4.7.14

Carlos Kátia do Carmo Guerreiro



Tivesse Kátia Guerreiro sido galardoada com um berlinde em Alguidares de Baixo ou de Cima e a página da Presidência da República publicaria um louvor e marcaria talvez uma sessão para lhe atribuir uma comenda, nos cinco minutos que se seguissem ao anúncio do prémio.

Mas, três dias depois de se ter sabido que Carlos do Carmo ganhou um Grammy, nada consta nos anais de Belém. Note-se que, há seis anos, quando a mesma pessoa ganhou o Prémio Goya para a Melhor Canção Original, atribuído ao «Fado da Saudade», a Presidência felicitou-o, considerando que o galardão «honrava a música portuguesa».

Mas... entretanto, desde 2011, Carlos do Carmo tem sido crítico em relação à actuação de Cavaco Silva como presidente da República. É isto motivo para este silêncio? Obviamente que não, para alguém não tacanho nem mesquinho!

Duas notas:

1 – Cavaco Silva (ainda!) é presidente de todos os portugueses e Carlos do Carmo, criticando-o, não fez mais do que exercitar o seu direito à liberdade de expressão. O Tribunal Europeu de Direitos do Homem (que já condenou 13 vezes Portugal por violar o exercício desse direito) insiste em afirmar que «a grande questão na liberdade de expressão é que deve permitir a circulação de informações tanto correctas como erradas, tanto inteligentes como estúpidas, tanto bonitas como feias, tanto agradáveis como incómodas». Entendido?

2 – Deu-me um gozo especial ver Cavaco nas cerimónias em honra de Sophia, no Panteão, com Miguel Sousa Tavares na primeira fila. Ele que o tratou de «palhaço» e teve por isso um processo, arquivado pelo Ministério Público precisamente por ser considerado «que essas declarações se enquadram no direito à liberdade de expressão».

Se pelo menos fosse verdade, se Cavaco fosse palhaço, talvez nos divertisse, não? 
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