1.2.13

Jaime Neves: voto de pesar?



Há uma linha que separa a esquerda (da esquerda) do resto das bandas da AR: PCP, Bloco e Verdes votaram contra voto de pesar a Jaime Neves. Sem surpresa e com o meu aplauso, obviamente, porque a perda de memória e a falta de vergonha têm limites.

Para além de tudo o resto, talvez seja o momento de recordar que Jaime Neves não nasceu «para a pátria» nem no 25 de Abril nem em 25 de Novembro. O massacre de Wiriyamu não foi uma lenda.




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16 comments:

Anónimo disse...

Sim Joana o massacre, um entre os muitos cometidos pela Frelimo (sabia) contra a população moçambicana. é real. Mas o que tem O falecido Jaime neves tema ver com isso ? Foi ele o autor? Se acha que sim, como parece pode publicara as provas? se não, olhe não diga asneiras, não fale do não sabe e sobretudo não calunie ninguém.

Joana Lopes disse...

Por acaso já ouviu falar das denúncias feitas por Adrian Hastings? Vai uma citação, entre muitas possíveis. Tudo mentiras, claro, na sua douta sabedoria!

«Os excessos da guerra feriram a consciência católica em Moçambique e foi a Igreja Católica que tomou a iniciativa de denunciar os comportamentos condenáveis das Forças Armadas portuguesas. O massacre de Wiryamu, ocorrido na zona de Tete, em Dezembro de 1972, foi divulgado pelo jesuíta inglês Adrian Hastings, em artigo publicado em «The Times», em 10 de Julho de 1973, facto que estragou completamente a visita oficial que Marcelo Caetano fazia então à capital britânica.»

Jorge Conceição disse...

Joana, admiro a tua paciência para falar com anónimos!
Os comandos foram os autores directos dos massacres de Wiriyamu, Juwau, Chawola, além de ouros menos falados na região do Zumbo, na parte ocidental da Província de Tete. Também se fala de alguns em Cabo Delgado, mas como não estive aí, nada posso dizer.
Para quem não acredita nos Padres Brancos e nos Padres de Burgos, talvez se recorde da reportagem feita pelo Expresso quando um antigo furriel comando, para acalmar a sua consciência, decidiu ir a Wiriyamu pedir desculpa aos descendentes e eventuais sobreviventes da chacina em que ele ali havia participado.
O major Jaime Neves era o comandante das tropas especiais dos comandos em Moçambique e, por isso, era o responsável máximo por todas as operações dos comandos.
Depois há que referir o comportamento dessa tropa quando em descanso na cidade de Tete, com o beneplácito e até o apoio de Jaime Neves, quer contra a população civil, quer contra os outros militares que não eram tropas especiais. Inclusivé com armas e granadas! Duma única vez mandaram 7 soldados da PM e uma criança para o hospital de Tete, porque resolveram atirar "por brincadeira" uma granada numa das ruas principais de Tete. Noutra dispararam uma rajada para um alferes fardado, amigo meu, apenas porque ele os interpelou por conduta incorrecta no trânsito, estilhaçando os vidros do carro e perfurando a chapa com tiros de G3. Nunca o Jaime Neves os castigou, antes os defendeu, inventando histórias junto do Comando da ZOT (Zona de Operações de Tete). Destes e doutros distúrbios violentos fui testemunha. E também dos comentários a propósito do major Jaime Neves na sua roda de amigos na Taberna do Cigano (onde ele sala , designando-se o chefe da "brigada da madrugada").

Joana Lopes disse...

Jorge, Obrigada pelas tuas informações complementares.
Quanto ao anonimato dos comentadores, vai acabar.

antonio disse...

