8.4.14

Circo? Temos



«O poder na antiga Roma tinha uma fórmula mágica: pão e circo. Estratégia política, contentava os cidadãos com distribuição de comida, lutas de gladiadores, teatro, desporto e banhos públicos.

Assim os imperadores mantinham a população pacificada. Pão e circo correspondia a cidadãos gordos e felizes. E, nesse tempo, a obesidade não era uma doença pública. Nesta era de austeridade, a política do pão e circo ganhou contornos mais sofisticados. (...)

Faltando pão, o primeiro-ministro atira gás lacrimogéneo para o ar. A questão dos cortes que aí vêem (que continuam a ser um mistério) e a destruição da classe média são deslocalizados pela bondade do primeiro-ministro. Este, finalmente comovido pelo salário mínimo nacional (muito abaixo do grego, por exemplo) deu a boa nova: está disposto a discutir o seu aumento.

Em tempos eleitorais chama-se a isto circo sem pão, coisa habitual no Governo. Enquanto se vai discutir se há 10 ou 15 euros de aumento mensal, folgam os cortes brutais que Passos se prepara para concretizar em 2015.»

Fernando Sobral, no Negócios.
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