17.9.11

E aqui tão perto


… o Bósforo que hoje descobri. Magnífico, num fim de tarde mais do que ameno, com a tal luz  de que sempre me falaram, com os seus palácios e monumentos, cheio de barcos e de gente, muita gente.

Se a primeira passagem por Istambul não me convenceu, rendo-me desde já naquela que hoje iniciei. Estou num belo hotel na parte velha e esta é por si só um mundo. Nunca vi nada de semelhante, em termos de movimento, de comércio e de pessoas!

Não sei se esta cidade é das que nunca dorme, mas parece sê-lo. E eu também quase não durmo: com voos por madrugadas adentro, nunca terei passado duas semanas com  tantos dias e tão poucas noites - e com tantas directas... Quando aí chegar, dentro de alguns dias, nem os discursos do Alberto João me vão acordar nas primeiras 24 horas.

Mas não me queixo, quem viaja por gosto não cansa. Mesmo.
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16.9.11

Caras


No Uzbequistão, as pessoas são extremamente afáveis e não só gostam de ser fotografadas, como nos pedem muitas vezes que apontemos as máquinas digitais para verem depois o resultado. Por enquanto, porque ainda não são invadidas por rolos compressores de turistas.

Uma das estranhas curiosidades é o elevado número de homens e de mulheres que têm os dentes cobertos de ouro – para os protegerem, dizem...


Este não pediu o retrato:
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Uma pequeníssima amostra

15.9.11

Travessia do deserto


Que ninguém planeie vir de Bukhara a Khiva de carro antes de averiguar se a nova estrada em construção já está pronta ou arrisca-se a ter saudades dos governos do dr. Cavaco e do seu amor ao betão.

Atravessar o deserto de Kyzylkum de autocarro é uma aventura que leva um dia inteiro, de quase 12 horas, porque o que em tempos deve ter merecido o nome de estrada é agora um conjunto de buracos ligados por restos de alcatrão. Mas, enfim, o trabalho foi do motorista e cheguei agora ao meu último poiso no Uzbequistão.

Vou sair deste país com uma grande curiosidade quanto ao seu futuro próximo. Conseguirá desenvolver-se decentemente com os recursos que tem e que não são poucos (gás, muito algodão, ouro, urânio seda, etc., etc.)? Virá a evoluir politicamente no sentido da democracia, quando e como? Como continuará a lidar com o forte cordão umbilical que ainda o liga à Rússia, com a pressão da China, com a complexidade dos países vizinhos?

A meio da viagem. Amanhã à noite sigo para Istambul e irei depois até Baku.
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14.9.11

Multifunções


Numa das sete cidades santas do Islão, Bukhara, a maior madrassa da Ásia Central recebia estudantes não só deste país mas de todos os vizinhos, e até da China, e nela se aprendiam todos os segredos do Corão e não só.

Vicissitudes do século XX transformaram-na em escola de quadros do KGB, mas regressou agora à sua missão de origem e alberga 250 moçoilos estudiosos do Islão.

Como será o seu século XXII??? Aceitam-se apostas...
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Um 11 de Setembro diferente


Acesso à Internet é quando um hotel quiser e o meu não tem querido. Assim sendo, o tempo escasseia, podia continuar a mostrar monumentos lindíssimos que vou vendo aqui no Uzbequistão, mas opto por resumir a estranha experiência de viver o 10º aniversário do September 11 deste lado do mundo.

No hotel em que estava, o único canal em inglês que apanhei era russo e deu uma visão no mínimo sui generis dos acontecimentos. Reportagens das comemorações em Nova Iorque, sem dúvida, ligação a correspondentes em várias cidades do mundo, mas sempre com um anti-americanismo militante, umas vezes subtil outras nem por isso. Com o maior dos profissionalismos, num figurino do tipo CNN.

Sem nunca se louvar os ataques, estes foram referidos, constantemente e de vários modos, como puros e felizes pretextos para a América justificar o que veio a fazer no Iraque e no Afeganistão. Neste último país, mostravam-se fotografias das Torres em chamas a pessoas de todas as idades que, pura e simplesmente, diziam não saberem o que aquilo era. A ideia era portanto que o Ocidente cultiva o exagero da importância do que se passou e que esta deve ser minimizada.

Novidade? Nenhuma. Mas um pouco surpreendente na forma, apesar de tudo.

Já agora: no Museu do Povo Uzbeque, em Taskhent, no andar reservado à História recente, há uma fotografia do ataque às Torres Gémeas (sem legendas em inglês). Repito: trata-se do museu do povo UZBEQUE…
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12.9.11

O seguro morreu de velho

Realidades que ignoramos


Ainda bem que vi Taskhent antes de tirar Samarcanda do meu imaginário e de pisar esta cidade única, citada por Heródoto, que encantou Alexandre Magno que a conquistou como muitos outros e que tem uma posição chave na Rota da Seda porque fica numa encruzilhada de estradas da China, Índia e Pérsia.

Todos os adjectivos são poucos para qualificar o que se vê, deixo algumas fotografias, mas, enquanto percorro tudo isto, pergunto-me por quanto tempo permanecerá esta Ásia Central ausente das nossas vidas. Olhando apenas para este país e para os que o rodeiam – Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Afeganitão. –, e com a excepção do último pelas piores razões, quem nos fala da vida de muitos milhões de pessoas nestas nações com culturas absolutamente excepcionais e que, quase todas, estão a renascer nas suas novas independências de apenas vinte anos? Que estão a emergir, apesar de todas as vicissitudes e de muitos problemas?

Com o centro do mundo a deslocar-se para Oriente, julgo que poderemos vir a ter grandes surpresas, talvez mais cedo do que imaginamos. Boas? Más?


Samarcanda: