9.5.11

Até quando?


Ontem, li distraidamente um post de Yoani Sánchez e só hoje o percebi inteiramente, ao ler a notícia da morte de um opositor cubano, alegadamente em consequência de agressão policial.

Absolutamente revoltante, se a notícia for verdadeira. Até quando é que humanos continuarão a bater brutalmente noutros humanos, seja como castigo ou para provocar confissões? Quantos mais séculos e progressos civilizacionais serão necessários para que tal cesse? Não é insuportável saber-se que, ironicamente na mesma ilha, e às mãos de poderes «contrários», a apenas centenas de quilómetros de distância, existem práticas como essas em Santa Clara, em Havana e… em Guantánamo?!

Juan Wilfredo Soto García tinha 46 anos e morreu num hospital de Santa Clara - ontem, Dia das Mães em Cuba, o que explica o tal texto escrito por YS no seu Generación Y.

La crónica que no fue

Hoy iba a publicar un texto sobre el Día de las Madres, una breve viñeta donde contaba que a mi mamá le huelen las manos a cebolla, ajo y comino… por todo el tiempo que se pasa en la cocina. Tenía la idea de narrarles el gozo que me daba verla llegar a la puerta de mi preuniversitario en el campo, llevando los alimentos que le habían costado toda una semana –y grandes esfuerzos– conseguir. Pero justo cuando daba los últimos retoques a mi pequeña crónica maternal, ocurrió la muerte de Juan Wilfredo Soto en Santa Clara y todo dejó de tener sentido.

Las tonfas de los policías tienen sed de espaldas por estos lares. La violencia creciente de los uniformados es algo que se murmura en voz baja y muchos describen con detalles sin atreverse a denunciarla en público. Quienes hemos estado alguna vez en un calabozo, sabemos bien que una cosa es la propaganda edulcorada de “Policía, policía tu eres mi amigo” que repite la tele y otra la impunidad de la que gozan estos individuos con placa. Si encima de eso, el detenido tiene ideas diferentes a la ideología imperante, entonces el tratamiento será aún más duro. Los puños querrán convencerlo, ya que los escasos argumentos no lo lograrán.

No sé cómo las autoridades de mi país lo van a explicar, pero dudo que logren persuadirnos de que esta vez la culpa no ha sido de los policías. No hay manera de entender que un hombre desarmado, sentado en un céntrico parque pueda representar una gran amenaza. Lo que ocurre es que cuando se azuza la intolerancia, se alimenta el irrespeto al ciudadano y se le da luz verde a los cuerpos policiales, ocurren estas tragedias. Como la de hoy, en que una madre en Santa Clara no está sentada a la mesa que le han preparado sus retoños, sino en el oscuro salón de una funeraria velando el cuerpo de su hijo.

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4 comments:

Anónimo disse...

Infelizmente Cuba parece a Colômbia nestas coisas de oposição ao regime.

Fenix disse...

"Quantos mais séculos e progressos civilizacionais serão necessários para que tal cesse?"

Incrível como podem coexistir no mesmo tempo e espaço, humanos com espíritos sublimes e outros tão bárbaros?!

Faz sentido, para quem ponha a hipótese da reencarnação. Pois os espíritos encontram-se em planos evolutivos diferentes...

rafael disse...

Cara Joana,

como já deve saber sigo com cuidado e redobrada atenção todo este tipo de noticias sobre Cuba. Espero que também já me conceda alguma credibilidade intelectual e não me confunda com atávicos seguidistas que apenas replicam as informações oficiais.

Neste sentido, procurei em vários lados informação sobre o alegado espancamento de JWSG. Não encontrei em lado nenhum. Recordo que o alegado espancamento teria tido lugar no dia 5, se não me falha a memória e a morte do mesmo deu-se no dia 8. Existem algumas informações sobre a sua morte no dia 8 e a maioria que se encontram são de dia 9. No entanto, no período que medeia estas duas datas não existe nenhum tipo de denuncia. Sinceramente (e sei que provavelmente discordará de mim) parece me mais um aproveitamento oportunista da morte de um cidadão cubano que era abertamente contra o regime do que propriamente o resultado de violência policial...

Joana Lopes disse...

Rafael,
Conceda-me duas coisas: o meu «alegadamente» no texto e o P.S. quando foi publicado o comunicado oficial do governo cubano.
Julgo que as datas que cita estão correctas. A divergência está em que uns colocam a origem próxima da morte em espancamentos no dia 5, outros em doenças antigas.