1.7.13

Tudo mais ou menos bloqueado?



Se até «eles» o dizem... Pedro Adão e Silva em entrevista ao i:

«O centro-esquerda está numa encruzilhada. Podemos chegar a um momento de um enorme bloqueio político e de não haver respostas para os problemas que enfrentamos. (...)

Não quero parecer muito pessimista, mas há bons motivos para estarmos pessimistas. No entanto, temo bem que o PS ainda ganhe as eleições - caminhamos no sentido da alternância - mas seja uma passagem pelo poder muito breve e devastadora para o Partido Socialista. Da mesma forma que o PSD sairá devastado nas próximas eleições legislativas. Vamos ter uma desagregação do PSD, se houver eleições daqui a um ano ou daqui a dois, o PS ganhará as eleições mas ficará rapidamente muito desgastado. Não podemos cair na ilusão de que uma pequena diferença nas políticas e um discurso mais humanista fará uma grande diferença no médio prazo. Não fará. Poderá ser um balão de oxigénio, mas não fará uma grande diferença. Por outro lado, os partidos dos países das periferias, que não por acaso são as democracias mais tardias, não têm um grande enraizamento social. Portanto, quando sujeitos a uma grande intempérie, caem e não têm raízes para se reerguerem. (...) Há um problema de défice de enraizamento. O caminho de lenta agonia que temos trilhado na Europa é difícil de sustentar politicamente nos países da periferia. (...)

A direita tem uma narrativa coerente, está a viver o seu momentum. É totalmente absurda e falha do ponto de vista político, mas a combinação de austeridade económica com punição moral - uma combinação paradoxal entre liberalismo e puritanismo - corresponde a um sentimento generalizado em alguns países. O problema é que a esquerda não tem uma narrativa alternativa suficientemente eficaz e coerente. Mas é um facto que em Portugal chegámos a uma loucura tal que só devolver o país à razoabilidade já fará alguma diferença - por exemplo, não fazer coisas estúpidas como este governo faz sistematicamente.» (Os realces são meus.)


P.S. - Nunca o Sérgio Godinho me pareceu tão oportuno (até fala de «maduro» e de «seguro»):


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