19.9.12

Num outro 19 de Setembro



Exactamente há 37 anos, em 19 de Setembro de 1975, Pinheiro de Azevedo tomou posse como primeiro-ministro do VI Governo Provisório que sucedeu ao último presidido por Vasco Gonçalves, num ambiente de grande agitação política e social. 

Disse a páginas tantas:
«Como o senhor Presidente da República, também eu rejeito a social-democracia como objectivo final da revolução. Pretendo incluir-me num esforço conjunto, consciente e responsável, centrado na edificação da República socialista portuguesa. (...) 
Admitimos partidos que defendam a social-democracia, com os quais consideramos ser necessário e útil colaborar, sem, no entanto, lhes permitir tomar a direcção política do processo revolucionário. 
Permitimos outros partidos capitalistas, definindo-os, desde já, como oposição ao socialismo que pretendemos e não transigindo com acções contra-revolucionárias.» 

Ler hoje este excerto do discurso fará sorrir muitos e outros achá-lo-ão absolutamente surrealista – compreensivelmente. A mim, dá-me esperança: quando se viveu tudo isto, quando se viu um povo sobreviver a cambalhotas destas em menos de quatro décadas, tem-se a certeza de que não sucumbirá por causa das patetices que vivemos nestes dias, por mais gravosas que estas sejam. Estamos a ser governados por incompetentes, agora mais ou menos assustados e que em breve passarão à (pequena) história. Não é o fim dos tempos.

Olhar para o passado ajudar a relativizar o presente e, certamente, a perspectivar o futuro. 
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2 comments:

Helena Araújo disse...

Joana, também sinto essa esperança quando leio críticas do Eça de Queirós, do Ramalho Ortigão, etc. - parece que andamos aos trambolhões desde sempre. Não há-de ser agora que vamos sucumbir.
Por outro lado, gostaria que este momento português lançasse as bases para uma viragem. Para que o Eça de Queirós e o Ramalho Ortigão deixem de ser actuais!

Joana Lopes disse...

Helena, a esperança é a última a morrer, não é?...