6.4.11

Sem tirar nem pôr


Intervenção de Ana Gomes, ontem, no debate em plenário do Parlamento Europeu sobre as conclusões do último Conselho Europeu com os presidentes Durão Barroso e Van Rompuy.

Esta UE que falha e nos falha

Quem empurra Portugal para uma suposta ajuda não quer realmente ajudar - quer é fazer mais dinheiro, afundando-nos e afundando o Euro.

Porque nesta Europa, onde solidariedade, coesão e método comunitário passaram a ser palavras ocas, a suposta ajuda é só para pagar aos bancos que nos empurraram para a espiral de endividamento em que agora nos enterram. E tudo à custa dos cidadãos, com as receitas neo-liberais do Pacto Euro Plus, sem investimento para relançar crescimento e emprego - nem Eurobonds, nem Imposto sobre as Transações Financeiras, nem medidas para travar os desequilíbrios macro-económicos que destroem o Euro.

Nesta Europa onde há bancos "demasiado grandes para falir", mas se deixam falir Estados e povos, será cegueira ou captura por interesses que explica que Comissão e Conselho tenham desistido de controlar os paraísos fiscais? Será possível sanear, regular e supervisionar o sistema financeiro deixando intocáveis esses buracos negros instrumentais da corrupção, da fraude, da evasão fiscal e da criminalidade organizada?
...

5 comments:

Septuagenário disse...

Querem arrastar Portugal para um "Novo Estado Novo".

Só que noutros tempos, o povo inventou a"sardinha pra três", e curioso que os jovens hoje dizem que vai ser "salcicha com spagueti" a solução.

Coisa estranha esta de ver as coisas repetirem-se de outra maneira.

Joana Lopes disse...

De outra maneirae, apesar de tudo, a um nível duferente. Mas «a coisa 'tá preta», sim.

Diogo disse...

Excelente intervenção!

Fada do bosque disse...

Excelente!
Pobres dos nossos filhos... visionários como Huxley, Orwell, ou outros, foram ignorados com tanta "soma"...

Anónimo disse...

Fala-se mal de António de Oliveira Salazar, que foi um fascista, um ditador, dizem alguns sem “tomates”, mas que conseguiu juntar ouro que tem desaparecido às toneladas. Foi no seu tempo que eu sem livros, consegui tirar a Secção de Económicas do Instituto Comercial de Lisboa. Hoje os alunos com todos os livros à sua disposição, têm no nono ano uma percentagem de negativas que não dá para eleger a Matemática como ciência subjacente às matérias contábeis; mas os alunos vão passando cortados a duas disciplinas e chegamos a um ponto em que são mestres e professores doutores, mas que nem sabem a tabuada, nem a gramática. Como nos está no sangue o verbo adulterar, temos a maior corrupção da Europa, que até os passarinhos com um trinar divino, cantam numa singela melodia:
CANTAR DIVINO
E há corrupção no Fisco
também há nos Tribunais
disse-me hoje um Pisco
e me disseram os Pardais
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e de contente o charneco
em cima de uma figueira
e todos pássaros, caneco
dizem:-cá, ela é a cimeira!
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e dizem que ela é notória
e até atinge a terra minha
o registo na Conservatória
ai tem omissa a Vilarinha!
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e a minha relação de bens
para que haja uma noção
lhes dou os meus parabéns
em nome de outros, estão?
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e dum Manuel Constantino
ai um grande empreendedor
estes serviços já sem tino
ai nada têm dele, qu'horror?
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e lá num livro a folhas tais
descreve assim certa casa
que vem de actos notariais
sem matriz, fico em braza!
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e eu olho e fico abismado
e parece um jogo de lerpa
de Messines, um advogado
relaciona o meu, o Serpa?
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o nosso chefe de Secretas
vai ter de ir à Assembleia
por causa de tantas tretas
tenho o Bairrão, na ideia?
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e é costume trocar nomes
e estes corruptos de génio
tu de parvo, não me tomes
eu é que sou José Eugénio!
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e quando eu vou à Igreja
bem perto, pombo arrulha
ele canta p'ra que se veja
ai vai à Igreja tanto pulha?
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e lá na Cruz de Portugal
tem lá perto, as oliveiras
onde o meu Pisco divinal
que me conta as asneiras!
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cores lembram Bandeira
estão em tom desbotado
ai a lembrar tanta asneira
e tantos erros do passado?
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os pardais e um charneco
que por lá passam a voar
dizem o País é um beco
sem saída e para mudar!
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Eugénio dos Santos