13.8.12

Europa: quando as máquinas pararam



Antonio Muñoz Molina divulgou esta manhã no Facebook um texto em que se mostra muito impressionado com a situação de Villacañas, uma localidade da província de Toledo, que já viveu grandes dias e se encontra hoje num estado lamentável.

Em Villacañas, tudo girava em torno da fabricação de portas e até os jovens abandonavam a escola para começarem a trabalhar mais cedo, tal era a procura de mão de obra. De lá saíam portas e mais portas (mais de um milhão por ano), em pleno boom imobiliário, na crença de que «um modelo económico baseado no engano poderia manter-se para sempre». Depois, aconteceu o que se sabe: a Espanha deixou de precisar de mais portas e não sei se Villacañas tentou, ou não conseguiu, exportar para Doha ou para Baku...

Aliás, a Europa esta cheia de fábricas abandonadas. Vi dezenas, talvez centenas, quando atravessei, há alguns dias, parte da Geórgia e da Arménia. Acontecera-me o mesmo, pouco antes, na Rússia. Por razões diversas, que pouco têm a ver com obsolescência tecnológica, a Europa está cheia de fábricas paradas, a Oeste por causa da «crise», a Leste onde ainda não se recuperou dos efeitos colaterais da queda do Muro de Berlim.

Resultado: desemprego arrasador, emigração galopante. Junto das fábricas em ruínas, estão casas entaipadas e invadidas pelas ervas. Não é um fotografia animadora, a de grande parte desta Europa a esboroar-se e, pelo menos para já, incapaz de se reerguer. 
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