10.8.13

E ainda chegará a ministra


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Quando as armas não eram cantigas



A resistência não era mansa nos últimos anos do fascismo e nem todos os costumes eram necessariamente brandos. 

Nos últimos dias do mês de Julho de 1972, as Brigadas Revolucionárias lançaram dois porcos nas ruas de Lisboa, no Rossio e em Alcântara, como reacção à farsa eleitoral que reconduziu Américo Tomás ao seu último mandato como presidente da República.

Estavam vestidos de almirantes (tal como Américo Tomás...) e untados, pelo que a polícia não conseguiu agarrá-los e teve de os matar à metralhadora. Grande sucesso nas ruas de Lisboa! Foram depois distribuídos panfletos, lançados por petardos, com o seguinte conteúdo:


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Quando no dia 9 de Agosto de 1972, Américo Tomás tomou posse, para «festejar» o acontecimento, a A.R.A. (Acção Armada Revolucionária), organização de luta armada do PCP, usou 80 cargas explosivas para cortar o fornecimento de electricidade a grande parte do país. É este o comunicado onde a acção é descrita:

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Sábio conselho



... nos tempos que vão correndo:

«Quem sofre de véspera é o peru no Natal.»

(Ouvido ontem a Helton, guarda-redes do FCP.)
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Façam o favor de ler


... o texto em que Óscar Mascarenhas comenta hoje as reacções ao que escreveu no Sábado passado.

«Se Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba preferirem que eu diga que eles têm sido o estalinismo a bater ao de leve à porta, faço-lhes de bom grado o obséquio...»
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Legalidade e legitimidade



Bem a propósito de muitas discussões do dia nosso de cada pão: 

«Olhemos para alguns exemplos recentes da vida política em Portugal, em que vários políticos tiveram que vir dizer publicamente que agiram dentro da legalidade. Quando um político evoca a seu favor a estrita legalidade, quase sempre se colocou fora da legitimidade, isto é, à margem do próprio princípio que funda e legitima o exercício do poder político, as suas regras e as suas modalidades. A razão pela qual as instituições e os poderes democráticos se encontram hoje deslegitimados não é terem caído na ilegalidade; pelo contrário, afirma Agamben, é porque os poderes e os seus representantes perderam a consciência da sua legitimidade que a ilegalidade se tornou tão generalizada. Nestas circunstâncias, a ideia de corrupção tornou-se difícil de apreender, passou a ser um expediente legal a partir do momento em que o que se corrompeu foi a própria distinção entre o princípio da legalidade e o princípio da legitimidade. Por isso, querer resolver certas questões (como a da possibilidade de os presidentes de câmara se poderem candidatar a outra câmara quando já cumpriram o número limite de mandatos) através do direito, levando às últimas consequências a interpretação da legalidade formal, é entrar na perda irreparável de toda a legitimidade substancial. É promover a hipertrofia da lei por ausência de princípios que definam a legitimidade. Se é verdade que um poder que se pretende baseado numa legitimidade que despreza a legalidade é de natureza reaccionária e totalitária, também é verdade que se a democracia fica reduzida a regras e procedimentos jurídicos e já não resta nenhum outro princípio de legitimação senão os resultados eleitorais, então a legitimidade foi completamente absorvida pela legalidade (que os seus beneficiários dirão que “incontestável”) e deixa de haver qualquer saída para a imobilidade e o vazio em que caiu a máquina política. Não é, porventura, neste ponto que nos encontramos?» (O realce é meu.)

António Guerreiro, Ípsilon, 9/8/2013, p.28
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9.8.13

Preciosidade



«Tintin à la plage», ilustração inédita feita por Hergé em 1967, a tinta-da-china, guache e aguarela. (Avaliada em 70 mil euros.) 
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9 de Agosto de 1945



(Republico porque é preciso não esquecer)

Fundada por portugueses em 1570, Nagasaki é recordada sobretudo por ter sido vítima da segunda bomba atómica lançada pelos Estados Unidos no Japão, seis dias antes da rendição deste país e do subsequente fim da Segunda Guerra Mundial.

Fala-se mais da tragédia de Hiroshima por ser cronologicamente anterior, mas o número de mortos e de feridos foi sensivelmente o mesmo nas duas situações e o engenho que destruiu a parte Norte de Nagasaki, em menos de um segundo, até era mais potente mas caiu num vale e teve efeitos amortizados.



Actualmente, existe em Nagasaki um belíssimo Parque da Paz. Quem já lá esteve não esquece.