As minhas desculpas pela reacção ao seu post, classificada de insolência. Infelizmente há pessoas que opinam publicamente,e não gostam de ter o contraditório. É bom ter ideias feitas, sobre tudo e sobre nada! feitios.
Não sou anónimo, nem cobarde. Sou o antónio nascimento ribeiro, cidadão português de 64 anos de idade que foi alf.mil nº 701451/69, no teatro de operações de Moçambique de 1973/1975. A minha questão é sobre uma possível calúnia contra um oficial general das FA, condecorado com a mais alta condecoração militar Portuguesa, que lhe foi entregue pelo PR Mário Soares. Houve massacre. sim , está provado. Foi o único contra a população civil? não . A FRELIMO também o fez e muitas vezes. Isso é desculpa? Não. Foi uma mancha para o FA portuguesas? Foi. Mas tal não era, nem por sombras a forma de actuar, nem mesmo das mais aguerridas forças os comandos. Jaime Neves teve alguma responsabilidade no massacre? É o que afirma no seu blog. Que provas tem ? O padre hastings? mas o hastings não fala em Jaime Neves! Aliás só quem lá não andou é que pode afirmar tal coisa. Não há nenhum registo, militar ou civil, que mencione O gen Neves. O então major Neves à data dos massacres, 1972, era cmdt do batalhão de comandos, situado em montepuez, a mil quilómetros de TETE e wiryamu. As companhias de comandos do batalhão, entre sete e nove, para além da CCS e as companhias em instrução, deambulavam por todo o moçambique sob o comando do sector militar que decidia operações e as comandava. Em TETE era a ZOT. E existia também o COFI, que englobava comandos, paraquedistas e fuzileiros. Jaime Neves nunca foi comandante do COFI ou da ZOT. Portanto nunca teve qual intervenção no comando da operação que deu origem ao massacre. O cmdt da companhia, Gonçalo Fevereiro, estava doente, pelo que o comando da 6ª companhia de comandos de moçambique , composta por bantos e europeus, foi transmitido ao alf Antonino Melo , que já confessou na TV as suas responsabilidades. O comando superior da operação código " marosca" foi decidida pelo comdt do sector F, da ZOT, que uma vez mais repito, não era o então Major Neves.
Tem provas em contrário? Não? Então não calunie um dos melhores militares que Portugal teve na sua história moderna.
insolente eu? Bom, antes insolência com razão, que calúnia gratuita. Sobretudo sobre quem já não se pode defender. É muito feia tal atitude.

Joana Lopes disse...

António,
Isto que o Jorge Conceição escreveu é falso: «O major Jaime Neves era o comandante das tropas especiais dos comandos em Moçambique e, por isso, era o responsável máximo por todas as operações dos comandos.»

antonio disse...

é ! Claro que é falso. Jaime fez três comissões em moçambique. Na penúltima foi cmdt da 28ª companhia. Um operacional. Na última, e após promoção a Major, esteve como comandante do batalhão do comandos, sediado em Montepuez. O batalhão era o centro de formação de comandos. As companhias aí sediadas realizavam operações, como a "marosca" , sob o comando do sector da zona onde actuavam. O País para efeitos militares, estava dividido em sectores, comandados por um oficial general, na maior parte dos casos. Eram esses sectores que decidiam e comandavam as operações.
Não o comandante do batalhão de comandos. Existia também Comando operacional das forças de Intervenção (COFI), às ordens do general comandante chefe. Incluia comandos , fuzileiros e para-quedistas. Jaime podia ter muitos defeitos. mas não era um assassino. Era um valente comandante, o melhor, respeitado por todos os que andaram na guerra, incluindo os seus inimigos. Adorado pelos homens, sobretudo os soldados.
Repito- Não teve a menor responsabilidade nos massacres, por acção ou omissão.

Jorge Conceição disse...

