10.4.13

Comentários para quê



Maria do Céu Guerra divulgou hoje este texto no Facebook. 

Não sei se este é o meu último espectáculo.

A amargura com que vou estrear este belo texto de Nascimento Rosa – nonagésima produção da Barraca no seu trigésimo sétimo ano de trabalho ininterrupto – não é suportável nem admissível.

Nenhum governo tem o direito de ser tão desproporcionado nas suas medidas e tão arbitrário nos seus fundamentos.

Depois de, nos últimos anos, três dos mais estimados autores teatrais de língua portuguesa –Mário de Carvalho, António Cunha e Armando Nascimento Rosa – nos terem dado a estrear as suas últimas peças, numa prova de confiança que nos enche de orgulho e festa e elas terem sido levadas à cena com êxito e reconhecimento do público e dos próprios autores, depois do nosso trabalho ter viajado no País, na Europa e fora dela recolhendo distinções especiais e um carinho que estes funcionários de quem depende a sobrevivência de companhias como esta estão longe de saber o que é, vemos que os Comissários de Cultura que gastam na administração dos seus sumptuários gabinetes, nas consultas jurídicas que lhes respaldem os embustes e nas embaixadas milionárias em que transportam coisa nenhuma, a grande parte do orçamento que têm para administrar e fomentar a Criação Artística, aguardam ansiosos que «A Barraca» dê o seu último suspiro.

Estamos num país de Inveja e Histórica Mediocridade. Por que razão seria agora diferente? Desviam-se os olhos do vizinho que jaz no passeio, na pressa com que estamos de chegar ao conforto do lar.

Como disse Sttau Monteiro “um país onde se cortam as árvores para que não façam sombra aos arbustos”.

Abotoem-se enquanto podem. Lambam-se com as últimas migalhas. Atrás de tempos vêm tempos. 
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