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Os lápis são agora alaranjados

Realidade dura e crua



(Via Amadeu Melo)
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Ainda sobre cortes nas pensões


@Paulete Matos

«Se faz parte do grupo dos que acreditam que a proposta de cortes nas pensões vai afectar aqueles que conquistaram uma reforma generosa durante passagens meteóricas pelo Estado, desengane-se. Se acha que estes cortes devem avançar para aliviar a sacrificada geração de trabalhadores, esqueça. Embora o preâmbulo do diploma tenha sido cuidadosamente preparado para juiz do Constitucional ler, é difícil argumentar-se que dali resultará uma repartição dos esforços efectivamente justa, quer entre categorias de pensionistas, quer entre gerações.

Apesar de o corte até 10% nas pensões ser justificado com a necessidade de criar condições de igualdade entre o sector público e o privado, ele não vai apanhar nem as pensões mais altas do Estado, nem aquelas que gozaram de maior arbitrariedade na sua fixação. (...)

A reposição da equidade intergeracional é outro dos mitos que esta proposta esboroa. Diz o Governo que os actuais trabalhadores enfrentam um esforço desproporcionado entre o que descontam e o que vão receber no futuro a título de pensão. E, por isso, é preciso cortar nas pensões actuais para calibrar esforços. Mas não há nas propostas qualquer alívio nos descontos dos actuais trabalhadores nem tão pouco uma melhoria na fórmula de cálculo das pensões futuras. (...)

Por fim, uma questão menor, mas que é reveladora dos diferentes níveis de delicadeza com que o Governo trata diferentes grupos sociais. As bonificações na contagem de tempo de trabalho para a reforma, de que beneficiam alguns militares e autarcas, por exemplo, vão acabar. Mas terminarão no final do ano salvaguardando-se o tempo acumulado até essa data. Aqui, respeitam-se escrupulosamente direitos ainda em formação. A quem já está a receber as pensões não se reconhecem direitos já formados. (...)

Com tamanhas incongruências e discriminações não admira que o Governo esteja apreensivo com o Tribunal Constitucional.»

Elisabete Miranda
(O link pode só funcionar mais tarde)
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8.8.13

Swaps?


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Parece um pouco excessivo que este senhor faça 76 anos



... mas é um facto: Dustin Hoffman nasceu em 8 de Agosto de 1937. Soube-se agora que lutou, recentemente e com sucesso, contra um cancro, protagonizou dezenas de filmes, mas eu fixei sobretudo os da sua primeira fase. E quem não se lembrar pelo menos destes dois merece todos os castigos do universo, incluindo polémicas sobre secretários de Estado desmemoriados e futebolistas arrependidos.




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Já dizia Einstein



«Nem o comunicado do Ministério das Finanças nem a justificação da demissão apresentada pelo Secretário de Estado invalidam a conhecida boutade de Einstein: "só há duas coisas infinitas - o Universo e a estupidez humana, e quanto à primeira não tenho a certeza."»

João Sedas Nunes no Facebook
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Se o objectivo é virar cada vez mais a população contra os políticos...



... será dado mais um passo.


«As subvenções vitalícias pagas aos políticos não estão contempladas na proposta de lei que prevê a convergência entre os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações e a Segurança Social. Ou seja, todos os deputados que estiveram no parlamento durante mais de 12 anos ou membros do governo que exerceram cargos até ao final de 2005 continuam a receber o mesmo que agora.»

Mas por que carga de água???
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7.8.13

Para quem não viu


... a entrevista a Óscar Mascarenhas, o autor deste polémico texto, ontem na SIC Notícias.


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Revisitar o «Documento dos Nove»



O «Documento dos Nove» (também conhecido como Documento Melo Antunes) é imediatamente associado a 1975 mas há muito quem o relacione com o 25 de Novembro e julgue portanto que foi publicado perto dessa data – os anos vão passando e as memórias tendem a amalgamar-se... Não é o caso: foi divulgado, no Jornal Novo, em 7 de Agosto de 1975, exactamente há 38 anos.

«Os Nove» eram Melo Antunes, Vasco Lourenço, Sousa e Castro, Vítor Alves, Pezarat Correia, Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves e Vítor Crespo, mas o manifesto foi ainda assinado por Ramalho Eanes, Garcia dos Santos, Costa Brás, Salgueiro Maia, Rocha Vieira, Fisher Lopes Pires e outros membros das Forças Armadas.