Estive em Moçambique, como alferes miliciano, entre o início de Agosto de 1971 e o início de Dezembro de 1973. Estive sediado em Tete entre Janeiro de 1972 e Abril de 1973.
Durante a maior parte do tempo que estive em Tete cruzei-me por diversas vezes com o major Jaime Neves, companheiro da noite do meu comandante de companhia.
Cruzei-me umas poucas vezes com os soldados dos comandos, assim como com as tropas paraquedistas e com os fuzileiros.
O comportamento destas tropas especiais, na cidade, tendeu muitas vezes para os desacatos, mas o tratamento militar que as respectivas chefias lhes aplicavam eram bem diferentes. Por exemplo, logo após a minha chegada a Tete, numa noite em que se disputava um desafio de futebol de salão, dois fusos resolveram pregar uma partida e lançaram uma granada de instrução (uma granada azul, das que não provocam danos a não ser se rebentarem nas próprias mãos) para baixo da bancada. Criou-se o pânico e os espectadores atropelamram-se uns aos outros. Em consequência, NO DIA SEGUINTE, o comando naval despachou aquela companhia (inteira!) de fusos para Cabo Delgado, para uma zona perigosa. Noutra altura alguns paraquedistas, que estavam alojados a 8 km no aeródromo-base do Chingódsi, vieram em descanso passar o dia à cidade. Ao anoitecer entraram em conflito físico com os "milícias" e destruíram o interior duns estabelecimentos comerciais. Em resultado, as tropas paraquedistas ficaram proibidas de sair da base em descanso DURANTE 30 DIAS!
Na sequência dos dois exemplos que referi por alto no meu comentário anterior, o major Jaime Neves foi chamado à ZOT pelo Coronel Tavares da Costa, que lhe pediu explicações. Jaime Neves, num dos casos (o do alferes alvejado por tiros de G3), negou a autoria de tais actos pelos comandos, argumentando que eram alguns soldados das tropas não especiais que costumavam roubar os crachats aos soldados comandos!... (está-se mesmo a ver...) No outro caso, disse os homens vêm à cidade e precisam de se divertir!... (mandando 7 soldados - que não estavam na tropa por gosto - e uma criança que brincava descuidada, para o hospital com estilhaços duma granada defensiva)... Em nenhum caso aconteceu nada aos soldados. Por isso eles adoravam tanto o Jaime Neves, que preferia defender os seus homens, que a justiça e o civismo!
O major Jaime Neves esteve no distrito de Tete pelo menos durante alguns meses de 1972 e de 1973, ou seja, enquanto eu estava lá sediado. E recordo-me dos seus comentários jocosos sobre estes episódios e outros que lá se passaram.
Relativamente aos massacres acredito que ele possa não ter participado directamente, até porque era comandante de batalhão.

Noutro registo e sobre Wiriyamu: não assisti aos massacres, pelo que não sei quem os perpretou a não ser por relatos de outros. Por exemplo: eu era amigo de uns tenentes pilotos aviadores, que na alturam pilotavam os caça-bombardeiros Fiat. Um deles relatou-me a operação aérea em que acabara de participar e contou-me, com algum horror o resultado desse primeiro embate que foi depois terminado pelos comandos. Poucos dias depois (2 ou 3) dessa operação demandaram à cidade manadas desgovernadas, abandonadas pelos pastores e que, esfomeadas entravam por jardins públicos e privados para comerem as plantas existentes... Por isso quando o Kaúlza veio jurar que, não só não tinha havido qualquer massacre, como nem sequer Wiriyamu existia, é bem de imaginar como a tropa que por lá andava se sentiu!...

Joana Lopes disse...

Expresso, hoje, p. 34:

«Jaime Alberto Gonçalves das Neves nasceu em Vila Real, a 24 de março de 1936. Oficial dos Comandos, fez cinco comissões no chamado ultramar. Com o nome de guerra ‘Tigre’, fazia questão de andar quase sempre de camuflado. Em Moçambique, foi, no dizer do biógrafo, Rui de Azevedo Teixeira, “o grande distribuidor da morte violenta”. A biografia (“Homem de Guerra e Boémio”, Bertrand), chama-lhe mesmo “o senhor da guerra em Moçambique”. Uma outra faceta conhecida era a das “noitadas de copos, batota e mulheres”.»

septuagenário disse...

normalmente era (são) militares mal preparados tecnicamente que podem provocar casos tipo Wiriamu.

Não creio que o Alferes (?) que faz o relato do que se passou, fosse um jovem com preparação quer técnica quer psicológica.

septuagenário disse...

Casos como Wiriamu era (é) mais fácil acontecer com militares sem preparação técnica e sem disciplina, do que com militares profissionais.

Jovens Alferes ou outros milicianos mais facilmente se precipitavam em casos inopinados.

antonio disse...

Olhe, leia o livro do Rui Azevedo Teixeira, também ele um ex-comando. Não se fique por citações, ou excitações.
Eu, por mim, já não dou mais para este peditório.
Já estou elucidado.
Já agora podia apresentar queixa contra Jaime Neves no MP,ou mesmo no TPI em Haia, acusando-o de participação nos massacres de inocentes.
Além do mais poderia propor que se cortasse a pensão a que a viúva tivesse direito. Sempre ajudava o gaspar no corte dos 4 mil milhões. Esquerda caviar sempre sempre ao lado da direita.

Unknown disse...

