24.1.14

O discurso da falta de alternativas



De um texto de Gustavo Cardoso no Público de hoje:

«Défice e desigualdade, estas duas palavras encerram em si as causas, as explicações e, possivelmente, as soluções para a crise que vivemos actualmente em Portugal. Necessitamos não de uma “regra de ouro” mas sim de duas: uma para obrigar governos a limitar défices orçamentais e outra para os obrigar a limitar a desigualdade de rendimentos. (...)

A curiosidade do fenómeno da assertividade do “não haver alternativas” advém precisamente de a afirmação não ser produto de uma exaustiva procura e da consequente conclusão de que, efectivamente, "não podemos fazer senão o que estamos a fazer”. (...) A conclusão parece pois evidente: “não há alternativas” porque os que acham “não as haver” se encontram ideologicamente autolimitados em as procurar. (...)

Se tivéssemos de escolher um único, e simples, instrumento de gestão política para começar a equilibrar os nossos orçamentos e, ao mesmo tempo, lidar com o exagero psicológico que foi atribuir à “redução do défice” o papel de objectivo social último, esse deveria ser a inscrição em legislação nacional de um valor máximo de desigualdade que estamos dispostos a aceitar em Portugal e na Europa. (...)

Precisamos de crescimento económico junto com bem-estar e não de crescimento, desigualdade e mal-estar.» (Realces meus.)
.

0 comments: