1.5.14

Triste espectáculo sindical



Neste país minúsculo, 40 anos não chegaram para as duas centrais sindicais festejarem em conjunto o Dia do Trabalhador, mesmo no estado em que o país está.

Uma coisa é defender-se consensos políticos absurdos entre partidos só «porque sim», outra bem diferente é este espectáculo divisionista dos sindicatos. Depois queixam-se de serem considerados correntes de transmissão de partidos! São mesmo.
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6 comments:

Victor Nogueira disse...

Mas a UGT não foi criada pelo ps(d) na sequência da "Carta Aberta" para "quebrar a espinha à Intersindical"? E ao longo destes anos a UGT não tem feito todos os fretes aos sucessivos Governos ps(d)cds para tirar direitos aos trabalhadores ? São os partidos todos iguais ? Onde é que já ouvi isso e quem beneficia com "os partidos são todos iguais""todos querem só ]a porca da}política", quando "a minha política é o trabalho" ? A UGT faz o seu papel divisionista, e o actual secretário -geral bancário até foi falar antes com o patrão Ricardo Salgado, banqueiro, que declarou aos jornais que tinha orgulho em que o seu bancário fosse ... sindicalista ?

Joana Lopes disse...

A existência de mais de uma central sindical foi uma batalha primeiro perdida por Mário Soares, mais tarde vitoriosa.
Parece-me demasiado redutor o retrato que faz da UGT, já que ela engloba muitos milhares de trabalhadores que não se identificam com o que descreve.
E a celebração conjunta do 1º de Maio seria um patamar mínimo, desejável, de entendimento. unidade de

almada disse...

Mas há alguma "unidade" possivel com "correias de transmissão" dos patrões ???

Victor Nogueira disse...

Joana Lopes. Eu não confundo as direcções dos sindicatos e das centrais com os trabalhadores associados. A UGT foi criada com uma finalidade específica e essa é a de dividir o movimento sindical e dos trabalhadores. É a Joana que fala em "correias de transmissão partidária", como se os partidos defendessem objectiva e subjectivamente os mesmos interesses de classe ou como se os militantes partidários na sua intervenção política ou nos sindicatos tivessem de despir a camisola numa de "consenso". O que divide os trabalhadores e o eleitorado é a sua consciência de classe, a consciência da finalidade última dos respectivos programas e do conteúdo de palavras abstractas como liberdade”, “unidade”, “consenso” “democracia”, “ditadura” …
Os partidos políticos são associações de interesses para a conquista e manutenção do poder político. Aos trabalhadores interessa a unidade na acção. Ao patronato interessa a divisão da consciência dos trabalhadores e do eleitorado. E as palavras e programas políticos nascem da prática e é na prática que demonstram a sua validade e falsidade ou não. Se é "fácil" perceber porque não se "entendem" os partidos, e não se entendem porque defendem interesses antagónicos, incompatíveis com governos de “salvação”, “acalmação” ou “união” nacionais, então porque há quem pretenda mascarar a realidade e por no mesmo pé de igualdade as confederações sindicais, reduzindo a questão a ser ou não correia de transmissão partidária ou à “gravidade” da situação económico-financeira ou à dimensão do país ? Então na Suíça ou em Portugal de pequena dimensão territorial e populacional não deveria haver mais do que uma central sindical com os “seus” sindicatos, mas tal já seria admissível por exemplo, no Brasil ou nos EUA?
Então não é em nome da gravidade da situação que cavaco, barroso, Soares dos Santos Salgado mário soares eanes sampaio reclamam ou “aconselham”, unidos no que é essencial ?.
Então para melhor explicitação, onde se lê “UGT” leia-se “direcções da UGT a todos os níveis”. Não esquecendo que tal como no patronato, também nas classes trabalhadoras há camadas com interesses e objectivos (aparentemente) antagónicos, há camadas com diferentes graus de consciência de classe, que interessa ao núcleo duro da classe dominante manter desunida. Afinal o Socialismo em Liberdade conduziu à Liberdade do Súcialismo e ao Estado “Súcial”. Escrevia Eça que “sob o manto diáfano da fantasia, a nudez forte da verdade”. A verdade de com artifícios e com enganos, se governar contra a maioria, em nome da “democracia” e da “liberdade”. Do socialismo, já eles nem falam.
Durante muito tempo o PS foi a ponta de lança contra a Constituição de 1976 e os direitos e garantias nela consignados. Hoje, o PSD dispensa o PS mas os compromissos deste são de tal ordem que “ordeiramente” espera por 2015.

Joana Lopes disse...

Vítor, comento com uma resposta que dei a posições semelhantes à sua, numa longa discussão sobre este tema, que leu ou poderá ler, no meu mural do Facebook,: « Vamos lá ver se me faço entender: não pretendo escamotear as diferenças entre a UGT e a CGTP, nunca fui a qualquer manifestação ou actividade da 1ª. Isso não me impede de considerar que é lamentável que os trabalhadores portugueses que uma e outra representam (e que não se identificam todos, necessariamente, com os seus dirigentes) não se unam no patamar mínimo que é a comemoração do 1º de Maio. Até porque já o fizeram!
Btw, também não alinho nesse endeusamento da CGTP que bem precisava de um «arejamento» e, sim, de ter uma direcção menos enfeudada ao PCP. Ingénua não sou, se não se importam!»

Victor Nogueira disse...

Sei que as palavras são como as cerejas! Mas sou responsável apenas por aquilo que digo e na exacta medida do que digo. O resto está no olhar de quem me lê e ouve. Que pode ou não ter os mesmos códigos e chaves de leitura ou não. E procuro não enveredar por atalhos esquecendo o que está de essencial em cima da mesa.

Eu não tenho deus(es) nem deusa(s). Estive mesmo para escrever no meu comentário imediatamente anterior que não tenho visões maniqueístas, a tal ponto que até percebo e aceito que o Capital defenda os seus "interesses" e o que considera serem os seus direitos. E que use as suas (deles) armas. E que o Capital tenha a sua própria Ética.

E sei por saber de experiência feito que a luta de classes atravessa também as organizações dos trabalhadores e os sindicalistas. Há óptimas pessoas entre os patrões (m/f) como há péssimas pessoas entre os trabalhadores (m/f). Mas o que está em causa é que interesses reais defendem a UGT e a CGTP. E os seus dirigentes e activistas (m/f). Em cujo seio se reflectem e actuam as contradições de classe. Em que barricadas a sua prática os coloca, para além das “palavras”.

Mas a Joana, cujo blog aprecio, apesar de eventuais e naturais discordâncias, põe em mim atitudes e posições que não expressei. Quanto à revolução, elas fazem-se com os homens e mulheres com as virtudes e defeitos do tempo e lugar em que estão. São diferentes, opostas, as barricadas do Capital e do Trabalho/Humanidade.

No meu comentário quanto a partidos, mencionei apenas o PS(d)CDS. Não falei em qualquer outro partido. Isso, seria outra discussão. Pública no que é para ser público, privada no que é para ser lá dentro.

E, parafraseando Espinoza, quanto aos Homens (Humanidade), “nem o riso, nem as lágrimas, nem a indignação, mas apenas o entendimento”, isto é, a compreensão dialéctica das causas e da praxis.