Após ler os vários comentários sobre o tema dos MASSACRES cometidos pelas tropas portuguesas contra populações indefesas em WIRYAMU e outras aldeias em Moçambique, como português, sinto-me envergonhado por tal comportamento selvático e animalesco.
Conclusão: Todos os intervenientes, chefias responsáveis, deveriam ser julgados em tribunal marcial como criminosos de guerra, ao abrigo dos acordos internacionais. Assim, é fácil ser herói.

Anónimo disse...

Quando dos massacres de WIRYAMU, eu estava a "passar férias" no Niassa, que também ficava à esquina de Tete, pelo que ouvi contar tudo o que por lá aconteceu. Nos comentários que li, com toda a atenção, apenas pude constatar que há razões que a razão desconhece para se praticar atos tão vis, hediondos, diria... mas não sabemos tudo o que se passou, como se passou, quem o fez... ou seja QUEM MANDOU FAZER, porque o mais culpado foi quem ordenou que se fizesse... e esse foi destituído quando foi atribuída a culpa às Forças Armadas Portuguesa, como foi o caso do General Armindo Martins Videira, que foi 1º. Comandante dos... Paraquedistas portugueses e era então Governador de Tete. Mas... não estou a dizer que foi culpado ou não de qualquer massacre, porque não sei os motivos.
É engraçado que se atribua a culpa de tudo a Jaime Neves, cuja esposa tinha sido, até ao 25 de Abril, "mulher da limpeza" na camarata de Sargentos da antiga Base Aérea nº. 3, em Tancos. Era a ti Joana, pessoa muito querida pela sua bondade e não merecedora de que lhe cortassem a pensão de reforma, como sugere o comentador António. O senhor ex-Alferes Miliciano Jorge Conceição parece aqueles tipos da Acção Revolucionária Armada a falar, mas estes dependiam do PCP e apenas eram os sabotadores do Partido. Ora o senhor Alferes Miliciano não trabalharia para tal gente, porque tem uma "mente" brilhante e capacidades de observação e retenção memorial. Até parece que era o guarda costas de Jaime Neves, pois seguia-o para todo o lado, segundo deduzo.
Deixem o Homem repousar em paz, porque se errou já o pagou à algum tempo!

Unknown disse...

só hoje tive oportunidade de ver este blog e sinceramente sobre o assunto em questão, nunca li tanto disparate junto em tão curto espaço , salvo as opiniões do antonio que além de me parecer uma pessoa lucida tem alguns conhecimentos contextualizados em função do acontecimento.
quanto aos outros não passam de franco atiradores incluindo a joaninha que querem fazer que sabem, colocando-se em bicos de pés, com juizos de valor e opinião completamente desajustadas com a realidade ferindo injustamente pessoas que deram tudo o que tinham servindo sem olhar a paga ou satisfação de interesses, falam por falar dizendo até que estiveram por lá ,no ar condicionado talvez,fazendo crer que estavam bem informados fazendo fé em boatos.

e se eu vos disser que o que se passou em wiriamo com a 6ª companhia de comandos de moçambique foi provocado por alguns habitantes da aldeia, que quando ninguem o fazia prever abateram traiçoeiramente soldados dos comandos e que os camaradas ao ve-los mortos perderam a cabeça e retaliaram?

e pronto...a guerra tem destas coisas e daí até acontecer o que aconteceu foi um apice. pensam que o opositor em condições identicas faziam diferente? há provas que o antagonista fazia exactamente o mesmo quando podia...

agora vêm para aqui ex-alferes de pacotilha (com mentalidade de cabos escriturarios) e meninas mimadas que nunca viram os horrores duma guerra botar moralidade...

deus vos livre passarem pelos horrores duma guerra seja em que situação for.

cumprimentos

Unknown disse...

Clin Zorro, poupou-me tempo e palavras para responder aos comentários do Sr. Alferes de "Arame
Farpado", que deve ter lido o livro do Rodrigo dos Santos, para proferir tais baboseiras. Também sei o que se passou em Wyriamu, pois frequentei parte do curso da 6ª.Comp.Com.Moç.como cadete; mantive e mantenho contacto com a maioria dos que foram oficiais da mesma e as versões que essa "cambada" que escreve sobre o assunto, incluindo o testemunho do padres, não relata o que realmente se passou.
Obrigado camarada(de armas), pelo seu depoimento.
MAMA SUMAE - Audaces Fortuna Juvat

Victor Nunes dos Santos (ex-Alferes Miliciano de Infantaria de 1972-1974 em Moçambique/Niassa)