
São João foi o primeiro
num baptismo Divinal
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Por não gostar de João
que era o profeta de fé
quis a sua cabeça então
“filha” d'Herodes, Salomé!
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era filha de rei Herodes
a filha tende mãe ao pé
diz a seu “Pai” não podes
dar numa bandeja sua fé?
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e até dizem que no Porto
sua cabeça foi decepada
mas por direito ou torto
na imagem foi colocada
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os motoqueiros agitados
assam agora as sardinhas
dançam casais agarrados
e já dão as suas voltinhas
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e canta o Quim Barreiros
do costume, as modinhas
enquanto os motoqueiros
arranjam velhas mesinhas
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já se pulam as fogueiras
e nesta noite de São João
já vêm as moças solteiras
pedir ao Santo sua união
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o povo de várias maneiras
s'esquece destes segredos
e as casadas e as solteiras
querem é belos folguedos
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ó meu São João Baptista
baptiza-me este Governo
p'ra vermos se não avista
da Europa o novo Inferno
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vem de lá Pinto Monteiro
que é o Procurador Geral
meter num inferno inteiro
ai um meu lindo Portugal!
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Vem lá o Herodes Antipas
vem pedir sua condenação
vem o povo e certas tipas
que são da nossa televisão!
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Fernando Teixeira Santos
Santos Silva em demanda
dizem qu'a PSP tem tantos
carros parados e não anda!
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e Motards dão suas motas
à PSP para mais um giro
e o povo vai dando notas
e Multibanco leva um tiro!
-
e enquanto o povo dança
ai festejando o São João
há gente qu'enche pança
nos folguedos da Nação!
-
Eugénio dos Santos