18.12.13

Que pretende provar a prova (dos professores, claro)?



O jornal i divulga excertos da prova de avaliação, que os professores deviam ter feito hoje e que foi justissimamente boicotada por muitos. Mas para além desta luta contra mais uma teimosia governamental, tão absurda como tantos outras, vale a pena dar uma vista de olhos às perguntas.

Copio uma, a título de exemplo, mas qualquer das outras servia para o efeito:

Item 30
No relatório de uma escola, uma refeição completa inclui: sopa, prato principal, sobremesa e bebida. O relatório disponibiliza uma variedade de sopa, quatro pratos principais diferentes, três variedades de sobremesa e dois tipos de bebida.
30. Qual é o número de refeições completas que estas disponibilidades permitem obter?
(A)24 (B)15 (C)12 (D)9

Confesso a minha perplexidade. O que é que se pretende averiguar especificamente quanto à capacidade dos candidatos para serem PROFESSORES? Chegados a este ponto, por que motivo não devem os médicos responder exactamente às mesmas perguntas, por exemplo para acederem à especialidade? Os militares para não acertarem tiros fora do alvo? Ou os candidatos a deputados para termos a certeza de que têm um QI razoável e que treinaram bastante nos «Descubra as diferenças» dos jornais?

Se a prova serve apenas para eliminar uns milhares de pessoas, era mais honesto recorrer a rifas ou, sei lá..., à velha lengalenga infantil: «Um dó li tá / Cara de amendoá / Um segredo coloreto / Quem está livre, livre está.» Em vez de humilhar e torturar seres humanos.
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3 comments:

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

A pergunta, par5a estar correctamente formulada, teria que ser:

"30. Qual é o número de refeições completas diferentes que estas disponibilidades permitem obter?

Joana Lopes disse...

Claro, ainda por cima!

Luis Moreira disse...

O que é humilhante - e, nisso, estamos de acordo- é a ideia que o MEC tem do mérito de quem chega à carreira. A classe devia pensar nisso!