Em pleno Verão quentíssimo, na véspera da tomada de posse do célebre V Governo Provisório (o último a ser presidido por Vasco Gonçalves), os signatários quiseram posicionar-se em contraponto às teses políticas do documento «Aliança Povo/MFA. Para a construção da sociedade socialista em Portugal», apresentado um mês antes (em 8 de Julho) e passaram a representar publicamente a facção moderada do MFA, recusando «tanto o modelo socialista da Europa de Leste como o modelo social-democrata da Europa Ocidental, defendendo um projecto socialista alternativo baseado numa democracia política, pluralista, nas liberdades, direitos e garantias fundamentais».

Vale e pena ler ou reler este Documento dos Nove, sabendo o que sabemos hoje e estando onde estamos. É um exercício que aconselho a quem se interessa por esse ano crucial e absolutamente decisivo da nossa História relativamente recente, por aquilo em que ele a condicionou e condiciona ainda. Discuti-lo deste ponto de vista daria pano para mangas (para muitas mangas...), mas nem tento. Não resisto, no entanto, a transcrever um parágrafo que resume, de certo modo, aquilo que Os Nove defendiam e prometiam:

«Lutam por um projecto político de esquerda, onde a construção duma sociedade socialista – isto é, uma sociedade sem classes, onde tenha sido posto fim à exploração do homem pelo homem – se realize aos ritmos adequados à realidade social concreta portuguesa, por forma a que a transição se realize gradualmente, sem convulsões e pacificamente.»

Tenham um resto de Agosto tão feliz quanto possível – em 2013.
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...a veces soy chileno y con deseos que no sé si son chilenos...


(Pepe Mujica, Presidente do Uruguai)

Texto de Luis Sepúlveda, divulgado hoje no Facebook

«Muy pronto habrá elecciones en Chile y muchas compatriotas y muchos paisanos quieren saber mi opinión, no tanto para conocer con quién estoy sino contra quien estoy. Una sola vez en mi vida estuve a favor de un hombre, de un candidato, de un compañero, de alguien que con su ejemplo, su valor e inteligencia hizo que estuviera a favor de él con toda el alma, las tripas y lo que hiciera falta. Ese hombre era Salvador Allende, y no está, y no hay otro hombre o mujer con sus mismos valores, con su entrega y su claridad de ser humano y de estadista. Así que no estoy con nadie, en contra de muchos sí estoy, pero no a favor de nadie.

Con todo el corazón, las tripas, el esfuerzo y lo que hiciera falta estaría a favor de alguien, mujer u hombre que dijera:

"En mi país yo camino por la calle, voy a comer en cualquier lado sin parafernalia de los hombres de Estado. No quiere decir que no tenga rosarios y puede que también algún enemigo, pero al fin y al cabo morir te vas a morir y no hay que vivir temblándole a todo. Al fin y al cabo la vida ha sido muy generosa conmigo. Soy un luchador social lo he sido toda mi vida, ahora estoy en esta changuita de presidente que nunca pensé, pero el juego de la vida se dio así. Pertenezco a una generación que quiso cambiar el mundo, fui aplastado, derrotado, pulverizado, pero sigo soñando que vale la pena luchar para que la gente pueda vivir un poco mejor y con un mayor sentido de igualdad, El hombre tiene recursos para crear un mundo mejor, mucho más rico en cultura y conocimiento".

Pero lamentablemente para los chilenos, para nosotros, Pepe Mujica es uruguayo y está bastante ocupado arreglando asuntos en la República Oriental del Uruguay.

Deseo para Chile un presidente, hombre, mujer, gay, negro, mapuche, rubio, como sea, que se atreva a donar el 90% de su salario y no por caridad, sino porque los fines de semana cultiva una chacra que le da lo necesario para sus caprichos gastronómicos que no reclaman caviar ni langosta sino las cosas nobles que crecen a fuerza de sol, de agua y voluntad humana, y porque sus hábitos de vida están muy lejos del consumo como idea central del ser. Y hay que venir de una cultura muy sólida para pensar así. De la cultura de la lucha junto a los compañeros, de la cultura de los años de cana junto a los compañeros, de la clandesta junto a los compañeros, del valor y del miedo compartido con los compañeros, del amor grande y luminoso de los compañeros.»

