18.8.12

Há 37 anos, Vasco Gonçalves em Almada



Foi em 18 de Agosto de 1975 que Vasco Gonçalves proferiu, em Almada, perante 15.000 pessoas, um discurso que durou uma hora e meia e que foi transmitido em directo pela RTP (texto, na íntegra, aqui) e que seria o princípio do fim de muitas coisas. Quem viu e/ou ouviu não esquece. (Tenho-o gravado numa fita magnética, certamente já deteriorada, mas que ainda tentarei um dia recuperar.)

Um discurso que acaba com Vasco Gonçalves lavado em lágrimas, como descreve o Diário de Lisboa do dia seguinte: 
(Clicar na imagem para ler melhor)

Dramática foi também a carta que Otelo lhe escreveu 24 horas depois: «Percorremos juntos e com muita amizade um curto-longo caminho da nossa História. Agora companheiro, separamo-nos. Julgo estar dentro da realidade correcta deste País ao assim proceder. (...) Peço-lhe que descanse, repouse, serene, medite e leia. Bem necessita de um repouso muito prolongado e bem merecido pelo que esta maratona da Revolução de si exigiu até hoje. Pelo seu patriotismo, a sua abnegação, o seu espírito de sacrifício e de revolucionário.». Como escreveu Manuela Cruzeiro, esta carta «abalou e emocionou o país inteiro como se tivéssemos perdido a nossa "fada Morgana": a unidade dos revolucionários, os quais, cada um por seu lado, ditavam a morte da revolução e com ela também o fim do seu breve período como seus símbolos maiores»

O V Governo Provisório, que tomara posse dez dias antes, tinha as semanas contadas e não houve muralha de aço que lhe valesse. A 19 de Setembro, Pinheiro de Azevedo assumiria as rédeas do VI.

O 25 de Novembro estava à vista.
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2 comments:

Septuagenário disse...

37 anos se passaram e que para muita gente valeu a pena.

Alguns "lixar-se-ao-se", amanhã!

pilantra disse...

Lembro-me bem.

Não sei se muita gente percebeu o que realmente se passava e o destino adverso que se traçava. Mas sei que entre os muitos que não e os poucos que sim, foram bastantes os que atiraram foguetes.
Desse foguetório de alvíssaras temos hoje a paisagem deslumbrante do poder a quem sempre o teve.

Há ainda hoje gente que nunca percebeu. Só isso explica as interpretações de «historiadores» que, na idade da carreira, efabulam passados inexistentes, imaginam valores e mentalidades de hoje na arena real e de chumbo dos «brandos costumes» - daí o branqueamento.(mea culpa)

Quando agora oiço o Soares nos seus arroubos «revolucionários» serôdios, dá-me uma irresistivel vontade de dizer «bem feito».

Mudam-se os tempos, é verdade.
Mas não se mudam as vontadesn se se insistir na vereda costumeira.

Faz-nos falta a largueza do mar, quem diria.