13.5.12

Os náufragos do sonho europeu



A Europa vai construindo baias e muros, como se fosse possível fechar-se a sete chaves, mais ou menos como se fosse possível impedir a chuva de cair. 

Depois do que se passou deste lado do Mediterrâneo, com os naufrágios de africanos que tentaram chegar a este velho continente e que morreram às dezenas ou ficaram empilhados em várias Lampedusas à espera de serem repatriados, é agora a vez de a Grécia erguer um muro que a separe da Turquia: vai ter 12,5 quilómetros de comprimento, 3 metros de altura, com câmaras por todo o lado. 

Hoje, o «muro» é um rio que faz fronteira de 180 quilómetros entre os dois países, pelo qual centenas de pessoas tentam passar todos os dias e onde uns tantos acabam por morrer, afogados ou por hipotermia – 70 em 2011. 

A Grécia é actualmente o ponto principal de entrada de clandestinos no espaço Schengen, desde que a Itália e a Espanha reforçaram os dispositivos de segurança – através de Istambul, onde chegam por voos low cost vindos da Argélia, do Irão ou da Nigéria. 

E quando a Grécia se fechar, outras portas serão descobertas. Alguém duvida? Quando é que se perceberá que erguer muros não é o modo mais eficaz de diálogo e de convivência entre humanos?  

(Fonte)

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