Me gustaría para Chile un presidente flaco, gordo, petiso, largirucho, turnio o con vista de lince, que llegara a La Moneda en el mismo cacharro que compró alguna vez porque necesitaba tener un auto, y se encariñó con él, y no le importó que no tuviera air bags, ni que chirriara, que no fuera descapotable o blindado. Lo que importaba era que el cacharro avanzaba, iba hacia adelante o hacia atrás, según la necesidad del momento. Me gustaría un presidente que tuviera una perra de tres patas, o un gato con todas las patas, o una gallina con apenas dos, sin hablar de razas ni pedigrées, un bichito no más para ejercitar otra clase de cariño. Me gustaría un presidente que alguna vez hubiera ido a comer a un boliche proleta, y no para hacerse una foto, sino como cliente fijo, parte del inventario que suma mesas cojas y sillas desiguales, y que una vez en el cargo de mandatario, fuera al mismo boliche y esperara, como todos, a que se libere una mesa , a que cambien el mantel de papel y recojan las migas, y bebiendo el vino de la casa pregunte por el menú del día.

Me gustaría para Chile un presidente como el Pepe Mujica, dotado de los atributos morales que nacen de la lucha diaria, de la inteligencia que genera la humildad, de la audacia de los que tienen vidas sobrias. De un hombre o mujer que, una vez finalizado su mandato tenga menos que cuando lo empezó, que no se vaya del palacio de gobierno a servir consorcios de explotadores como consejero, sino de regreso a su chacra, a separar los yuyos de las hortalizas, a compartir un mate bien hablado con los muchachos que serán los dirigentes de mañana.

Un hombre, una mujer así me gustaría para la presidencia chilena, y como no hay nadie que encarne esos valores, no estoy con nadie, y juro que me gustaría volver a estar a favor de alguien.»

(Via Cristina Gomes da Silva)
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Reforma apressada do (Orçamento de) Estado – os cortes nas pensões



«Pronto, acabou o Verão. Acabou a festinha do "novo Governo" e o fogo-de-artifício do fim da austeridade em que, talvez um dia saibamos porquê, Portas decidiu banhar-se. Voltámos ao ponto de onde na verdade nunca saímos sem que alguma vez tenhamos entrado de forma permanente: aos cortes na despesa do Estado. (...)

Intoleráveis são as excepções. É chocante assistir às excepções para os juízes (e diplomatas), que só acontecem porque os próprios juízes julgaram em causa própria e consideraram o corte ilegal (argumentando que as suas pensões seguem a evolução dos salários no activo). É inacreditável que quem decide justiça crie excepções para si que agravam a injustiça para todos. Será para agradar aos juízes do Constitucional?

Este corte das pensões no Estado recoloca a questão que a crise política doida de Julho ludibriou. Na tormenta da austeridade virá ainda o corte de todas as pensões (públicas e privadas) da TSU aceite "excepcionalmente" pelo "irrevogável" Portas, bem como as "inconsistências problemáticas" do cúmulo de tudo isto, dos impostos e do aumento da idade de reforma. E depois virão também os despedimentos na função pública e a harmonização das tabelas salariais, eufemismo para corte de salários. Em suma, aquilo que devia ser a reforma pensada do Estado e que é, apenas, a reforma apressada do Orçamento do Estado.»

Pedro Santos Guerreiro, no Negócios de hoje (sem link)
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6.8.13

Utopias e irrealismos



Nuno Ramos de Almeida escreve hoje um excelente texto no jornal «i», do qual extraio estes parágrafos: 

«Depois de mais de 30 anos de "realismo", temos Paulo Portas no governo, tivemos Miguel Relvas no executivo e fomos realisticamente comandados pelos políticos do centrão. Podemos dizer que, em resumo, uma quantidade de gente fez excelentes negócios, mas os portugueses só ficaram a perder: temos o país mais desigual e dos mais atrasados da União Europeia, com os gestores das grandes empresas mais bem pagos da dita cuja. (...)

No outro prato da balança temos a utopia e o irrealismo. Foram gerações de pessoas que eram pouco realistas que combateram durante 48 anos pela liberdade em Portugal. Seria para eles muito mais cómodo calar e comer. Mas assumiram decisões perigosas, foram irrealistas e ajudaram a conquistar a liberdade que hoje temos. No meio da noite da ditadura a liberdade não passava de uma utopia.

Dizem-nos os mercadores do templo em geral e os "realistas" portugueses em particular que tudo isso é metade da questão: a história está cheia de utopias sangrentas. Verdade. Mas foi dessa massa que nasceu tudo aquilo que de transcendentemente humano conquistámos. Sem excessos, paixões e entrega seríamos escravos. Foi de uma história generosa e por vezes sangrenta que se fizeram as revoluções, como a Francesa, que nos permitiram sonhar em liberdade, querer mais igualdade e fraternidade.»

