3.3.14

Manágua (Mana-ahuac = cercada de água)



Já que atravessei um oceano para vir à Guatemala, aproveito para conhecer um pouco alguns dos seus vizinhos e passarei os próximos dias aqui, na Nicarágua. Com o Mar das Caraíbas de um lado e o Pacífico do outro, este é o maior país da América Central mas também um dos mais pobres.

Os vestígios mais antigos de humanos têm 6.000 anos e os primeiros contactos com europeus deram-se em 1502, quando Cristóvão Colombo navegou pela costa caribenha. Mas a verdadeira colonização espanhola, liderada por Francisco Hernández de Córdoba, teve início em 1524 com a fundação de Léon e de Granada. A Nicarágua deixou de estar sob a alçada da Espanha em 1821, fez parte do México durante algum tempo e alcançou a independência total em 1838.

Quanto aos tempos mais recentes, poderia estar aqui horas a resumir o que entretanto reli, e hoje ouvi, sobre a era Somoza e Sandino, a ditadura de mais de 40 anos, que terminou com o arrancar da revolução em 19 de Juho de 1979, o fim desta com as eleições de 25 de Abril de 1990, das quais Violeta Chamorro saiu presidente. Mas os factos são recentes e relativamente conhecidos.

Manágua, onde estou, é uma cidade onde tudo isto está presente a cada esquina (e também Hugo Chávez, Salvador Allende, etc., etc.). Nasceu tarde (1852), e apenas porque as permanentes guerras entre Léon e Granada forçaram a criação de uma outra capital, foi destruída por mais de um terramoto e é agora relativamente desarrumada, longe de ser bonita, mas hoje, Domingo, com multidões, tipicamente barulhentas, junto ao grande lago onde é possível ter alguma sensação de frescura, apesar dos mais de 30º C e nem sei quantos de humidade…

Tento apreender semelhanças e diferenças entre países e povos e continuo a verificar, nas grandes linhas e nos detalhes, que há duas Américas Latinas, a do Sul e a Central, bem distintas, por mil razões mas sobretudo por uma: a permanente tentativa de tutela dos Estados Unidos em relação à segunda, consentida ou combatida ao longo de séculos – e que se vai mantendo, apesar de todas as crises ou em parte por causa delas.





Tanque oferecido por Mussolini a Anastasio Somoza:


Praça da Revolução e Palácio da Cultura:




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