20.7.13

À espera sabe-se lá de que Godot



Nove dias separaram a semicriptada comunicação de Cavaco Silva ao país e a noite em que se soube que o arco da governação tinha rasgado, não o Memorando, mas o rascunho da Salvação Nacional.

Feitos parvos, passámos mais de uma semana a seguir os passos de jornalistas que filmavam entradas e saídas de membros de delegações partidárias, fixavam horas e minutos, faziam perguntas a que já sabiam não ir ter respostas e recebiam finalmente, como um maná, comunicados de duas linhas em que não era dito absolutamente nada. Mais valia que as três delegações partidárias tivessem ido para as Selvagens e lessem comunicados às cagarras. 

Até que ontem, à hora nobre dos telejornais, António José Seguro quebrou o tabu e pôs fim à primeira série da telenovela. A segunda teve início imediatamente, com tudo o que é comentador a consultar os búzios para adivinhar os planos de Cavaco (espera-se que os tenha, mas nunca se sabe...). Tudo bem, primeira vitória: não há acordo.

Mas agora, PS? Não sendo de esperar que António José Seguro toque à campainha da sede do Bloco de Esquerda na Rua da Palama, nem que mande um mensageiro à Soeiro Pereira Gomes, resta ao PS, como é óbvio e já reafirmou ontem, lutar por uma maioria absoluta, orgulhosamente só (embora esperando recorrer a acordos de incidências várias, se necessário). É praticamente garantido, e eu assim espero, que isso aconteça no dia do nunca: maiorias absolutas, não muito obrigada! Nunca mais - jamés, como diria o tal outro.

Assim sendo: aconteceu algo de novo nestes últimos dez dias? O quê exactamente?
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