31.7.13

Mentiu, Não menti



Ao ouvir ontem uma parte das longuíssimas horas em que a ministra das Finanças foi interpelada sobre swaps numa Comissão Parlamentar, pensei algo de semelhante ao que Ferreira Fernandes escreve hoje no DN. Era óbvio que o desfecho seria o que foi: a ministra a insistir que não mentiu, a oposição a tentar provar que sim e os espectadores, em casa, a tomarem partido por uma ou por outros, conforme as suas opções políticas. O assunto é sério mas, a páginas tantas, parecia que assistíamos a uma querela entre crianças de escola («aquele menino é que mentiu, senhora professora»). Mais valia recorrerem a polígrafos, sei lá...! Mais a sério: não seria possível nomear uma comissão que escrutinasse o que ficou escrito? É que todos sabemos que palavras leva-as o vento e para o lado em que interessa soprar.

«O escrutínio - palavra grave, que quer dizer exame minucioso - a que são sujeitos os maquinistas e os motoristas envolvidos em desastres deveria ser estendido a outras áreas sinistradas da sociedade. (...) A causa dos três acidentes vai ser julgada sobre factos. Esse correcto método de escrutinar maquinistas e motoristas poderia, digo eu, ser estendida a uma classe que agarra o volante da sociedade a pretexto de lá chegar por escrutínio (relembro, quer dizer exame minucioso). Essa classe, suspeito eu, pode ocasionar maiores tragédias do que os 118 mortos acima contabilizados. Porém, essa classe brinca com palavras. Mentiste! Não menti nada! Mentiste, mentiste...»
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1 comments:

Unknown disse...

Completamente de acordo. E a mim desagradou-me o estilo do interrogatório - insistente, agressivo, ameaçador - parecendo "inquisitório" (às tantas, num processo subconsciente, senti-me quase com pena da ministra...). Estas forma de confronto molestam-me, incomodam-me, trazem-me à memória situações do passado que deviam estar longe da "casa da democracia". Ouvir e esclarecer, nestas comissões, não podem ser isto. Helena Pato