8.12.12

Desculpem qualquer coisinha



… se as coisas por aí são diferentes…

Por cá, 32ºC, mar de várias cores, um barco apelativamente chamado «Sensacion Ardiente», uma Isla del Sol fulgurante, banhos em água morna, coqueiros, peixe frito com arroz de coco em almoço à beira-mar, etc., etc., etc. 

É Cartagena das Índias em todo o seu esplendor, numa primeira aproximação. A parte cultural ficou adiada para amanhã.

Eu sei que a crise não acaba sem mim e que me agarrará por aí, de novo, daqui a uns dias. Mas, entretanto, e enquanto o pau vai e vem… 




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Assim à primeira vista



… não me ocorre nenhum argumento para defender que é melhor viver em Lisboa do que em Cartagena das Índias. 
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7.12.12

Tudo calmo ou nem por isso



Não sei as conversações entre o governo colombiano e as FARC resultarão, mas sempre vos digo que isto aqui, pela Colômbia, não tem sempre um ar muito pacífico. 

Ontem, numa estrada entre Cali e Popayan, vi tropa bem musculada, armada até aos dentes, com altas trincheiras. Infelizmente é proibido fotografar ou mesmo parar o carro… 
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Da irritação


@Gui Castro Felga 

Saí de Portugal há meia dúzia de dias e já sinto uma certa estranheza. Quando percorro alguns jornais online e uns tantos blogues, ou passo uma meia hora pelo Facebook, parece-me que Portugal entrou numa nova fase: acabou a surpresa e o espanto pelo que lhe caiu em cima, já nem se sente espaço para muita indignação e, ainda menos, para qualquer réstia de esperança. Não que algo tenha mudado numa semana, eu é que estou a distância. 

E essa fase dá pelo nome de «irritação». Os portugueses andam irritados, profundamente irritados, com o que vêem e com metade do que ouvem – porque já nem têm paciência para ouvir tudo.

Mas a irritação faz mal à saúde, individual e colectiva e, além do mais, é necessariamente instável e, por isso mesmo, passageira. Toda a questão está em saber o que se seguirá. 
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Tudo diferente, tudo parecido



«Os conquistadores cavaram esse solo e descobriram as minas; com o primeiro ouro que sacaram compraram negros; com os primeiros negros sacaram milhões e com os primeiros milhões fizeram casas sumptuosas e encheram Popayán de luxo e de glória.

Ali se reuniram rapidamente cerca de cem fidalgos que tinham pergaminhos em Espanha e minas de ouro em Barbacoas e em Chocó.»  

José Maria Vergara y Vergara, 1866

(Lido ontem, num museu de Popayán)
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5.12.12

Do Senhor Milagroso



Estou desde ontem em Cali, terceira cidade da Colômbia, dançarina por excelência (serão daqui os campeões mundiais de salsa, que vi ontem em ensaios), no meio de plantações de cana-de-açúcar a perder de vista. Estranhamente, 70% da população é negra ou mestiça. Ou talvez não: trata-se de uma herança do tempo em que multidões de escravos, trazidos de África, aqui vinham parar precisamente para se ocuparem da dita cana-de-açúcar.

A umas dezenas de quilómetros, encontra-se Buga, centro de peregrinação à Basílica do Senhor dos Milagres. Com uma fé aparentemente à prova de balas, para aqui convergem colombianos de todas as paragens, que fazem promessas e agradecem benesses. O «Museo del milagroso» é extraordinário: milhares de placas forram longas paredes de várias salas, com agradecimento de todas as espécies.

Mas o mais curioso, e muito ingénuo, é o conjunto de «ex-votos», objectos que «pagam» desejos realizados, como tantos que se vêem em Fátima e que aqui enchem vitrinas. Destaco dois exemplos: uma placa em que um bebé, agora com um mês, fala na primeira pessoa e agradece ter sobrevivido, apesar de prematuro, e diz estar já «forte e bendito»; e um casaquinho de recém-nascido com um letreiro em que os pais estão gratos por o filho ter nascido com os cinco sentidos…

Santa inocência que refresca a alma e ajuda a esquecer, por uns dias, os sonhos molhados do doutor Gaspar e os dislates do senhor Borges.


