1.11.12

Zona Euro: Um golo na própria baliza?



Num texto publicado hoje no Expresso online, Jorge Nascimento Rodrigues refere um estudo de dois investigadores do National Institute of Economic and Social Research (NIESR), que sublinham os efeitos devastadores no PIB e no aumento dos rácios de dívida pública de «um cenário em que os governos europeus conjugam políticas de austeridade», naquilo que se parece «mais com um pacto de suicídio" do que com uma solução de "coordenação óptima [em termos dos modelos económicos]».

A sincronia de políticas de austeridade – quer nos países já com planos de intervenção da troika, quer em outros da zona euro – é «um golo na própria baliza», «autopunitivo» para toda a União Europeia.

«A sincronia de actuação dos governos traz um problema acrescido – para além do efeito multiplicador negativo das medidas de austeridade tomadas individualmente, acrescem os impactos das medidas tomadas nos outros membros da zona euro e União Europeia. O multiplicador é ainda maior.»

Na íntegra AQUI
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1 comments:

Fada do bosque disse...

Um bom artigo relacionado, escrito pelo economista português João Martins:

"Entretanto, os inspiradores do neoliberalismo foram laureados com o Prémio Nobel, em 1974 (Hayek) e em 1976 (Friedman), e esta doutrina chamada neoliberal viu aumentar a sua difusão nos anos 80, nomeadamente com o suporte da primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher (1979-1990) e do presidente dos EUA (1980-1989) Ronald Reagan. O 'Washington Consensus' tornou-se o menor denominador comum das políticas neoliberais das instituições baseadas em Washington DC, e a base dos programas de estabilização do FMI. Mais recentemente, as instituições da União Europeia (Comissão, BCE) também adoptaram a cartilha do " Washington Consensus " e aplicaram-na em parceria com o FMI à Grécia, à Irlanda, a Portugal e a Espanha. Se estas instituições partilham a doutrina neoliberal e praticam o neoliberalismo nas suas políticas, que esperávamos?

Algo ingenuamente, o próprio John Williamson viria a reconhecer em 2002 que a agenda do "Washington Consensus" se tornou cobertura de um amplo fundamentalismo de mercado, também conhecido por agenda neoliberal [1] .

2. Recordo isto como introdução à discussão actualmente em curso entre economistas, nomeadamente ingleses e americanos, estimulada com a publicação pelo FMI no início de Outubro do último World Economic Outlook (WEO), e nomeadamente as dúvidas confessadas pelos economistas do FMI quanto à objectividade das suas projecções económicas nos países intervencionados com programas de austeridade. O que o senhor Olivier Blanchard, economist counsellor do FMI, veio confessar é que os efeitos dos programas de austeridade (derivados do 'Washington Consensus') terão afinal consequências mais nefastas nas economias do que as que eles têm pressuposto, trazendo mais crise, mais quebra do consumo e da produção (PIB) e, consequentemente de tudo aquilo que daqui deriva: desemprego, quebra de receita fiscal, etc. Aquelas críticas que os opositores destas políticas vêm apontando encontram agora eco de reconhecimento quanto ao seu efeito nefasto e contraditório nos países onde vêm sendo aplicadas".

http://resistir.info/financas/multiplicador_orcamental.html