22.1.14

Apertem os cintos: vem aí o 25 de Abril


@João Abel Manta

Vão multiplicar-se comemorações dos 40 anos da Revolução, existirá um cardápio com escolhas para todos os paladares. O dr. Aníbal já as anunciou, a Associação 25 de Abril estará muito activa, muitos outros se posicionarão.

Mas não só: como a imaginação tem asas e há um historiador virtual em potência na cabeça de muitos portugueses, começam a aparecer textos como este, publicado por um Anónimo na caixa de comentários de um blogue:

«Se Costa Gomes tivesse sido o primeiro PR depois do 25 de Abril, Vasco Gonçalves também teria sido o primeiro PM e o PC teria tomado o poder, face à pouca implantação do PS e à impossibilidade de organização de partidos como o PSD e o CDS, que comunistas e afins teriam proibido. E, com o PC no poder, teríamos outro banho de sangue em que todos os que fossem considerados fascistas, com razão ou sem ela (sabe-se o que são julgamentos em período revolucionário) seriam suprimidos liminarmente. E Franco teria entrado em Portugal com facilidade, pois tínhamos o grosso das tropas nas colónias, com o apoio entusiástico dos EUA e da Europa que, entre outras coisas, nos vendiam armas. Este banho de sangue seria, repito, muito maior.»

Assim mesmo. Nem chegaríamos ao PREC, Portugal aderiria ao Pacto de Varsóvia antes do 1º de Maio (pondo assim fim à Guerra Fria entre os dois blocos) e, logo a seguir, Franco entraria vitorioso por Vilar Formoso ou pelo Caia. Viríamos a ser inseridos na Transição espanhola e prestaríamos vassalagem ao novo rei Juan Carlos.

Até quando? Ora bem, era aqui aí que eu queria chegar: ainda seríamos hoje uma província espanhola e agora (sim!..., sim!...) percebe-se por que motivo Paulo Portas fala tanto de 1640! Ele acredita que tudo isto aconteceu e quer aproveitar a saída da troika para uma cerimónia de defenestração que acabe com o protectorado espanhol.

Delírios? Delirantes andamos nós todos. 
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1 comments:

Victor Nogueira disse...

Bem, não sei se já repararam que os documentos e sites do governo não têm as armas da República nem a expressão "República Portuguesa" mas sim "Governo de Portugal"

O que se insere na lógica do protectorado a que se refere paulo do Pedro, cujo partido em várias revisões constitucionais tem tentado em vão desblindar o caracter republicano do regime.

Isto anda tudo ligado