23.5.12

Enquanto a ERC vai e vem



… folgam muitas costas. E, oxalá me engane, continuarão a folgar porque suspeito, desde a primeira hora, que nada será dado como provado. Mas repito: talvez…, quem sabe…, por uma vez…, já que a esperança é a última a morrer mesmo quando a fé vacila. 

Convém no entanto manter a chama viva sobre o caso Relvas, antes que outros acontecimentos mais ou menos picantes o arrumem numa prateleira. 

José Vítor Malheiros, no Público de ontem (sem link, mas já divulgado aqui.) 

«Não se trata de surpresa pelas acusações mas de surpresa (e de tristeza) pela ausência de surpresa. Ausência de surpresa no meio político, no meio jornalístico e até ausência de surpresa nos cafés e na rua. Que estas acusações apenas tenham conseguido suscitar vagos comentários dubitativos por parte de correligionários de Miguel Relvas, que sabemos obrigados por razões de lealdade partidária, diz muito sobre a estatura moral das pessoas a quem se confiou o Governo deste país. Mais: se alguém tivesse feito um inflamado discurso de defesa de Miguel Relvas - que outras personalidades, se tivessem sido acusadas da mesma coisa, poderiam ter suscitado - penso que o resultado seria, igualmente, uma sonora gargalhada do Minho aos Açores. (…) 

A minha segunda tristeza diz respeito à “comunicação” feita por Relvas à Entidade Reguladora da Comunicação, que já anunciou a sua intenção de proceder a uma averiguação. Imagine mais uma vez, caro leitor, que ainda está na pele de Relvas e que - faça um esforço - não cometeu nenhum dos actos de que os jornalistas deste jornal o acusam. Qual é o seu primeiro gesto de defesa? Queixar-se à ERC de que uma jornalista do Público faz “jornalismo interpretativo”? Calar-se perante as câmaras de TV? Não explicar sequer por que razão pediu desculpa à direcção do Público? Ou quereria explicar preto no branco cada um dos seus gestos, cada uma das suas palavras e indignar-se pela descabida acusação? Não quereria que fossem investigadas as críticas que lhe fazem? Não quereria contrapor a sua verdade à versão de quem o acusa? Pareceria normal, não é? Em teoria, Relvas pode estar inocente daquilo de que o acusam. Mas a sua atitude não reforça essa convicção. » 


E já que, antes da esperança, a penúltima coisa a morrer deve ser o sentido de humor, Manuel António Pina, ontem, no JN

«Um jornalista com vida privada está sempre exposto a que um político, designadamente um governante, o ameace de a revelar publicamente. Eu, por exemplo, deixaria de escrever a maior parte destas crónicas se um governante me ameaçasse que, caso continuasse a fazê-lo, revelaria publicamente que ando com buracos nas meias, coisa que hoje já todo o Governo deve saber pois falei disso ao telemóvel com a minha empregada e o SIS está, como se sabe, na dependência directa do primeiro-ministro.» 

Assim vamos…
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