O que Nuno Ramos de Almeida não explicita, mas eu acrescento, é que o «irrealismo» e a a «utopia» de que fala, os tais que fazem avançar a História, coexistem, mas resistem, à aparente força das percentagens, quase norte-coreanas, dos que afirmam preferir o statu quo, com ou sem alguma pequena cosmética. Sempre foi assim. Identificar essas maiorias com «a força do povo» não passa de uma mistificação, até porque elas não têm uma identidade própria e são volúveis por natureza: as mesmas pessoas que aplaudiram Marcelo Caetano no estádio do Sporting poucos dias antes do 25 de Abril deram mais do que sinceros vivas à liberdade no Largo do Carmo. Nunca foram as maiorias que tomaram a dianteira das grandes iniciativas, tal como nunca foram consensos nivelados pelo mal menor que venceram as grandes crises. E não será com eles que sairemos desta. 
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E eu também vou processar Afonso Henriques



... por ter criado este país que está a provar ser um mal-entendido.

Advogado quer anular a condenação de Jesus Cristo.

Os factos são conhecidos, as imagens também



... mas eu nunca mais vivi esta data da mesma maneira desde que passei um dia em Hiroshima. O horror foi há 68 anos, o espaço é hoje bonito e calmíssimo, com jardins e memoriais, mas o Museu do Holocausto lá está para tudo recordar e para mostrar objectos como aquele relógio que marca a hora a que a bomba explodiu ou este (terrível) pequeno triciclo que fotografei.








Hoje é assim:


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5.8.13

E antes do adeus



Imagem de Fátima Rolo Duarte
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Mesmo com perigo de derrocada



«Apesar dos acidente e dos avisos (BPN, BPP, PPP, Swaps), muitos banhistas continuam a instalar-se em zonas perigosas nas intenções de voto. Estão previstas multas pesadas, como a avaliação da Troika e o Orçamento de Estado, mas até hoje a autoridade não aplicou qualquer sanção, nomeadamente o despedimento por justa causa.»

José Adelino Maltez no Facebook
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Como eles se reproduzem bem!



Um bebé com mais de 3 toneladas. 
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As duas faces de Janus



«Janus era, na mitologia romana, o deus das duas faces. Uma olhava para o passado. A outra para o futuro. Quando uma mentia, a outra dizia a verdade. Assim, quando se perguntava algo a Janus, nunca havia uma resposta concreta. Ninguém sabia se estava certo ou errado. (...)

A história dos swaps é um legado de Janus. Ninguém sabe onde começam as verdades e onde terminam as mentiras. Talvez estejam enroladas umas nas outras e não haja inocentes no meio da bagunça. Mas Janus é uma figura querida no espaço político português. E até no Governo, como é visível nesta história, aparentemente real, de que alguém que tentou vender uma espécie venenosa de swaps a José Sócrates, que iludia as contas do défice e da dívida pública, reencarnou como secretário de Estado do Tesouro como se nada se tivesse passado. (...)

Mudando de máscara assim, consoante o interesse do momento, Janus não tem alma. Nem é um servidor do interesse privado, nem do interesse público. Um Janus assim é uma moeda de níquel que se atira ao ar. Que pode sair cara ou coroa. Mas que não tem vontade própria. Nem sabe quem é. Quando, de manhã, se vê ao espelho, Janus tem uma face. Mas não tem moral nem ética.»

Fernando Sobral, no Negócios de hoje (sem link
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4.8.13

Cúpulas e mais cúpulas (18)



Tempo da Sagrada Família, Barcelona (Espanha, 2013)

 (Para ver toda a série, clique na Label: «CÚPULAS».)
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Ainda a propósito de Alcácer-Quibir



... e do que disse sobre o aniversário que hoje se comemora: não pode ser por acaso que o tema está tão presente no repertório musical de alguns dos nossos melhores.







E sim, sei que também há outra.
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Está rota, muito rota


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Sebastiânicos nos têm



Em 4 de Agosto de 1578, Portugal foi derrotado em Alcácer-Quibir quando decidiu aliar-se a um sultão, Mulay Mohammed, e acabou por ser vencido por um outro, Mulei Moluco. Derrota pesada acima de tudo sobretudo porque nela se perdeu um rei sem descendentes, D. Sebastião.

Foi tal o desespero que o povo não quis acreditar na sua morte, ou ficou na expectativa que ressuscitasse, numa atitude heróica e trágica que o marcou para todo o sempre. Hoje, tal como nesses finais do século XVI, quando os céus se abatem sobre o seu destino, continua serenamente à espera que regresse o salvador que o livre de todos males que lhe caem em cima. Talvez numa manhã de sol e não de nevoeiro, talvez...

Sebastiânicos nos criaram, sebastiânicos aqui nos têm – ou não estaríamos tão aquietados. 
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