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As Cidades e as Praças (47)






Praça Santander (Bogotá, 2012)

(Para ver toda a série «As Cidades e as Praças», clicar na etiqueta «PRAÇAS».)
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4.12.12

E de repente… sal



Não sei quantas catedrais terei visitado na minha vida, mas nenhuma feita de sal, como aquela em que estive hoje em Zipaquirá, a cerca de 50 quilómetros a Norte de Bogotá.

A Catedral do Sal foi construída em três camadas já desactivadas de minas (ainda hoje exploradas a 1.200 metros de profundidade) e resulta de uma verdadeira proeza técnica que tirou partido dos túneis e das cavernas que sobraram da antiga actividade de extracção.

Atinge 180 metros de profundidade e nela se percorrem as 14 estações da Via Sacra, que desembocam na catedral propriamente dita, com três naves – tudo num impressionante percurso, complexo e muito bem iluminado. (Foi construída entre 1992 e 1995 e substituiu uma outra mais antiga.)

É hoje local de peregrinação e, obviamente, paragem obrigatória para quem passeia por estas bandas. Em suma, «mérite le détour», como reza o meu estimadíssimo Guia Michelin. 




O vídeo dá uma boa imagem do que se trata:


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3.12.12

Café e esmeraldas



Já foi Bagatá, «a terra fértil», antes da chegada dos espanhóis no século XVI. Hoje é Bogotá, uma cidade muito extensa, sem arranha-céus por causa dos tremores de terra, com muitas zonas verdes e um centro  popular e animadíssimo, pelo menos neste primeiro Domingo da época natalícia e das férias grandes.

Tem bairros residenciais recentes extremamente agradáveis, nos quais grande parte dos prédios é, curiosamente, em tijolo, fazendo lembrar mais a Bélgica e outros países do Norte da Europa do que vizinhos latino-americanos.

Bogotá considera-se «a Atenas d América do Sul» pela intensa vida cultural que tem (enfim, há sempre uma Veneza do Norte ou um Paris de uma qualquer outra latitude…) e é capital do país das esmeraldas e do café (e, sim, nesta viagem ainda não senti a falta de Mr. Clooney).

O seu coração bate no bairro antigo da Candelária e na Praça Bolivar, hoje invadidos por multidões em animação permanente. Muito teria para dizer, mas, como o tempo é curto, é deles que deixo algumas imagens.







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2.12.12

Ouro e mais ouro



Logo à noite, se possível, deixarei aqui mais umas pinceladas sobre Bogotá. Para já, apenas algumas «amostras» do melhor Museu do Ouro que já vi.

(De um conjunto de objectos datados De 500 ac – 700 dc.)

A Adornos funerários femininos:


Receptáculos para coca:




«A coca, pelos seus efeitos activadores da concentração, da memória e da palavra, era usada para pensar, renovar e transmitir os conhecimentos sagrados.»
Tradições que vêm de longe...

Excelentes imagens:


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4° 36' 0" N / 74° 5' 0" W



Depois de uma (quase) directa e de longas horas em aviões onde dormi (quase) tão bem como na cama, eis-me em Bogotá, a 2.640 metros de altitude, com mais de sete milhões de colombianos que por cá circulam. 

A esta hora Portugal dorme, aqui vive-se a primeira noite das férias de Verão que hoje começaram.

Pouco ou nada vi, mas já deu para perceber que a crise não está a passar por aqui - ou não seriam tantas, tão grandes e tão fulgurantes as decorações natalícias! Um mundo absolutamente feérico a que já estamos pouco habituados…

Amanhã, será isto:


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