1.6.13

Linhas vermelhas



«O insulto ao Presidente da República tornou-se banal. Nas ruas, nos cafés, na Internet, nos jornais, nas televisões. Dos membros do governo é o que se sabe, vozearia e Zeca Afonso. O desrespeito pelo poder político há muito que ultrapassou a linha vermelha. Não estamos já no pântano. Estamos num processo acelerado de podridão coletiva. (...)

O recurso à mentira e às promessas vãs feitas na última campanha eleitoral também não ajudaram à credibilidade dos políticos. Portugal sofreu um golpe. Hoje reconhecido mesmo por algumas vozes de direita. Os portugueses foram deliberadamente enganados. Daí a convicção, generalizada e perversa, de que os políticos são todos aldrabões. (...)

Como se isto não bastasse, outras linhas vermelhas têm sido largamente ultrapassadas. A da miséria acima de tudo. Cada vez mais crianças vão para a escola com fome. Há quem vasculhe, de novo, os caixotes de lixo. Nos supermercados roubam-se latas de atum. Os sem-abrigo aumentam. (...)

É por isso que a atual situação exige coragem, mais do que calculismo. Diz-se que isso não é possível. A Troika não deixa. Mas será que um país pode sobreviver à dupla catástrofe de ver liquidada a sua economia e ao mesmo tempo assistir à degradação da sua vida cívica? Será que vermos, como ato banal do quotidiano, um Presidente ser chamado de palhaço e outros nomes ainda piores, pode ajudar a educar cidadãos responsáveis, tolerantes e participativos?

Em suma, o ambiente está podre. A grande linha vermelha está definitivamente ultrapassada. Aquela que se desenha entre a população e o poder político. Já não se trata de diferentes opções políticas, de opinião ou de jogo partidário. A situação é insustentável. Precisamos de uma regeneração. Não há outra maneira de a conseguir que não passe por derrubar este governo e partir para outra. Qualquer que ela seja. Não há nada mais importante para fazer neste momento da história deste pobre país. Tudo o resto é uma pura perda de tempo.»  

Leonel Moura

(O link pode não funcionar e o realce é meu.)
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