20.11.13

Servos da gleba



«Vive-se hoje um novo paradigma: a pobreza é a nova redenção. É isso que diz o FMI, é isso em que acredita a União Europeia, é isso que é a narrativa do Governo. Por isso as declarações de João César das Neves e de Nuno Crato são as duas faces da mesma cartilha destes novos tempos. O professor universitário diz que "o aumento do salário mínimo estraga a vida dos pobres". Nuno Crato diz, sem se rir, que Portugal não quer ser competitivo à custa de salários baixos. (...)

A transformação do país numa nova Roménia ou Bulgária está em marcha. O desemprego não recuará consideravelmente nos próximos anos, mesmo que isso abale os alicerces da democracia. Nestes dias em que o trabalho remunerado decentemente é um luxo, o nomadismo emigrante é a única solução. (...) Os servos da gleba estão de volta.»

Fernando Sobral, no Negócios de hoje. 
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1 comments:

samartaime disse...

Tanto quanto me lembro, o servo da gleba correspondia a uma promoção relativamente ao servo.

O servo da gleba tinha direito ao que possuía naquela gleba: a palhota e uma parcela para cultivo próprio e não podia ser expulso. Quando o senhor vendia a terra, o servo da gleba «ia com a propriedade» e o novo senhor mantinha-lhe os direitos.

O servo não tinha direito a nada, ficava com o antigo se ele quisesse ou ia embora sem mais esta porque o senhor já não precisava dele visto a terra ter sido vendida.

Hoje, voltámos à servidão. Nem servos da gleba somos. Emigramos, estamos no salve-se quem puder.