9.10.13

Luís Amado: peca por alguma originalidade?



Luís Amado não é um português anónimo nem um militante socialista «de base». Tem uma longa carreira no partido do Largo do Rato, foi deputado, pertenceu a governos socialistas pelo menos desde 1995, foi ministro dos Negócios Estrangeiros (e até de Estado) em governos de José Sócrates.

Ontem, numa conferência realizada em Lisboa, resolveu «ajudar» o partido a que pertence, referindo as cautelas que este é obrigado a ter no seu posicionamento político por existirem na AR «forças revolucionárias» que identificou com a «extrema-esquerda parlamentar». Se não fosse patético (e pateta), seria apenas cómico dizer-se que PCP e Bloco são «forças revolucionárias», mas adiante.

O único objectivo de LA foi defender a criação de um bloco central (entenda-se uma grande coligação do PS com os partidos à sua direita). Lamenta mesmo que isso não tenha acontecido em 2009 (quando o PS formou o XVIII Governo Constitucional com maioria relativa), com um argumento curioso: teria sido mais fácil «a gestão das expectativas dos eleitores, por um lado, e dos credores, por outro, considerando que a mesma é "incompatível"», «porque, "a maioria [parlamentar] preocupa-se com os credores e a oposição com os eleitores"». Registe-se.

Indo ao que mais interessa. LA diz-se convicto de que «no próximo ano, ou no seguinte, isto [a formação de um bloco central] poderá acontecer». De acordo: o PS de Amado e de muitos outros não se aliará à perigosíssima «esquerda revolucionária» portuguesa presente na AR e cimentará a sua força de braço dado com a direita. Mas aquilo que eu apreciaria mesmo era que fosse feito um inquérito (com voto secreto, claro) dentro dos principais órgãos actuais do PS (Comissão Nacional e Comissão Política, por exemplo) e  saber-se-ia então para que lado penderia a balança em termos de desejos de alianças. Por mim, não tenho dúvidas: LA está muito longe de ser minoritário, porque é muito mais o que aproxima o actual PS da direita do que aquilo que tem em comum com a esquerda. Com «culpas» de todos? Certamente. Mas, contra factos, raramente há argumentos.

(Fonte)

1 comments:

JR disse...

O discurso de Luis Amado é como o de todos os politiquinhos que andam pelos partidos: fraco, muito fraco, revelador da falta de capacidade para fazer, para construir.
A mediocridade confrangedores dos governadores de partidos é isto e o que temos no governo a assembleia